Quando se fala em educação, temos o costume de imaginar salas de aula cheias de estudantes absorvendo algum conteúdo sendo oferecido por um professor. Esta é uma cena muito comum no cotidiano brasileiro há muito tempo. De acordo com a pesquisa do site Melhor Escola, a grande maioria dos centros de ensino como conhecemos utilizam a metodologia tradicional, praticamente o mesmo método de ensino desde meados do século XVIII quando a primeira revolução industrial surge.
Contudo, naquela época o aprendizado tinha um objetivo muito diferente do que é observado hoje. Os jovens eram vistos como mão de obra fabril que precisava ser trabalhada para atuar nas indústrias; aprendiam para lidar com seus determinados segmentos dentro de uma fábrica e assim saíam das escolas para um mercado profissional que precisava desse tipo de formação, focado em memorização, fórmulas e hábitos.
Com o tempo, a sociedade evoluiu mais em inúmeros campos produtivos; não se faziam mais carros, casas ou móveis como antes. Dessa forma, o mercado de trabalho também se desenvolveu com as crescentes inovações tecnológicas trazidas ao longo dos anos.
A educação, entretanto, não mudou consideravelmente, embora existam esforços para tal, os estudantes continuam a serem ensinados de modo tradicional, o que pode ser mais prejudicial atualmente do que gostaríamos de admitir.
Algumas modificações foram feitas com o intuito de aumentar os direitos da criança e do adolescente estabelecidos por lei e, para tanto, a educação sofreu uma grande reforma extinguindo as punições físicas utilizadas anteriormente que eram defendidas como uma espécie de motivação ao aprendizado. Mesmo com essa conquista, ainda hoje estamos longe de atingir a perfeição em termos de educação, mesmo com diferentes necessidades no meio profissional. Muitas escolas usam da tradicionalidade das salas de aula ignorando o fato de que os estudantes precisam obter novas habilidades para lidar da maneira como deveriam com o mercado de trabalho e, consequentemente, com o mundo contemporâneo.
Felizmente, isso não é uma regra, algumas escolas como a famosa “Escola da ponte” já mudaram seus métodos de ensino, garantindo que os estudantes de fato aprendam de forma completa. Aprendizado é um termo muito mais amplo do que se imagina. Aprender algo diz respeito não ao tempo que se passa estudando um determinado conteúdo ou o quanto alguém consegue memorizá-lo mas ao que este conteúdo é capaz de agregar ao estudante enquanto ele o compreende verdadeiramente.
Inúmeros estudos já provaram que a educação não se faz apenas com o agregar de conhecimento acadêmico, se trata sobretudo de conexão interpessoal para trabalhar melhor em equipe, autoconhecimento para direcionar seu aprendizado pessoal, experimentação para ver na prática como algo pode ser aplicável e relevante e, então, exteriorização para garantir a disseminação de todo esse aprendizado. Essas são as habilidades tão necessárias atualmente que não são trabalhadas no currículo comum brasileiro tradicional, porém serão cobradas dos futuros trabalhadores, estes que não mais atuam em apenas um segmento, mas em toda uma cadeia produtiva que é capaz de gerar resultados muito significativos.
Tornar o estudante protagonista no seu aprendizado e ensinar a ele como exercer as chamadas Soft Skills buscadas hoje é o verdadeiro desafio enfrentado na educação mundial e, por isso também, é a pérola do ensino de qualidade, como visto com o ensino direcionado a adultos. Portanto, qual a razão para desmerecer o estudante secundarista, por exemplo, assumindo que ele não é capaz de aprender de maneira mais independente? Não se pode subestimar o valor deste protagonismo que, consequentemente, acarreta em descobertas positivas e um aprendizado mais concreto.
Para finalizar, exponho uma questão que se faz bastante presente em meu pensamento: quanto tempo, exatamente, a educação brasileira vai levar para qualificar equalitariamente os profissionais do amanhã?