DO CÉU À TERRA.
DO CÉU À TERRA.
CARTA ABERTA.
ESCREVI EM 20 DE MARÇO 2010:
O BOI QUE DIZ CORNUDO AO ASNO.
SERIA DESEJÁVEL QUE O PASTOR DA DIOCESE DE PORDENONE (ITÁLIA) DESSE A ORDEM A SEUS SACERDOTES DE DEIXAR EM PAZ AS ASSOCIAÇÕES DE VERDADEIRA INSPIRAÇÃO CRISTÃ (COMO IL SICOMORO), AS QUAIS OPERAM A FAVOR DA VIDA COM SOLIDARIEDADE E ALTRUÍSMO.
SERIA OPORTUNO EFETIVAMENTE QUE A IGREJA LOCAL DE PORDENONE INICIASSE, IMITANDO AO PROPRIO SANTO PADRE (VER CARTA ANEXA), UM VERDADEIRO PROCESSO DE MINHA CULPA E DE SEVERA AUTOCRÍTICA CONTRA OS GRAVISSIMOS PECADOS MORTAIS COMETIDOS POR SACERDOTES PEDÓFILOS CONTRA MENINOS E ADOLESCENTES. SABEMOS DE FONTES CONFIÁVEIS QUE SACERDOTES PEDÓFILOS DA ZONA DE PORDENONE E DA REGIÃO DO TRIVENETO EM GERAL VIOLARAM E VIOLENTARAM MUITAS CRIANÇAS. DELITOS COMETIDOS NOS ÚLTIMOS 50 ANOS. PESSOALMENTE TENHO UM TESTEMUNHO DE UM QUERIDO AMIGO, AGORA JÁ FALECIDO, O QUAL ME CONTOU O INFERNO QUE VIVEU EM SUA PRÓPRIA PARÓQUIA LOCALIZADA NA REGIÃO DE VENETO COM O SACERDOTE OGRO QUE O VIOLAVA. VOS RECORDO QUE É DIFÍCIL OBTER O PERDÃO DE CRISTO POR ESTE PECADO, SOBRETUDO PARA OS CONSAGRADOS QUE TRAÍRAM.
“E A QUALQUER UM QUE FAÇA TROPEÇAR A UM DESTES PEQUENOS QUE ACREDITAM EM MIM, MELHOR SERIA QUE LHE ATASSE AO PESCOÇO UMA GRANDE PEDRA DE MOINHO E QUE LHE AFUNDASSE NO MAR PROFUNDO”. (Mateus 18-6).
PARA TERMINAR DESEJO EXPRESSAR NÃO UM CONSELHO, MAS SIM UMA VERDADEIRA INTIMAÇÃO AOS PRELADOS MORALISTAS E FANÁTICOS DA REGIÃO DE PORDENONE QUE ESCUTAM AS DELIRANTES E CALUNIOSAS DECLARAÇÕES DE MULHERES SEPARADAS.
QUERIDOS PRELADOS, NOS DEIXEM TRABALHAR EM PAZ NA SOCIEDADE CIVIL COM NOSSAS MODESTAS OBRAS DE SOLIDARIEDADE E DE EDUCAÇÃO À LEGALIDADE CONTRA AS MÁFIAS. DEIXEM EXPRESSAR NOSSA CRISTANDADE E NOSSO AMOR PELO CRISTO FILHO DE DEUS ASSIM COMO NÓS O REALIZAMOS. TEMOS MUITOS AMIGOS PRELADOS DE OUTRAS DIOCESES MENOS MORALISTAS QUE A SUA, E APOIAMOS MISSIONÁRIOS NO TERCEIRO MUNDO.
