José Miranda Justo Liberdade, Heterogeneidade & Filosofia


A abundante pulsação da heterogeneidade manifesta a respectiva pulsão de vida. A heterogeneidade é ela mesma uma força de destruição, duma parte, e de construção, doutra parte, capaz de criar o radicalmente novo. As heterogeneidades nascem de explosões, haverá mesmo uma vulcanologia das heterogeneidades. E das fragmentações resultantes de cada explosão, decorre sempre ampliação desmesurada da panóplia de possibilidades criativas em cada província da filosofia e na globalidade não determinada do conjunto heteróclito de todas as províncias. O conjunto das províncias – passadas, presentes e futuras – da filosofia, no seu devir e na sua disparidade oscilante, será o campo de erupções explosivas não-unitário, profundamente libertário e libertante, onde surgem as determinações provisórias. A separação das províncias é um mecanismo útil, mas ilusório. 


José Miranda Justo (CFUL, FLUL). Doutoramento  em História da Filosofia da Linguagem, Universidade de Lisboa, 1990. Membro do Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa (CFUL). No CFUL, é membro do grupo PRAXIS. Dirigiu no CFUL três projectos trienais internacionais financiados pela FCT. Tem inúmeras publicações em diversas áreas dos Estudos Alemães e da Filosofia, em particular em Estética e Filosofia de Arte. É também artista plástico e colabora na concepção de performances. Actualmente, a sua investigação centra-se no problema filosófico da heterogeneidade.