A construção do espetáculo tem como base os referenciais bibliográficos e simbologias ligadas ao matriarcado mítico yorubano das Grandes Mães Ancestrais, a novela "Sabela" e suas sensibilidades, presente no livro "Histórias de leves enganos e parecenças" da escritora Conceição Evaristo e os rastros biográficos e memorialísticos da intérprete-criadora e suas escrevivências. Assim, o trabalho nasce enquanto femenagem aos laços maternos, uma espécie de discurso, lembrete (ou seria rememoração?) da força vital que nutre toda uma linhagem familiar: Ìyá, a Mãe.
Imalẹ̀ Inú Ìyágbà, do yorubá, abrange diferentes traduções e interpretações. Imalẹ̀, o sagrado: símbolo e local de perpetuação da ancestralidade. Inú, o interior, o intimo ou as próprias vísceras: estômago, útero, intestinos. Para os yorubás, as emoções são expressadas pelo estômago. Tanto que, a fim de comunicarem seu estado emocional, dizem se seu estômago está "feliz ou triste". Já Ìyágbà, significamulher ancestral, matriarca, Dessa forma, o espetáculo uma narrativa de músculos que se movimenta à matriz do sentido da existência e de suas interconexões. Uma dança-saudação à energia de Ìyá, a "artista criadora" da vida: ela é o principio de tudo, o "dentro" de todos os mundos.