SUPLICAMOS AO BISPO DE PORDENONE E A OUTROS DE TRIVENETO QUE ENTREM EM AÇÃO PARA HARMONIZAR A SITUAÇÃO, DO CONTRÁRIO LHES DESENCADEAMOS UMA GUERRA QUE NEM SEQUER PODEM IMAGINAR. QUER DIZER CAMPANHAS DE IMPRENSA E MANIFESTAÇÕES DE PRAÇA, NA REDE SOCIAL E TUDO O QUE POSSA SENSIBILIZAR AOS FIÉIS A PEDIR JUSTIÇA E REFORMAS SEVERAS NA IGREJA LOCAL.
COM A PAZ NO CORAÇÃO ESCREVI.
Giorgio Bongiovanni
Diretor da Antimáfia.
Anexo carta do Papa aos católicos da Irlanda:
TEXTO DA CARTA DO SANTO PADRE BENTO XVI AOS CATÓLICOS IRLANDESES.
Cidade do Vaticano, (F).- Texto da carta da Papa Bento XVI aos católicos irlandeses com motivo dos casos de sacerdotes pederastas, publicado hoje pelo Vaticano.
1. Queridos irmãos e irmãs da Igreja na Irlanda, escrevo-lhes com grande preocupação como Pastor da Igreja universal. Igualmente a vós estou profundamente consternado pelas notícias concernentes ao abuso de meninos e jovens indefesos por parte de membros da Igreja na Irlanda, especialmente sacerdotes e religiosos. Compartilho o desgosto e o sentimento de traição que muitos de vós experimentastes ao inteirar-se desses atos pecaminosos e criminais e do modo em que foram confrontados pelas autoridades da Igreja na Irlanda.
Como sabem, convidei recentemente aos bispos da Irlanda a uma reunião em Roma para que informassem sobre como abordaram essas questões no passado e indicassem os passos que tinham dado para fazer frente a uma situação tão grave. junto com alguns altos prelados da Cúria Romana escutei o que tinham que dizer, tão individualmente como em grupo, seja sobre a análise dos enganos cometidos e as lições aprendidas, que sobre a descrição dos programas e procedimentos atualmente em curso. Nossas discussões foram francas e construtivas. Estou seguro de que, como resultado, os bispos estão agora em uma posição mais forte para continuar a tarefa de reparar as injustiças do passado e de abordar questões mais amplas relacionadas com o abuso dos meninos de maneira e de acordo com as exigências da justiça e os ensinos do Evangelho.
2. Da minha parte, tendo em conta a gravidade destes delitos e a resposta frequentemente inadequada que receberam por parte das autoridades eclesiásticas de seu país, decidi escrever esta carta pastoral para lhes expressar minha proximidade, e lhes oferecer um caminho de cura, renovação e reparação.
É verdade, como observaram muitas pessoas em seu país, que o problema de abuso de menores não é específico da Irlanda ou da Igreja. Entretanto, a tarefa que têm agora por diante é a de fazer frente ao problema dos abusos ocorridos dentro da comunidade católica da Irlanda e de fazê-lo com coragem e determinação. Que ninguém imagine que esta dolorosa situação resolva logo. Deram-se passos positivos, mas ainda fica muito por fazer. Necessitamos perseverança e oração, com grande fé na força salvadora da graça de Deus.
Ao mesmo tempo, devo também expressar minha convicção de que para recuperar-se desta dolorosa ferida, a Igreja na Irlanda deve reconhecer em primeiro lugar diante de Deus e diante de outros os graves pecados cometidos contra meninos indefesos. Esse reconhecimento, junto com um sincero pesar pelo dano causado às vítimas e suas famílias, deve desembocar em um esforço conjunto para garantir que no futuro os meninos estejam protegidos de semelhantes delitos.
Enquanto lhes enfrentam às provocações deste momento, peço-lhes que recordem a "rocha da qual foram esculpidos" (Isaías 51, 1). Reflitam sobre a generosa e frequentemente heroica contribuição oferecida à Igreja e à humanidade por gerações de homens e mulheres irlandeses, e façam que dessa reflexão brote o impulso para um honesto exame de consciência pessoal e para um sólido programa de renovação da Igreja e o indivíduo. Reza para que, assistida pela intercessão de seus numerosos Santos e purificada pela penitência a Igreja na Irlanda supere esta crise e volte a ser uma vez mais testemunho convincente da verdade e a bondade de Deus Todo poderoso, que se manifesta em seu Filho Jesus Cristo.
