Ana Cristina Joaquim Resíduos e hesitações em António Franco Alexandre: uma leitura de Os Objectos Principais


Em 1976, António Franco Alexandre, Helder Moura Pereira, Joaquim Manuel Magalhães e João Miguel Fernandes Jorge publicam um “livro objeto” que, com o propósito de provocar uma ruptura com hegemonias e homogeneidades comportamentais ainda assentes no pré-25 de abril, acaba sendo nomeado, por Fiama Hasse Pais Brandão, de uma “metáfora-não-livro”: trata-se do Cartucho. Esse gesto coletivo se apresenta como uma maneira de requisitar um discurso poético capaz de dialogar, simultaneamente, com a complexidade do momento histórico pós-Revolução dos Cravos e com o contexto poético de então. A produção poética imediatamente subsequente de AFA, notadamente Os Objectos Principais (livro de 1979 ao qual darei maior atenção neste ensaio), irá refletir uma série de preocupações assumidas por esta geração ainda marcada pela ditadura do Estado Novo.


Ana Cristina Joaquim. Atualmente desenvolve seu segundo projeto de pós-doutorado no Departamento de Teoria Literária da UNICAMP (2023-atual). É formada em Letras e Filosofia (USP, 2008; USJT, 2007). Mestre em História da Filosofia pela UNICAMP (2011) e Doutora em Literatura Portuguesa pela USP (2016). Desenvolveu projeto de Pós-Doutorado no Departamento de Teoria Literária da UNICAMP (2018-2021), com estágio na Universidade do Porto (2019). Foi Professora Adjunta do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da Universidade Federal Fluminense entre novembro de 2021 e julho de 2022. Publicou, como poeta, As Três Portas de Chantal Akerman (Revista Rosa, 2022: https://revistarosa.com/5/as-tres-portas-de-chantal-akerman ); Whatsapp p/ bitches (Lisboa: Poesia Incompleta e Douda Correria, 2021); Gama Cromática (à maneira de Peter Greenaway) (São Paulo: Córrego, 2015); em parceria com António Vicente Seraphim Pietroforte, Polifemo (São Paulo: Córrego, 2014); além de poemas esparsos em revistas nacionais e internacionais. Contato: wiquen@gmail.com.