Inês Cardoso E quando não há manifesto? Poeprática(s) e poelítica(s) da PO.EX


Sob um prisma cronológico, o início das atividades desenvolvidas no âmbito da PO.EX pode ser fixado na publicação do primeiro número da revista Poesia Experimental, coorganizado por António Aragão e Herberto Helder, em 1964. No texto introdutório que acompanhava os vários cadernos, H. Helder rejeitava já o vínculo do volume (e dos seus respetivos organizadores) a uma noção fechada e unívoca de experimentalismo, afirmando que “[u]ma concepção unilateral de aventura anularia o princípio básico de busca individual e livre, já que a liberdade é, tanto em sentido estético como moral, o primeiro dos signos – o da eficácia” (1964: 6). Tomando esta afirmação como ponto de partida – e utilizando as noções de poeprática e poelítica enquanto conceitos operativos –, esta comunicação visa problematizar uma questão que nela se prenunciava de modo significativo: por que motivo nunca foi possível formular um manifesto experimental?



Inês Cardoso. Doutoranda em Estudos Literários, Culturais e Interartísticos, na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Concluiu, na mesma instituição, o mestrado em Estudos Literários, Culturais e Interartes, apresentando uma dissertação intitulada O futuro já mostra que ontem foi há muito tempo: A resistência à globalização em Alberto Pimenta (2016). Atualmente, encontra-se a concluir uma tese de doutoramento dedicada às articulações entre resistência e inconsumibilidade nas poepráticas de Salette Tavares e António Aragão, projeto pelo qual lhe foi atribuída uma bolsa de doutoramento da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT). É investigadora do Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa (ILCML) e membro da equipa editorial da Revista Interartes SKHEMA [www.skhemagazine.com]. O seu mais recente livro coorganizado intitula-se Performances Poéticas | Poéticas Performativas (com Bruno Ministro e Lúcia Evangelista, Porto: ILC – Livros Digitais, 2024).