3. Ao longo da história, os católicos irlandeses demonstraram ser, tanto em sua pátria como fora dela, uma força motriz do bem. Monges celtas como São Columba difundiram o evangelho na Europa ocidental e sentaram as bases da cultura monástica medieval. Os ideais de santidade, caridade e sabedoria transcendente, nascidos da fé cristã, ficaram plasmados na construção das Iglesias e monastérios e na criação de escolas, bibliotecas e hospitais, que contribuíram a consolidar a identidade espiritual da Europa. Aqueles missionários irlandeses deviam sua força e sua inspiração à firmeza de sua fé, a forte liderança e à retidão moral da Igreja em sua terra natal.
A partir do século XVI, os católicos na Irlanda atravessaram por um longo período de perseguição, durante o qual lutaram para manter viva a chama da fé em circunstâncias difíceis e perigosas. São Oliver Plunkett, mártir e arcebispo do Armagh, é o exemplo mais famoso de uma multidão de valorosos filhos e filhas da Irlanda dispostos a dar sua vida pela fidelidade ao Evangelho. Depois da Emancipação Católica, a Igreja foi livre de novo para voltar a crescer. As famílias e um sem-fim de pessoas que tinham conservado a fé no momento da prova se converteram na faísca de um grande renascimento do catolicismo irlandês no século XIX. A igreja escolarizava, especialmente aos pobres, o que criou uma importante contribuição à sociedade irlandesa. Entre os frutos das novas escolas católicas se conta o aumento das vocações: gerações de sacerdotes missionários, irmãs e irmãos, deixaram sua pátria para servir em todos os continentes, sobre tudo no mundo de fala inglesa. Eram excepcionais, não só pela vastidão de seu número, mas também pela força da fé e a solidez de seu compromisso pastoral. Muitas dioceses, especialmente na África, América e Austrália, beneficiaram-se da presença de clérigos e religiosos irlandeses, que pregaram o Evangelho e fundaram paróquias, escolas e universidades, clínicas e hospitais, abertas tanto aos católicos, como ao resto da sociedade, emprestando uma atenção particular às necessidades dos pobres.
Em quase todas as famílias irlandesas, houve sempre alguém - um filho ou uma filha, uma tia ou um tio - que deram suas vidas à Igreja. Com razão, as famílias irlandesas têm um grande respeito e afeto por seus seres queridos que dedicaram a vida a Cristo, compartilhando o dom da fé com outros e traduzindo-a em ações servindo com amor a Deus e ao próximo.
4. Nas últimas décadas, entretanto, a Igreja em seu país teve que enfrentar-se a novas e graves provocações para a fé devido à rápida transformação e secularização da sociedade irlandesa. A mudança social foi muito veloz e frequentemente repercutiu adversamente na tradicional adesão das pessoas aos ensinos e valores católicos. Do mesmo modo, as práticas sacramentais e devocionais que mantêm a fé e as fazem crescer, como a confissão frequente, a oração diária e os retiros anuais, se deixaram com frequência, de lado.
Também foi significativa neste período a tendência, inclusive por parte dos sacerdotes e religiosos, em adotar formas de pensamento e de julgamento da realidade secular sem referência suficiente ao Evangelho. O programa de renovação proposto pelo Concílio Vaticano II foi às vezes mal entendido e, além disso, à luz das profundas mudanças sociais que estavam tendo lugar, não era nada fácil discernir a melhor maneira de realizá-lo. Em particular, houve uma tendência, motivada por boas intenções, mas equivocada, de evitar os enfoques penais das situações canonicamente irregulares. Neste contexto geral devemos tratar de entender o inquietante problema de abuso sexual de meninos, que contribuiu não pouco à debilitação da fé e a perda de respeito pela Igreja e seus ensinos.
