Centro Cultural materializado pela Cia NÓS de Teatro, com cursos e apresentações artísticas.

O projeto conta com apoio da Lei de Incentivo a Cultura Capixaba - LICC através do patrocínio da empresa ES GÁS. Para quem não conhece, a LICC é uma iniciativa inédita no Estado, e através dela é possível que agentes e grupos culturais, como a CIA NÓS DE TEATRO, recebam patrocínio de empresas contribuintes do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) e em contrapartida, tais empresas terão um crédito presumido, podendo abater do imposto a ser pago. Este é o caso do CENTRO CULTURAL LUZ DEL FUEGO. 



Equipe

Brenda Perim

Artista licenciada em Artes Cênicas pela Universidade Vila Velha e mestre pela Universidade Federal de Ouro Preto, lá desenvolveu sua pesquisa sobre a Dramaturgia escrita por Mulheres do Espirito Santo. É integrante da Cia NÓS de Teatro desde 2015, onde realiza seus projetos culturais, entre eles, performance, contação de histórias, cursos e peças de teatro para o público da adulto e infância e juventude. Além de atriz é produtora cultural e irá realizar a Coordenação Geral do Centro Cultural Luz Del Fuego.


Marco Antônio Reis

Marco é artista, principalmente de teatro. Mestrando em Ensino de Humanidades (IFES-ES). Graduado em Licenciatura em Artes Cênicas (UVV-ES). Já realizou junto à Cia. NÓS de Teatro vários projetos culturais. Sempre buscando as conexões entre arte e educação. Serei Coordenador Pedagógico e Professor de teatro do Centro Cultural Luz Del Fuego.





Juliana Lopes

Professora de educação Física, formada em 2007 na Universidade Salgado de Oliveira, em Campos dos Goytacazes. Durante a faculdade buscou estudar a dança unido a educação física escolar. De 2008 a 2019 trabalhou com iniciação ao ballet clássico e com dança contemporânea em diferentes escolas e projetos sociais. Em 2020 estudou o ballet clássico, por meio da metodologia cubana. Serei Professora de Ballet do Centro Cultural Luz Del Fuego.



Carol Mello

MBA em Gestão de Projetos Sociais e Culturais, cursando Bacharelado em Artes Visuais na Universidade Federal de Juiz de Fora.  Realizo mentorias técnicas para Elaboração e Gestão de projetos sociais e culturais na Organização Sociocultural Vagalume O Verde (RJ) e Cia Nós de Teatro (ES).  Serei  Assistente administrativa do Centro Cultural Luz del Fuego. 

Thais Nascimento

Thais de Andrade Almeida, 26 anos, cursando odontologia na faculdade Multivix, trabalho com vendas e nas horas extras motorista particular. Serei Atendente Auxiliar no Centro Cultural Luz Del Fuego. 


Haysian Costa

Graduado em Design de Produto pela Universidade Vila Velha, atua também na criação e direção de artes gráficas. Tem como foco elaborar projetos voltados para a solução de problemas que afligem a esfera socioambiental tendo participado de mostras de ciências a nível nacional e internacional com projetos de produto com finalidade ecológica. Haysian é o Desginer Gráfico do Centro Cultural Luz Del Fuego.


 POR QUE LUZ DEL FUEGO?

Para quem não conhece, Luz Del Fuego nasceu em Cachoeiro de Itapemirim, parente do homem que dá nome à cidade de Atílio Vivacqua, mas por sorte, pouco se assemelha aos membros moralistas de sua família. Talvez por isso não haja cidade, distrito ou qualquer monumento que nos lembre quem foi Dora Vivacqua, que caso você não saiba, era este seu nome de nascença. No entanto, se querem saber seus dados biográficos, nome, idade, data de nascimento ou qualquer informação dessa natureza, sugiro que busquem essa informação em outro lugar. Agora, não vamos contar quem foi LUZ DEL FUEGO, a gente veio contar porque escolhemos ELA como símbolo desse centro cultural.

