Somos todos Veggie?
Por Karen Reis - 08/09/2021
O Veganismo costuma ser caracterizado como uma dieta e um estilo de vida marcado pela não exploração de animais. O vegano exclui quaisquer derivados animais da alimentação, bem como vestimentas de origem animal do guarda-roupa, deixando de utilizar produtos testados em animais e muitas outras ações para proteger a vida animal da objetificação. Já o vegetarianismo é a escolha pessoal de não se alimentar de produtos de origem animal. Este, por sua vez, conta com inúmeras variações criadas para incluir os interesses de inúmeros grupos mais conscientes de sua responsabilidade social.
Entre os vegetarianos, temos os Ovolactovegetarianos, que se opõem ao consumo de carne, mas que consomem ovo e leite, há os Semi Vegetarianos ou Flexitarianos, que por muitos não são considerados realmente vegetarianos, já que existe o consumo de carne com certa frequência. Diante de todas estas nomenclaturas, questiono: Qual é a razão para que todas essas movimentações tenham crescido tão exponencialmente nos últimos anos?
Imagem retirada do site <uol.com.br>
De acordo com informações do site Portal Educação, a origem do vegetarianismo vem de mais de 5 milhões de anos! Alguns dos nossos ancestrais não caçavam ou tinham o costume de se alimentar de animais Com o domínio do fogo, a caça se tornou mais predominante, contudo, a prática de não consumo animal persistiu em épocas posteriores, com a influência exercida pelo sedentarismo humano, pelo desenvolvimento da colheita e pela domesticação de pequenos animais.
Os egípcios, por volta de 3200 antes de Cristo, começaram a adotar dietas vegetarianas em centros religiosos, conectando essa prática aos seus sistemas de crenças. Depois foi a vez da China, do Japão, e da Índia que já eram países que possuíam condições adequadas para tal prática, devido à geografia favorável, relevo e climatografia, além de inúmeras descobertas medicinais. Diversas influências políticas propiciadas até mesmo dos períodos violentos de guerra, ensinaram muitos orientais a diminuir sacrifícios, fazendo populações inteiras adotarem dietas diferenciadas. Outras culturas ligadas à natureza também adotaram esse tipo de consumo, a começar pelos Astecas e Celtas, que tinham o costume de consumir carne apenas em situações de sacrifício religioso ou ocasiões especiais, deixando o consumo menos comum. Com o desenvolvimento das ciências, alguns pensadores, inclusive Pitágoras, adotaram a dieta e estudaram-na, fazendo com que seus seguidores a propagassem.
Com a consolidação do cristianismo, a abstinência de carne foi perdendo adeptos. O consumo desenfreado de carne tornou o vegetarianismo uma prática de status social pobre. Quanto mais ricos eram, mais carne consumiam. Foi apenas com o início da Renascença e, posteriormente do Iluminismo, que a ideologia vegetariana foi mais divulgada. Entre inúmeras idas e vindas, apoios e perseguições às práticas vegetarianas variaram de acordo com a influência e interesse de poderosos sobre a prática. Todavia, até os dias de hoje o movimento é popular devido à intensa veneração religiosa, saúde física e responsabilidade ecológica.
O vegetarianismo se popularizou e seu alcance cresceu vertiginosamente, contribuindo para a divulgação do veganismo até a criação da primeira sociedade vegana em Londres. Não podemos deixar de pensar na teoria escravagista animal A teoria escravagista animal teve forte influência sobre a nova onda desse movimento.
Manifestante em protesto a favor da dieta vegana em Barcelona, agosto/2019. Imagem retirada do site<brasil.elpais.com>
De acordo com a Sociedade Vegetariana Brasileira, já existem inúmeras pesquisas que defendem que a redução do consumo de carne diminui o risco de alguns tipos de câncer, diabetes, problemas cardiovasculares e obesidade. Além do mais, até hoje alguns países ainda adotam muitos animais considerados ''de abate'' como sagrados, fazendo do seu consumo uma taxa cada vez menor. Recentemente, os dados fornecidos pelo Relatório Mundial das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento de Recursos Hídricos de 2019, indicaram que a agropecuária é a responsável por 69% da retirada anual de água em todo o mundo. A Sociedade Vegetariana Brasileira ainda diz que para cada quilo de carne produzido, 15.000(quinze mil) litros de água são gastos em todo o processo. Conforme o Sistema de Estimativa de Gases de Efeito Estufa, no Brasil, mais de 60% dos gases de efeito estufa vêm da agropecuária, principalmente da criação de animais para consumo.
Com tamanha preocupação social, religiosa e com a saúde, de maneira geral, as consequências são previsíveis, como indica a Sociedade Vegetariana Brasileira. O número de vegetarianos cresceu 75% em relação ao ano de 2012 e, naquela época, segundo a Associação Brasileira de Supermercados, o mercado brasileiro ainda não estava pronto para entregar essa demanda. Até 2017, existiam apenas 240 redes vegetarianas e veganas em todo o país, embora existam cerca de 30 milhões de brasileiros que se consideram veganos ou vegetarianos, fazendo com que várias marcas multinacionais se adequassem à nova grande tendência do mercado mundial: a responsabilidade.
Até o presente, muitas pesquisas estão sendo desenvolvidas para constatar a influência desse estilo de vida em outros movimentos sociais, chegando a relativizar lutas consideradas mais urgentes. O veganismo e vegetarianismo são para todos? Trata-se de uma nova moda? Posso constatar que a humanidade vive de tendências, mas que pode aprender verdadeiramente a evoluir.