Só examinando cuidadosamente os numerosos elementos que deram lugar à crise atual é possível efetuar um diagnóstico claro das causas e encontrar as soluções eficazes. Certamente, entre os fatores que contribuíram a ela, podemos enumerar: os procedimentos inadequados para determinar a idoneidade dos candidatos ao sacerdócio e à vida religiosa, a insuficiente formação humana, moral, intelectual e espiritual nos seminários e noviciados, a tendência da sociedade a favorecer ao clero e outras figuras de autoridade e uma preocupação desconjurada pelo bom nome da Igreja e por evitar escândalos cujo resultado foi a falta de aplicação das penas canônicas em vigor e da proteção da dignidade de cada pessoa. É necessária uma ação urgente para rebater estes fatores, que tiveram consequências tão trágicas para a vida das vítimas e suas famílias e obscureceram tanto a luz do Evangelho, como não o tinham feito em séculos de perseguição.
5. Em várias ocasiões, desde minha eleição à Sede de Pedro, encontrei-me com vítimas de abusos sexuais e estou disposto a seguir fazendo-o no futuro. Falei com eles, escutei suas histórias, constatei seus sofrimentos, rezei com eles e por eles. Anteriormente em meu pontificado, preocupado por abordar esta questão, pedi aos bispos da Irlanda, durante a visita a Limina de 2006 que "estabelecessem a verdade do ocorrido no passado e tomassem todas as medidas necessárias para evitar que acontecesse de novo, para assegurar que os princípios de justiça sejam plenamente respeitados e, sobre tudo, para curar às vítimas e a todos os afetados por estes crimes atrozes” (Discurso aos bispos da Irlanda, em 28 de outubro de 2006).
Com esta carta, quero lhes animar a todos vós, como povo de Deus na Irlanda, a refletir sobre as feridas infligidas ao corpo de Cristo, os remédios necessários e às vezes dolorosos, para as enfaixar e curar, e a necessidade da unidade, a caridade e a ajuda mútua no longo processo de recuperação e renovação eclesiástica. Dirijo-me agora a vós com palavras que me saem do coração, e quero falar com cada um de vós e a todos vós como irmãos e irmãs no Senhor.
6. Às vítimas de abusos e á suas famílias
Sofrestes imensamente e tanto me aflige. Sei que nada pode apagar o mal que suportastes. Sua confiança foi traída, e violada sua dignidade. Muitos de vós experimentastes que quando tiveram o valor suficiente para falar do que lhes tinha acontecido, ninguém queria escutá-los. Aqueles que sofreram abusos nos internatos devem haver sentido que não havia maneira de escapar de sua dor. É compreensível que lhes seja difícil perdoar ou lhes reconciliar com a Igreja. Em seu nome, rápido abertamente a vergonha e o remorso que sentimos todos. Ao mesmo tempo, peço-lhes que não percam a esperança. Na comunhão com a Igreja é onde nos encontramos com a pessoa de Jesus Cristo, que foi Ele mesmo uma vítima da injustiça e do pecado. Como vós ainda leva as feridas de seu sofrimento injusto. Ele entende a profundidade de sua dor e a persistência de seu efeito em suas vidas e suas relações com os demais, inclusive sua relação com a Igreja.
Sei que a alguns de vós torna difícil inclusive entrar em uma igreja depois do que aconteceu. Entretanto, as feridas de Cristo, transformadas por seu sofrimento redentor, são os instrumentos que têm quebrado o poder do mal e nos fazem renascer à vida e a esperança. Acredito firmemente no poder curativo de seu amor sacrificável, inclusive nas situações mais obscuras e se desesperadas - que libera e traz a promessa de um novo começo.