“Luz Del Fuego esta chegando” (JAVIER; MASSIMINI. p.10). A frase foi proclamada na década de 50 em uma noite de Carnaval no Rio de Janeiro. Luz estava chegando em um Baile de Gala no Teatro Municipal do Rio, e por muitos anos sua presença no evento era sinônimo de DESEJO e TEMOR (guardem esses sentimentos, queremos que eles voltem ao fim do texto). Isso porque suas fantasias nos anos anteriores sempre escandalizavam a sociedade burguesa e recatada da década 50. Em algum desses anos de festa, ela sai do carro, com seus longos cabelos pretos cuidadosamente jogados para trás para não esconder sua fantasia, que não era composta por um único tecido sequer, afinal de contas Luz estava completamente nua, “coberta apenas pelo óleo e pela jiboia gigante também reluzente, marrom e preta, inconfundivelmente viva e desdenhosa, carregada pela mulher com toda naturalidade” (p.12). O símbolo estava estabelecido, naquela noite de carnaval, Luz Del Fuego era EVA! Essa não foi a única vez que luz usou apenas seu corpo como fantasia “Já foi Iemanjá, Deusa das Águas (com o corpo pintado de verde), Rainha de Sabá (com o corpo tingido de preto), Sol da Meia-Noite (com o corpo brilhante de ouro) e Selene, Senhora da Lua (com o corpo polido de prata). Nem sempre apareceu com suas serpentes, como se não quisesse abusar do golpe teatral da primeira vez. Mas sempre, sempre apareceu desacompanhada e percorreu sozinha o corredor de ida e volta diante das escadarias do teatro: algo quase tão ousado quanto sua nudez” (p. 15) Uma mulher andando desacompanhando em bailes da burguesia carioca no séculos XX era de afronta tremenda.

Uma mulher NUA e suas SERPENTES. LUZ e FOGO, nada representa melhor a cidade “Cachoeiro, sensação térmica 60º graus, de Itapemirim.” Além de EVA há outro símbolo de associação entre NUDEZ e SERPERTES, que talvez exprimam melhor as atitudes de Luz “Lilith, a Encantadora, (…) que, vendo-se repudiada, jura vingança e promete voltar para atormentar a hipócrita família humana pronta a se instalar com conforto naquele paraíso que lhe pertence no regime de divisão de bens. Lilith, que vê seus direitos pisoteados por um casal ao mesmo tempo pequeno-burguês e invasor que finge, com insuportável, ultrajante e angustiada beatice, esquecer o caráter usurpado da parcela adquirida à força a preço de banana. Lilith, que sempre cumpre o que promete, que sempre consuma suas maldições e suas bênçãos, embora seja difícil distinguir entre elas, pois muitas vezes se disfarçam umas das outras (…). Lilith, A Sem-Filhos, A Divorciada, aquela de cabelo preto muito comprido (…) Lilith, que não veio trazer paz à terra, mas sim a espada. Que veio para pôr o homem contra seu pai, a filha contra a mãe, o sogro contra o genro e a nora contra a sogra. (…) de tempos em tempos, ela se animará a sair do mato para fazer sentir sua presença aos descendentes daqueles que usurparam sua propriedade e lembrá-los de que ela não abre mão dos direitos de nascimento que nunca vai considerar prescritos. (p.34) Então lembre-se o Centro cultural Luz Del Fuego não veio “trazer paz à Cachoeiro”.

A gente poderia ficar aqui escrevendo por dias os feitos materiais e simbólicos de Luz Del Fuego e sua relação com diversas outras figuras representativas, mas não vamos. Se atentem nos detalhes dessa mulher, que só agora começa a ser lembrada, em meio a uma cidade onde todos os centros culturais públicos,”' tem nomes de homens” .

Ela acreditou em seus ideias e como Lilith, lembrou a todos que não abre mão dos seus “direitos de nascimento”, isso em um tempo onde é quase impossível imaginar, uma mulher sozinha, vivendo em uma ilha no Rio de Janeiro. Uma ilha onde só se podia se entrar nu. Mas não se apeguem ao nudismo, e nem associem isso a depravação. Pensem o que isso significa. Ela se desafiou enquanto artista a ficar anos treinando para conseguir dançar com cobras que pesavam mais de 4kg. Quantas vezes deve ter ouvido “você é louca isso nunca vai dar certo” ? Sem apoio da família ou de qualquer outro setor, Luz percorreu um longo caminho sozinha, é claro que sua classe social foi um grande facilitador, não devemos nunca esquecer isso. Mas não devemos negar sua resiliência em lutar pela liberdade. Liberdade que lhe foi roubada aos 50 anos, quando foi cruelmente assassinada em sua ilha. Não devemos nos acovardar diante das injustiças por medo do nosso fim. Sem luzes del fuegos NÓS NÃO ESTARÍAMOS AQUI!

Queremos que este espaço, assim como Luz, seja um espaço de enfrentamento aos conservadorismo sem sentido, que assim como ela possamos causar DESEJO, aos que almejam encontrar companheiros com os mesmos ideais, e TEMOR naqueles que acham que podem nos abater Que este espaço resista ao moralismo de seu tempo, ao fascismo que domina seu território e seja resiliente para defender e conquistar, o espaço que é NOSSO por direito.

Montes, Javier; Felix, Silvia Massimini. Luz Del Fuego (p. 15). Fósforo. Edição do Kindle.


Local

Ponto de Referência: Próximo ao tiro de guerra. Rua sem saída em frente ao doug lanches.

Endereço:  Newton Prado, 29, Ibitiquara

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