DO CÉU À TERRA.

De Sonia Alea Cordella.

Transcorria o ano zero.

Aquela noite fazia frio em Belem. Os flocos de neve se pousaram suave e silenciosamente ao redor da gruta, iluminando com o claro de lua o humilde leito do pequeno Nazareno. Sua mãe Maria o tinha apertado para Si, envolto em tecidos brancos. Seu olhar de Amor contemplava a sua criatura que veio ao mundo para libertar almas e sua mão delicada acariciava brandamente sua cabeça. Possivelmente seu coração intuiu que um dia uma espada envenenada o transpassaria.

E assim foi.

Joshua era seu nome.

Cresceu entre o amor de seus pais e a disciplina dos esenios mas foi Ele quem encarnou a Lei. Seu passo enquanto caminhava seguro entre a gente embriagava os sentidos do espírito chamado a reconhecer o perfume do Eterno.

E seu passo marcou o tempo da primavera da vida, o verão da predicação, o outono da colheita e o inverno da paixão.

Passaram 2000 anos desde aquele momento e Ela, Maria, está ali.

Sustenta com força em seus braços a seu Jesus nascido e renascido uma vez mais. Ela o embala no seio de seu peito, sustentando-o perto dela, sem vida, assassinado quando ainda estava em fraldas ou enquanto brincava na pureza de sua infância.

Vejo a Maria, reconheço-a.

Vejo-a chorar nos olhos das Mães da Palestina, do Yemen, do Afeganistão, de Ucrânia, do Congo, da Birmania, de todo o mundo. Vejo-a todos os dias ao pé da cruz enquanto o relógio de areia marca o tempo do julgamento.

Amado Jesus, veio para nos indicar o caminho e nos mostrar que somente o Amor pode nos conduzir para a alegria do espírito e a verdadeira vida. Lançou Seu Divino olhar sobre nós, pobres indignos e ingratos mortais e encontrou o egoísmo e a maldade.

Sim, também encontrastes o amor, mas somente nos últimos, nos homens de boa vontade, nos justos. Poucos comparados com a humanidade e são os que lhe pertencem.

Neste Santa Natal, Meu Jesus, peço-te que esculpa a fogo em nosso peito o sofrimento dos inocentes, para que possamos reconhecer nestas filhas, as nossas, nestes filhos os nossos filhos. E que possamos sentir estas mães como nossas mães e a esses pais como nossos pais, nossas irmãs e nossos irmãos.

E que este sofrimento possa rasgar nossa carne, ocupar nossa mente e acender nosso espírito com ira e sede de justiça que possam converter-se em ação, na incessante carreira contra o tempo até o ponto de dar tudo de nós próprios pela Causa que abraçamos! Pela redenção dos sem nome! Sem resporo. Com a paixão ardendo em nosso peito, que felpa nosso miserável egoísmo, nosso ciúmes doentios, nosso orgulho devastador, nossa apatia inconcebível, nossos prejuízos esquálidos, nossas críticas malvadas, nossa indiferença culpado, nosso julgamento arrogante. Só assim poderemos redimir o sangue derramado pelos mártires que deram sua vida por nós, pela liberdade e a paz.

Somos tão pequenos Jesus e muitas vezes, quando perdemos a humildade, esquecemos o Caminho que nos confiaste. Vós que é o Caminho, a Verdade e a Vida, pegue pela mão e conduza esta miserável vida nossa para a beleza da eternidade que Lhe pertence onde cada ser vivente vive em simbiose com o outro na maravilhosa dança sagrada da vida.

Renascidos em Vós.

Feliz Santo Natal a todos com amor.

Sonia Alea.

Em 23 de Dezembro de 2023.

Foto de capa: © Loay Ayyoub/eye.on.palestine 

Anexos:

Em 25.12.23 - O Natal do filho e do Pai. O pacto e a lei

Em 13.11.23 - Gaza destruída. O mundo se revolta

Em 18.01.11 - A Segunda Vinda de Cristo

Outros escritos de Sônia Alea: (Em espanhol)

https://www.thebongiovannifamily.com/cronica-arcas-2.html

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