Dênis Augusto Silva Criação Heteronímica e Vanguarda em Virgílio de Lemos


Quando se pensa em procedimento heteronímico, vem-se logo à mente o conhecido caso de Fernando Pessoa. De fato, em nenhum outro autor a despersonalização alcançou a dimensão que tem na obra pessoana. Mas, entre as literaturas em língua portuguesa, um caso também chama especialmente atenção: o do poeta moçambicano Virgílio de Lemos. Neste trabalho, apresenta-se reflexões sobre a criação heteronímica de Virgílio de Lemos em relação às vanguardas que influenciaram a sua obra – como o movimento Negritude, o Surrealismo, o Barroco latino-americano e o Manifesto Pau-Brasil, de Oswald de Andrade –, e ao “barroco estético”, designação que o poeta cunhou no ensaio “As pulsões do barroco estético”, sobre a tendência de sua geração para uma antropofagia cultural comparável a dos modernistas brasileiros. Com isso, espera-se, por um lado, refletir sobre a poética virgiliana e, por outro, sobre heteronímia (ou processo de despersonalização) enquanto fenômeno literário de vanguarda inserido no contexto das modernidades.


Dênis Silva é Mestre em Estudos Literários pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e licenciado em Letras pela mesma instituição. Atualmente, cursa o Doutoramento em Estudos Portugueses e Românicos, na especialidade de Estudos Africanos, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde investiga a circulação das literaturas africanas em língua portuguesa. É Bolseiro de Doutoramento FCT e investigador colaborador do CLEPUL.