Ana Paula Tavares |  Modernismos, construções novas e tensões herdadas. Os anos 80 do século XX em Angola 


Em Angola desde o início da década de 40 do século passado cresce o sentimento de pertença  à terra angolana e à necessidade de defesa das suas expressões culturais. Em 1948 toma forma o movimento " Vamos descobrir Angola" levado a cabo por jovens que a si próprios se designam como "Novos intelectuais de Angola". Os anos cinquenta do século vinte fortalecem esse movimento e novas propostas surgem nos suplementos culturais dos jornais e em Revistas como Mensagem e Cultura. Em tempos de censura severa sobretudo a partir de 1961 a literatura mobiliza e ocupa espaços importantes  nos jornais, boletins e revistas para afirmação do novo. Livros proibidos, escritores na prisão, encerramento de instituições  nada impede que novas correntes e vozes singulares se imponham criando o que Homi Bhaba designou por " signo da Modernidade diferente e específico das condições históricas do país".

Propomo-nos abordar os trabalhos da geração 80 do século XX e a importância de movimentos como Ohandanji e Jornais como Archote para pensar o modernismo  e a liberdade que as jovens gerações pensaram e reclamaram para si depois da Independência de Angola em 1975.


Ana Paula Tavares. Nasceu no Lubango, Huíla (Angola). Obteve o seu bacharelado em História pela Faculdade de Letras da Universidade de Luanda em 1973. Formou-se em História pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa em 1982, com um Mestrado em Literatura Africana pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa em 1996. Doutorada em Antropologia (Etnografia) pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, com uma tese intitulada História, Memória e Identidade: Estudo sobre as sociedades e Lunda e Cokwe de Angola. É coordenadora do Grupo de Investigação 2 do Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (Culturas e Literaturas e Culturas Africanas de Língua Portuguesa). É autora de várias publicações científicas e de obras literárias, nomeadamente poesia, crónicas e romance, de que se destacam os mais recentes Verbetes para um Dicionário Afectivo (2016, com Ondjaki, Manuel Jorge Marmelo e Paulinho Assunção), O Sangue da Buganvília (2023) e Poesia Reunida seguido de Água Selvagem (2023).