Fernando Paixão Descaminhos do Poema em Prosa no Modernismo de Brasil e Portugal


Criado no século XIX, a partir do afloramento de muitas vozes e modos, o gênero do poema em prosa enfrentou um período de forte recesso quando surgiu a vaga das vanguardas, na primeira e segunda décadas do século seguinte. Como entender isso? Como explicar que a terceira margem da criação tenha sido renegada como valor expressivo. Se atentarmos especificamente para os modernismos de Brasil e Portugal, é curioso observarmos o descompasso na incorporação da forma híbrida pelos autores modernistas. Provavelmente porque a associavam (por preconceito) aos autores passadistas. Comparativamente, o poema em prosa foi mais rejeitado pelos poetas brasileiros, focados  na realidade social e na ruptura estética, enquanto encontrou melhor acolhimento nas letras portuguesas. Tal diferença talvez seja explicada pelo modo distinto como as ideias surrealistas foram absorvidas em cada uma das duas culturas. Tema a ser abordado na exposição oral.

Fernando Paixão. Nasceu em Portugal e vive em São Paulo desde a infância. De início, teve uma longa carreira como editor profissional. Em 2009, ingressou na docência acadêmica no Instituto de Estudos Brasileiros, da Universidade de São Paulo. Foi convidado como visiting scholar na Universidade de Berkeley (2005), Universidade da Califórnia de Los Angeles (2009, 2019) e Universidade Nova de Lisboa (2014). Estreou na poesia em 1980 e lançou diversos livros, com destaque para Poeira (2001, Prêmio APCA) e Porcelana invisível (2015). No campo do ensaio, publicou Narciso em sacrifício (2003), sobre Mário de Sá-Carneiro, e Arte da pequena reflexão (2014), sobre o gênero do poema em prosa. Concebeu também um Manual do estilo desconfiado (2018), com máximas sobre a arte de escrever e seu livro mais recente foi Iracema, uma poética do ritmo (2021).