Muito além do Museu:
do acervo físico ao universo digital
Muito além do Museu:
do acervo físico ao universo digital
A música é um bem da cultura imaterial de um povo que permite ser registrado através da partitura. Porém a relação entre os sons e a cultura é bem maior, pois permeia certo universo que envolve sentidos e significado a uma comunidade.
Divulgar o acervo é um dos elementos importantes ao Museu da Música - Itu, sejam as partituras digitalizadas ou gravações que revelam o envolvimento de uma comunidade com a construção e manutenção de seu patrimônio.
O diálogo entre patrimônio e tecnologia permite ampliar a visibilidade sobre a cultura.
Museu da Música - Itu
Espaço de guarda do acervo musical e ponto de partida para a conexão acervo /evento
Construção de 1890
Tombada pelo CONDEPHAAT
A divulgação do acervo aliada à cultura popular
Divulgar um acervo musical, de fato, é fazê-lo reviver, extraí-lo do papel, arrancá-lo do arquivo para ganhar o mundo. A experiência de tocar e cantar ao vivo perpassa pelo universo digital em diversas formas. Vejamos como a música de Itu pode se aliar à festa popular do Divino Espírito Santo.
Folia do Divino Espírito Santo em Itu
Aquarela, c. 1840
Miguel Dutra
Acervo Museu Republicano Convenção de Itu / USP
As tradições da festa do Divino Espírito Santo
A religião popular está inserida no universo da cultura ituana e a Folia do Divino Espírito Santo é uma dessas manifestações. Além do caráter de fé, ela é uma importante celebração ligada à identidade local. A organização popular e coletiva da Folia, no tempo do Pentecostes, permanece viva e é passada de geração a geração em Itu.
Folia do Divino Espírito Santo em Itu
Aquarela, c. 1840
Miguel Dutra
Acervo Museu Republicano Convenção de Itu / USP
Folia do Divino em Itu, 2017
Visita da Bandeira à família Gandra
Folia do Divino Espírito Santo em Itu
1ª Jaculatória ao Divino Espírito Santo - Elias Alvares Lobo
Realização
Núcleo Cultural da Folia do Divino Espírito Santo de Itu
Museu da Música – Itu / Instituto Cultural de Itu
Gravação Coral Vozes de Itu, 2021
A festa do Divino na Igreja Matriz de Itu
Igreja Matriz N. Sra. Candelária
Postal colorido, déc. 1940
Acervo – Engº Jair de Oliveira
Altar do Divino no Império
Casa Xavier de Oliveira, 2.001
Coleção Engº Jair de Oliveira
A festa na igreja matriz de Nossa Senhora Candelária de Itu
A celebração de Pentecostes é oficial da Igreja Católica e comemora a presença do Espírito Santo junto aos apóstolos. A representação do Espírito Santo se faz com a imagem de uma pomba branca. Desde o século XVIII, a cada tempo, ganha criativas atividades.
No século XIX
Realizava-se um pomposo setenário com rezas na igreja matriz. Um cortejo de crianças levava os dons do Divino do império à igreja. O império era montado na casa do festeiro.
Fazia-se referência à Corte da rainha Isabel;
Meninos vestiam trajes de príncipes e pajens;
Cantavam-se as jaculatórias na igreja.
As três jaculatórias do Setenário do Divino Espírito Santo
A música para elas foi composta por Elias Álvares Lobo em 1898. São invocações em forma de solo e coro (pergunta e resposta), escrita para coro e orquestra.
Jaculatória é oração curta e rápida que sobe até Deus como um jato.
A invocação da primeira Jaculatória
Vinde Divino Espírito,
vinde dom da ciência
dispor-me para que seja
digno da vossa assistência.
Divino Espírito Santo
santo de barro, déc. 1990
santeira Iraídes Pires de Arruda
Coleção - Chácara do Rosário
Jaculatória ao Divino Espírito Santo Partitura original de
Elias Álvares Lobo
Acervo – Museu da Música - Itu
Transcrever para reviver
Transcrever uma partitura é:
digitalizar os originais
copiar as informações
atualizar a linguagem
corrigir erros da cópia original
permitir nova interpretação
ensaiar e cantar
fazer chegar ao público
dar nova vida ao patrimônio.
As três jaculatórias foram transcritas em 2014 pelo pianista Giancarlo Staffetti sob orientação do Museu da Música com recursos e apoio do Instituto Cultural de Itu.
Elias Álvares Lobo
Foto c.1860
Acervo - Academia Brasileira de Música
O compositor das Jaculatórias
Elias Álvares Lobo (1834–1901) nasceu em Itu e morreu em São Paulo. Foi compositor de música profana e música sacra. Viveu e atuou em Itu até 1877. Deixou enorme acervo de partituras preservado no Museu da Música. O maior divulgador dessas obras é o Coral Vozes de Itu.
A festa popular do Divino em Itu
Folia do Divino em 2015 com a presença da Irmandade do Divino do distrito de Laras (Laranjal Paulista)
A festa popular do Divino Espírito Santo em Itu
A festa popular se faz com reza e cantoria na zona rural e na cidade.
