Frederico van Erven Cabala Oswald de Andrade e a sátira ao poder em Panorama do fascismo


Durante os anos de 1930, Oswald de Andrade empreendeu uma autodeclarada guinada em sua produção literária. A virada estética coincide com sua inserção no Partido Comunista do Brasil (à época PCB). Durante todo esse decênio, Oswald dedicou grande parte de suas investidas intelectuais à criação de um teatro politicamente engajado. Além de suas peças mais extensas – O homem e o cavalo, O rei da vela e A morta –, o escritor legou um pequeno esquete, de título Panorama do fascismo, publicado em jornal no ano de 1937. Esta comunicação pretende trazer foco justamente para essa última e curta peça do autor, compreendendo-a como uma criação que condensa importantes traços estilísticos do Oswald de Andrade autor de teatro: a capacidade de sátira ao poder autoritário, a presença do humor e a experimentação formal. Sendo assim, essa apresentação percorrerá alguns trechos de Panorama do fascismo, a fim de produzir reflexões sobre os contextos de ascensão de regimes políticos violentos da década de 1930 e sua repercussão em produções culturais. Ainda como ponto importante, espera-se apontar como o desenvolvimento dessa dramaturgia peculiar buscava, por meio da incorporação de elementos cinematográficos, expandir-se esteticamente e intensificar-se enquanto ferramenta crítica.


Frederico van Erven Cabala. Doutor em Literatura Comparada pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Possui mestrado em Literatura Brasileira e Teoria da Literatura também pela UFF. É autor dos livros As voltas de O rei da vela no teatro brasileiro moderno (Editora Alameda, 2024) e Arquitetos da decadência: Lúcio Cardoso e Nelson Rodrigues (Editora Pangeia, 2024) e possui ainda capítulos e artigos em periódicos dedicados sobretudo às relações entre teatro brasileiro, modernismos e historiografia. Desde 2023, atua como Professor Substituto de Literatura Brasileira na Universidade Federal Fluminense.