Ao me dirigir a vós como um pastor preocupado pelo bem estar de todos os filhos de Deus, peço-lhes humildemente que reflitam sobre o que disse. Peço que se aproximem de Cristo e participando da vida de sua Igreja - uma Igreja purificada pela penitência e renovada na caridade pastoral - possam descobrir de novo o amor infinito de Cristo por cada um de vós. Estou seguro de que desta maneira serão capazes de encontrar reconciliação, profunda cura interior e paz.
7. Aos sacerdotes e religiosos que abusaram de meninos.
Traístes a confiança depositada em vós por jovens inocentes e por seus pais. Devem responder por isso diante de Deus Todo poderoso e diante dos tribunais devidamente constituídos. Perdestes a estima da gente da Irlanda e arrojado vergonha e desonra sobre seus semelhantes. Aqueles de vós que são sacerdotes violaram a santidade do sacramento da Ordem, no qual Cristo mesmo se faz presente em nós, e em nossas ações. junto com o imenso dano causado às vítimas, um dano enorme fez à Igreja e à percepção pública do sacerdócio e da vida religiosa.
Vos aconselho a examinar sua consciência, a assumir a responsabilidade dos pecados que cometestes e a expressar com humildade seu pesar. O arrependimento sincero abre a porta ao perdão de Deus e à graça da verdadeira emenda.
Devem tratar de expiar pessoalmente suas ações oferecendo orações e penitências por aqueles que ofendestes. O sacrifício redentor de Cristo tem o poder de perdoar inclusive o mais grave dos pecados e extrair o bem inclusive do mais terrível dos males. Ao mesmo tempo, a justiça de Deus nos chama a dar conta de nossas ações sem ocultar nada. Admitam abertamente sua culpa, se submetam às exigências da justiça, mas não vos desesperem quanto a misericórdia de Deus.
8. Aos pais
Vos sentiram profundamente indignados e comocionados ao conhecer os fatos terríveis que aconteciam no que devia ter sido o lugar mais seguro para todos. No mundo de hoje não é fácil construir um lar e educar aos filhos. Merecem crescer com segurança, carinho e amor, com um forte sentido de sua identidade e seu valor. Têm direito de serem educados nos autênticos valores morais enraizados na dignidade da pessoa humana, e inspirar-se na verdade de nossa fé católica e a aprender os padrões de comportamento e ação que levem a sã autoestima e a felicidade duradoura. Esta área nobre, mas exigente está confiada em primeiro lugar a vós, pais. Convido-lhes a desempenhar seu papel para garantir aos meninos os melhores cuidados possíveis, tanto no lar como na sociedade em geral, enquanto a Igreja, por sua parte, segue aplicando as medidas adotadas nos últimos anos para proteger aos jovens nos ambientes paroquiais e escolar. Asseguro-lhes que estou perto de vós e lhes ofereço o apoio de minhas orações enquanto cumprem suas grandes responsabilidades.
9. Aos meninos e jovens da Irlanda
Quero lhes dirigir uma palavra especial de alento. Vossa experiência da Igreja é muito diferente da de seus pais e avós. Ou frequentemente mudou desde que eles tinham sua idade. Entretanto, todas as pessoas, em cada geração estão chamadas a percorrer o mesmo caminho durante a vida, quaisquer que sejam as circunstâncias. Todos nós estamos escandalizados pelos pecados e enganos de alguns membros da Igreja, em particular dos que foram eleitos especialmente para guiar e servir aos jovens. Mas é na Igreja onde encontrarão ao Jesus Cristo que é o mesmo de ontem, hoje e sempre (cf. Hb 13, 8). Ele vos ama e se entregou por vós na cruz. Procurem uma relação pessoal com Ele dentro da comunhão de sua Igreja, porque ele nunca trairá sua confiança! Só Ele pode satisfazer seus desejos mais profundos e dar pleno sentido às suas vidas, lhes orientando ao serviço de outros. Mantenham seu olhar fixo em Jesus e sua bondade e protejam a chama da fé em seus corações. Espero em vós para que, junto com seus irmãos católicos na Irlanda sejam fiéis discípulos de nosso Senhor e contribuam com entusiasmo e o idealismo tão necessários para a reconstrução e a renovação de nossa amada Igreja.
