Maria Bochicchio Mario Cesariny, e a mitografia Pessoana - O mito da criança divina

O objecto desta comunicação será a análise de uma fase mais narrativa da poesia de Mário Cesariny a dos anos 50 do século passado em particular o seu poema “o jovem magico” que na própria efemeridade, contraditória da sua presença, simboliza o trânsito entre o real acelerado e a permanência, representando um dos primeiros aspectos do próprio fenómeno poético: por um lado temos uma revelação surpreendente da sua dialética intrínseca, por outro o poema  abordada a figura do “mito da criança divina”.

Ora por essa via, iremos aproximar esta temática a "mitográfia pessoana"  da criança divina em de Alberto Caeiro e de Álvaro de Campos, uma coincidência  como arquétipo de criação poética o, se preferir, como uma figura de metapoesia, o ainda como uma metapoesia figurada”.  

Maria Bochicchio. Professora, investigadora, ensaísta e tradutora, é doutorada em Literatura Contemporânea Portuguesa e coordenadora da linha de investigação de "Poética e Retórica" do Centro Interuniversitário de Estudos Camonianos (CIEC) da Universidade de Coimbra. Tem vindo a dedicar-se a variadas disciplinas, com destaque para a Literatura Portuguesa, a Filologia e aos Estudos Interartes. Como enquadramento e perspetiva de trabalho, interessa-lhe especificamente a investigação que tem vindo a realizar na área da literatura portuguesa contemporânea, e na da Filologia no tocante à “crítica das variantes e à crítica genética”, com particular relevo para o século XX e para a edição crítica de textos (Fernando Pessoa) No seu Pós-doutoramento trabalhou no espolio inédito de Carlos Queiroz. Nos últimos anos, tem vindo a dedicar-se a área da camonologia, em particular o mito camoniano no devir da história e sua recepção crítica e criativa de intersemioses artística. Entre os trabalhos publicados sublinhamos a publicação da última entrevista a Mário Cesariny, considerada pela crítica o seu testamento literário e as seguintes monografias: Edições Crítica-Genética de A Chaga do Lado de José Régio (Quasi 2007), Fernando Pessoa, o poeta e os seus fantasmas (Ática, 2011); Carlos Queiroz e Bernardo Marques: do poema ao desenho (Ática, 2013); Questões de Metapoesia - Século XIII - XX (Porto Edições Lello 2018). Destaca-se a organização do Catálogo da Exposição: Refracções Camonianas em Artistas do século XXI (Coimbra , Edição CIEC –MNMC -CMC, 2021), Escrever o Corpo, uma leitura da poesia de Eugénio De Andrade (Porto, Exclamação, 2023).