Descrição Técnica

Trabalhos relacionados

Sousa e Zamperin (2017) apresentam uma análise de viabilidade da utilização de um sistema fotovoltaico off-grid em troca do sistema em utilização atual, o qual consiste em um gerador à gasolina utilizado em um foodtruck. Todo o dimensionamento do sistema é apresentado. O sistema possui potência total de 450W, sendo este um sistema off-grid com armazenamento. Um ponto de destaque é quanto a utilização de um fator de segurança de 30% para os cálculos do inversor utilizado. O capital investido neste projeto foi de aproximadamente R$ 10.000, sendo que cerca de R$ 3.000 foram gastos com mão de obra especializada. O trabalho apresenta como conclusão de viabilidade o tempo de payback de aproximadamente 2 anos e meio.

Cavalcante et al. (2016) apresenta uma análise técnico-econômica de implantação de um sistema fotovoltaico off grid para suprir as necessidades elétricas de uma sala de aula, servindo também de “complemento educacional para estudantes do curso de engenharia elétrica”. Utilizou-se o software PVSize, o qual faz parte de um conjunto de softwares denominado SOLARCAD desenvolvido pela UFRGS, para realizar a análise e obter os elementos que compõem o sistema de geração, verificando assim sua viabilidade. A análise de eficiência apresentada é de 41,65%. Segundo o autor, esse fato “pode ser justificado pelo sistema fotovoltaico não ser equipado com o recurso de MPPT”.

Rodrigues et al. (2018) apresenta o desenvolvimento de uma plataforma de aquisição e controle IoT integrado a sistema de geração fotovoltaica on grid. O sistema conta com potência de 20Wp. A proposta é controlar e monitorar, remotamente, os processos envolvidos na geração. Para tanto, utilizou-se de um módulo Wi-Fi ESP8266 e um aplicativo de controle. O módulo Wi-Fi possui integração com o Arduino Mega, o qual faz o processamento dos dados obtidos através dos sensores. São utilizados: sensor de temperatura LM35, o qual monitora a temperatura do inversor; sensor de tensão DC para verificação da tensão de entrada do inversor; e sensor de corrente AC RMS, não invasivo do tipo SCT-013. Em caso de anormalidade, o inversor é desconectado através da atuação de um módulo relé.

Foodtruck em análise, com Inclinação dos painéis solares para otimização

(SOUSA E ZAMPERIM, 2017)

Escolha do município de Paulo Afonso para a simulação do sistema FV

(CAVALCANTE et al, 2016)

Sistema de Aquisição e Controle IoT, com módulos utilizados para o controle e comando do sistemas.

(Rodrigues et al, 2018)

Metodologia
O desenvolvimento do presente trabalho está dividido em duas etapas distintas. A primeira refere-se ao dimensionamento do sistema de geração fotovoltaico (SGF). Já a segunda etapa aborda detalhes do sistema de monitoramento (SM).


Sistema de Geração Fotovoltaico (SGF)

Partindo do pressuposto de que um SGF independente deve possuir:

  • Painéis Solares, que convertem a energia provinda da irradiação solar em energia elétrica;

  • Controlador de Carga, que coordena a quantidade de energia que será fornecida à bateria, para não sobrecarrega-la.

  • Baterias, que armazenam a energia elétrica;

  • Inversor Solar, que converte a energia elétrica fornecida pelos painéis, em corrente contínua, para corrente alternada;


O SGF foi projetado inicialmente para uma potência de 650W, para isto, utilizou-se dois painéis fotovoltaicos de 325 W da Canadian Solar, conectados em paralelo. Pela proposta de ser um sistema independente da rede, o SGF possui um banco de baterias com tensão nominal de 24V, sendo composto por duas baterias estacionárias de 12V em série. Para proteção e gerenciamento das operações de carga e descarga das baterias, optou-se pelo controlador de carga XTRA4210N-XDS2. Controlador que opera à 24V, suporta a potência dos painéis e possui a função MPPT (Maximum Power Point Tracking), tecnologia que aumenta consideravelmente a eficiência. O inversor solar escolhido para o sistema foi o IPower IP 2000-22, pois fornece com segurança a potência gerada e com possiblidade de adição de carga. Os principais parâmetros dos elementos do sistema estão resumidos nas três figuras:

Inversor Solar
IPower IP 2000-22

Controlador de Carga
EPEVER EP SOLAR
XTRA4210N-XDS2

Painel Solar
Canadian Solar CS6U-325P

Com os equipamentos principais do SGF, faz-se necessário realizar um diagrama funcional do sistema, o que ajuda a identificar os parâmetros do sistema e torna possível o dimensionamento dos condutores, dos dispositivos de proteção e por fim definir o sensoriamento do sistema de monitoramento.