10. Aos sacerdotes e religiosos da Irlanda
Todos nós estamos sofrendo as consequências dos pecados de nossos irmãos que traíram uma obrigação sagrada ou não enfrentaram de forma justa e responsável as denúncias de abusos. À luz do escândalo e a indignação que estes fatos causaram, não só entre os fiéis laicos, mas também entre vós e suas comunidades religiosas, muitos se sentem desanimados e inclusive abandonados. Sou também consciente de que aos olhos de alguns somos tachados de culpados por associação, e de que lhes consideram como se fossem de alguma forma responsáveis pelos delitos de outros. Neste tempo de sofrimento, quero dar ato de sua dedicação como sacerdotes e religiosos e de seu apostolado, e lhes convido a reafirmar sua fé em Cristo, seu amor por sua Igreja e sua confiança nas promessas evangélicas da redenção, o perdão e a renovação interior. Desta maneira, poderão demonstrar a todos que onde abundou o pecado, superabundou a graça. (cf. Rm 5, 20).
Sei que muitos estão decepcionados, desconcertados e encolerizados pela maneira em que alguns de seus superiores abordaram essas questões. Entretanto, é essencial que cooperem estreitamente com os que ostentam a autoridade e colaborem em garantir que as medidas adotadas para responder à crise sejam verdadeiramente evangélicas, justas e eficazes. Acima de tudo, peço-lhes que sejam cada vez mais claramente homens e mulheres de oração, (que pedido ridículo) que seguem com valentia o caminho da conversão, a purificação e a reconciliação. Desta maneira, a Igreja na Irlanda cobrará nova vida e vitalidade graças a seu testemunho do poder redentor de Deus que se faz visível em suas vidas.
11. A meus irmãos, os bispos
Não se pode negar que alguns de vós e de seus predecessores fracassaram, às vezes infelizmente na hora de aplicar as normas, codificadas há longo tempo, do direito canônico sobre os delitos de abusos de meninos. Cometeu-se graves enganos na resposta às acusações. Reconheço que era muito difícil compreender a magnitude e a complexidade do problema, obter informação confiável e tomar decisões adequadas em função dos pareceres contraditórios dos peritos. Não obstante, terá que reconhecer que se cometeram graves enganos de julgamento e houve falhas de endereço. Tudo isto escavou gravemente sua credibilidade e eficácia. Avaliação os esforços levados a cabo para remediar os enganos do passado e para garantir que não voltem a ocorrer. Além de aplicar plenamente as normas do direito canônico concernentes aos casos de abusos de meninos, sigam cooperando com as autoridades civis no âmbito de sua competência. Está claro que os superiores religiosos devem fazer o mesmo. Também eles participaram das recentes reuniões em Roma com o propósito de estabelecer um enfoque claro e coerente destas questões. É imperativo que as normas da Igreja na Irlanda para a proteção dos meninos sejam constantemente revisadas e atualizadas e que se apliquem plena e imparcialmente, conforme com o direito canônico.
Só uma ação decisiva levada a cabo com total honestidade e transparência restabelecerá o respeito e o afeto do povo irlandês pela Igreja a que consagramos nossas vidas. Terá que começar, em primeiro lugar, por seu exame de consciência pessoal, a purificação interna a renovação espiritual. O povo da Irlanda, com razão, espera que sejam homens de Deus, que sejam Santos, que vivam com simplicidade, e procurem dia após dia a conversão pessoal. Para eles, em palavras de São Agustín, sois um bispo, e, entretanto, com eles estão chamados a ser um discípulo de Cristo (cf. Sermão 340, 1). Vos incentivo a renovar seu sentido de responsabilidade diante de Deus, para crescer em solidariedade com seu povo e aprofundar sua atenção pastoral com todos os membros de seu rebanho. Em particular, se preocupe com a vida espiritual e moral de cada um de seus sacerdotes. Sirvam de exemplo com sua própria vida, estejam perto deles, escutem suas preocupações, lhes ofereçam fôlego neste momento de dificuldade e alimentem a chama de seu amor por Cristo e seu compromisso a serviço de seus irmãos e irmãs.