O elemento principal da festa do povo é a Bandeira do Divino.
Ela é conduzida pelo alferes que leva a bênção do Espírito Santo.
O pouso é a visita da Bandeira às casas de famílias.
A Folia é o grupo de violeiros e cantores que a acompanha.
Bandeira do Divino na Casa Imperial, recebida por sua proprietária, Dra. Maria Lucia Casselli,
É possível unir a música sacra à cantoria popular?
A festa popular se faz com reza e cantoria na zona rural e na cidade.
O elemento principal da festa do povo é a Bandeira do Divino.
Ela é conduzida pelo alferes que leva a bênção do Espírito Santo.
O pouso é a visita da Bandeira às casas de famílias.
A Folia é o grupo de violeiros e cantores que a acompanha.
Cortejo Solene da Bandeira do Divino de Itu
Promovido pelo Instituto Cultural através do Núcleo desde 2014;
circula pelas ruas centrais da cidade com cantoria e reza, quando o Alferes conduz a Bandeira acompanhado da Folia e benze as casas.
O Coral Vozes de Itu participa canta as Jaculatórias do Divino.
Museus, arquivos e territórios culturais
Mostra "A Moda de Viola", 2013 a 2016
Museu da Música - Itu
Universo digital, memória e patrimônio
Todo conteúdo nascido digitalmente ou tornado digital em momento posterior, engloba o conceito de Patrimônio Digital. Fotografias, vídeos, obras de artes, partituras são importantes fontes históricas que, no âmbito do universo digital, colaboram para a preservação e divulgação do acervo de um museu, bem como a memória relacionada ao tema, desenvolvida em mostras da instituição.
Coral Vozes de Itu
Cortejo do Divino Espírito Santo 2017
Rua Paula Souza | Itu
Coral Vozes de Itu
Concerto na igreja do Bom Jesus
Itu, 2018
A música é um patrimônio imaterial. O repertório ali contido, se só escrito ou transcrito para a linguagem atual, ainda está em estado imanente, um “quase patrimônio”, aguardando ser ligado aos sentidos. À medida que é cantado e ouvido, torna-se realidade e volta à vida. Portanto, a segunda parte da recuperação de uma obra musical, nem sempre presente na musicologia, é de ensaios e concertos para, finalmente, fazê-la viver.
Viola caipira
Itu, 2018
Foto de Renata Guarnieri
Quando uma ideia musical é transcrita na partitura, acaba ganhando um território físico. A partitura é um documento que traz informações escritas, um código acessível a quem o estuda. Através de notas e pausas o compositor registra sua ideia musical e o intérprete consegue entendê-las.
Ao executar essa obra há uma desterritorialização, ou seja, a ideia deixa o papel e ganha vida novamente, que depende do intérprete, afinal o resultado da leitura é uma nova criação, uma recriação.
Do acervo do museu ao universo digital há um longo caminho, até que a música chegue aos ouvidos da comunidade e se torne um patrimônio de fato.
Portanto, a garantia de preservação do acervo se dá pela sua conservação física mas também quando dele (ou parte dele) se desprende da materialidade do papel e até do prédio do museu e se desterritorializa pela digitalização ou interpretação. Daí toma proporções infinitas de alcance.
As crianças do século XXI, desde pequenas, convivem com os universos real e digital como territórios culturais em diálogo.
Ao ser digitalizada a partitura ganha várias possibilidades:
pode ser apreciada como um “documento histórico”;
permite observar a caligrafia ou a linguagem musical;
serve para ser transcrita e executada;
adapta-se a sua linguagem à cultura atual.
Em todas as situações há desterritorialização da informação contida no documento para novas situações e usos.
Ação Educativa no Museu da Música
Visita de escola pública de Itu
2016
Profa. Cláudia Capelli
Prof. Joabe Barbosa
O bom uso do universo digital
A internet pode servir muito à memória e à educação, transformando pessoas através do conhecimento e levando-as a tomar novas atitudes, como respeitar e participar da cultura popular.
O Museu da Música atua, desde 2007, na divulgação do patrimônio cultural paulista, trazendo crianças às exposições e permitindo acesso à música de Itu. O desenvolvimento de tecnologias aplicadas à difusão do repertório musical e da memória, como o QR code, permite conhecer gravações nas exposições do museu ou através do site.
mantenedora
Instituto Cultural de Itu
presidente – Maria Edith Rocha Baldy
vice- presidente – Engº Jair de Oliveira
secretária – Allie Marie Dias de Queiroz
tesoureira – Fernanda L. G. de Francisco
pesquisa e texto
Luís Roberto de Francisco
Marco Rafael Leite Ribeiro
Natan Coleta da Silva
imagens
Fernanda de Francisco
Renata Guarnieri
layout e montagem
Willian Roberto Mattei
conselho cultural
Abigail Colnaghi Sampaio
Allie Marie Dias de Queiroz
Luís Roberto de Francisco
Marco Rafael Leite Ribeiro
Maria Edith Rocha Baldy
Maria Eliza D. C. Chierighini
Maria Lúcia A. M. D. Caselli
Natan Coleta da Silva
Paulo Roberto Zeppini
Willian Roberto Mattei