Com o diagrama funcional é possível observar os diferentes estágios da conversão da energia. Cada estágio, terá sua condição nominal de funcionamento em que o sistema deve se manter seguro, parâmetros que foram possíveis de identificar pelo diagrama.

Para manter o SGF seguro sob condições nominais, o dimensionamento dos condutores deve ser realizado conforme a NBR5410, onde se utilizou do método da capacidade de condução de corrente. O SGF também deve conter dispositivos de proteção CC e AC, visando manter a integridade diante de surtos de tensão e sobrecorrente. Todos os elementos do sistema, com exceção dos painéis fotovoltaicos, foram planejados para ser instalados em um painel elétrico, conforme os padrões de segurança, segundo as normas NBR IEC 60439 e NR10, expondo as informações de utilização e risco.

Sistema de Monitoramento (SM)

Com o diagrama funciona, é possível identificar 4 estágios da geração de energia:


  1. Entre os painéis e o controlador;

  2. Entre o controlador e baterias;

  3. Entre as baterias e o inversor;

  4. Após o inversor;


Para o sensoriamento do SM, foram escolhidos sensores de tensão e corrente continua, para os estágios 1 e 2, com um sensor de corrente contínua adicional para o 3º estágio. Para o 4º estágio, ou seja, após o inversor, serão sensores de tensão e corrente alternada para medir a potência consumida pela carga. No sensoriamento de temperatura, estipula-se que esses sensores devem ter alto grau de proteção (IP65+), para medir a temperatura dos painéis. Todos estes sensores, serão inseridos em entradas digitais ou analógicas de um microcontrolador, que por sua vez, realizará a leitura e registro das medições.

Sensores do sistema de monitoramento.

Para a etapa que exigem medição de corrente alternada, utilizou-se o sensor de corrente SCT-013-020 (a). O SCT é um sensor de corrente não invasivo do tipo transformador de corrente, basicamente composto por um enrolamento primário, núcleo magnético e enrolamento secundário. O modelo utilizado possui a relação de transformação de 20A/1V, que permite a medição de correntes entre 0 e 20A.

Já para realização da medição da tensão alternada, optou-se pela utilização do sensor de tensão ZMPT101B (b). Para realizar a medição de corrente contínua utilizou-se o sensor CJMCU-758 (c), que permite realizar medições de até 50A, apresentando uma sensibilidade de 40mV/A.

Para medições de temperatura selecionou-se o sensor com saída digital DS18B20 (d), que oferece a possibilidade de configuração de resolução, entre 9 e 12 bits. Os dados trafegam através da interface 1-Wire. Observa-se que, com exceção do sensor de temperatura, os sensores apresentam saída de sinal analógica.

Em relação à medição de tensão contínua, necessária nos estágios 1 e 2, optou-se pelo desenvolvimento de um circuito com a função de condicionar os valores de tensão, atenuando-os de forma a possibilitar a conversão analógico-digital pelo microcontrolador utilizado, convertendo valores na ordem de 50V para valores inferiores a 3,3V. O circuito projetado será referido como sensor de tensão CC, com esquemático a seguir.

Observa-se que o circuito é composto por um divisor de tensão, dividindo o sinal de entrada por uma razão de aproximadamente 0,045, e aplicando-o a um circuito amplificador não-inversor de ganho ajustável entre 1,47 V/V e 1,68 V/V, que fornece um aumento considerável na impedância de entrada. No circuito foram utilizados dois diodos Zener visando a proteção da entrada e saída do amplificador operacional, garantindo a integridade das entradas ADC do microcontrolador, em caso de sobretensão.

O ESP32, foi o micro controlador utilizado no sistema de monitoramento, por oferecer dentro dele a opção de conexão WiFi.

Projeção da geração solar

Como todo projeto que envolve a geração de energia, é crucial expor o potencial de geração que a usina possuirá. Essa projeção, irá compor o cálculo do investimento versus payback, que precisa levar em conta, a potência dos equipamentos e as taxas de irradiação solar do local que o sistema será instalado. Além disso, deve-se considerar todas as perdas do processo de conversão, incluindo todas taxas de eficiência de cada equipamento (encontrado na especificações técnicas do produto).