Do mesmo modo, terá que respirar os laicos que desempenhem o papel que lhes corresponde na vida da Igreja. Lhes assegure de sua formação para que possam, articulada e convincentemente, dar razão ao Evangelho no meio da sociedade moderna (cf. 1 Pet 3, 15), e cooperem mais plenamente na vida e missão da Igreja. Isto, por sua vez, lhes ajudará a tornar a ser guias e testemunhas acreditáveis da verdade redentora de Cristo.
12. A todos os fiéis da Irlanda
A experiência de um jovem na Igreja deveria sempre frutificar em seu encontro pessoal e vivificador com Jesus Cristo, dentro de uma comunidade que o ama e o apoia. Neste entorno, terei que animar aos jovens a alcançar sua plena estatura humana e espiritual, a aspirar aos altos ideais de santidade, caridade e verdade e a inspirar-se na riqueza de uma grande tradição religiosa e cultural. Em nossa sociedade cada vez mais secularizada em que inclusive os cristãos frequentemente encontram dificuldade em falar da dimensão transcendente de nossa existência, temos que encontrar novos modos para transmitir aos jovens a beleza e a riqueza da amizade com o Jesus Cristo na comunhão de sua Igreja. Para resolver a crise atual, as medidas que rebatam adequadamente os delitos individuais são essenciais, mas não suficientes: falta uma nova visão que inspire à geração atual e às futuras gerações a entesourar o dom de nossa fé comum. Seguindo o caminho indicado pelo Evangelho, observando os mandamentos e conformando suas vidas cada vez mais à figura do Jesus Cristo, experimentarão com segurança a renovação profunda que necessita com urgência nossa época. Convido a todos a perseverar neste caminho.
13. Queridos irmãos e irmãs em Cristo, profundamente preocupado por todos vós neste momento de dor, em que a fragilidade da condição humana se revela tão claramente, lhes quis oferecer palavras de fôlego e apoio. Espero que as aceitem como um sinal de minha proximidade espiritual e de minha confiança em sua capacidade para confrontar as provocações do momento atual, recorrendo, como fonte de renovada inspiração e fortaleza às nobres tradições da Irlanda de fidelidade ao Evangelho, perseverança na fé e determinação na busca da santidade. Em solidariedade com todos vós, rogo com insistência para que, com a graça de Deus, as ferida infligidas a tantas pessoas e famílias possam curar-se e para que a Igreja na Irlanda experimente uma época de renascimento e renovação espiritual.
14. Queria oferecer, além disso, algumas medidas concretas para abordar a situação.
No final de minha reunião com os bispos da Irlanda, lhes pedir que a Quaresma deste ano se considerasse um tempo de oração para a efusão da misericórdia de Deus e dos dons de santidade e fortaleza do Espírito Santo sobre a Igreja em seu país. Agora convido a todos a oferecer durante um ano, a partir de agora até a Páscoa de 2011, a penitência das sextas-feiras para este fim. Peço-lhes que ofereçam o jejum, as orações, a leitura da Sagrada Escritura e as obras de misericórdia pela graça da cura e a renovação da Igreja na Irlanda. Animo-lhes a redescobrir o sacramento da Reconciliação e a utilizar com mais frequência o poder transformador de sua graça.
Terá que emprestar também especial atenção à adoração eucarística, e em cada diocese deve haver Iglesias ou capelas especificamente dedicadas a isso. Peço às paróquias, seminários, casas religiosas e monastérios que organizem períodos de adoração eucarística, para que todos tenham a oportunidade de participar. Mediante a oração fervente ante a presença real do Senhor, podem cumprir a reparação pelos pecados de abusos que causaram tanto dano e ao mesmo tempo, implorar a graça de uma força renovada e um sentido mais profundo de missão por parte de todos os bispos, sacerdotes, religiosos e fiéis.
Estou seguro de que este programa conduzirá a um renascimento da Igreja na Irlanda na plenitude da verdade de Deus, porque a verdade nos faz livres (cf. Jn 8, 32).
Além disso, depois de ter rezado e consultado sobre o tema, tenho a intenção de convocar uma Visita Apostólica em algumas dioceses da Irlanda, assim como nos seminários e congregações religiosas. A visita tem por objetivo ajudar à Igreja local em seu caminho de renovação e se estabelecerá em cooperação com os escritórios competentes da Cúria Romana e da Conferência Episcopal Irlandesa. Os detalhes serão anunciados em seu devido momento.
Também proponho que se convoque uma missão a nível nacional para todos os bispos, sacerdotes e religiosos. Espero que graças aos conhecimentos de pregadores peritos e organizadores de retiros na Irlanda, e em outros lugares, mediante a revisão dos documentos conciliar, os ritos litúrgicos da ordenação e profissão, e os recentes ensinos pontifícios, cheguem a uma valorização mais profunda de suas vocações respectivas, a fim de redescobrir as raízes de sua fé em Jesus Cristo e de beber a fundo nas fontes de água viva que lhes oferece através de sua Igreja.
Neste ano dedicado aos sacerdotes, proponho-lhes de forma especial a figura de San Juan Maria Vianney, que tinha uma rica compreensão do mistério do sacerdócio. "O sacerdote - escreveu - tem a chave dos tesouros dos céus: é o que abre a porta, é o mordomo do bom Deus, o administrador de seus bens." O padre do Ars entendeu perfeitamente a grande bênção que supõe para uma comunidade um sacerdote bom e santo: "Um bom pastor, um pastor conforme ao coração de Deus é o tesouro maior que Deus pode dar a uma paróquia e um dos mais preciosos dons da misericórdia divina”. Que pela intercessão de San Juan Maria Vianney se revitalize o sacerdócio na Irlanda e toda a Igreja na Irlanda cresça na estima do grande dom do ministério sacerdotal.
Aproveito esta oportunidade para agradecer antecipadamente a todos aqueles que já estão dedicados à tarefa de organizar a Visita Apostólica e a Missão, assim como aos muitos homens e mulheres em toda a Irlanda que já estão trabalhando para proteger aos meninos nos ambientes eclesiásticos. Do momento em que se começou a entender plenamente a gravidade e a magnitude do problema dos abusos sexuais de meninos em instituições católicas, a Igreja levou a cabo uma quantidade imensa de trabalho em muitas partes do mundo para lhe fazer frente e lhe pôr remédio. Embora não se deve regular nenhum esforço para melhorar e atualizar os procedimentos existentes, me anima o fato de que as práticas vigentes de tutela, adotadas pelas Iglesias locais, consideram-se em algumas partes do mundo, um modelo para outras instituições.
Quero concluir esta carta com uma Oração especial pela Igreja na Irlanda, que lhes deixo com a atenção que um pai deposita a seus filhos e o afeto de um cristão como vós, escandalizado e ferido pelo que ocorreu em nossa querida Igreja. Quando rezarem esta oração em suas famílias, paróquias e comunidades, a Santíssima Virgem Maria lhes proteja e guie a cada um de vós a uma união mais estreita com seu Filho, crucificado e ressuscitado. Com grande afeto e confiança inquebrável nas promessas de Deus, reparto-lhes a todos minha bênção apostólica como objeto de fortaleza e paz no Senhor.
Do Vaticano, 19 de março de 2010, Solenidade de São José.
http://www.muladarnews.com/2010/03/carta-del-papa-benedicto-xvi-a-los-catolicos-de-irlanda/
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