F.O.B.I.A. S.O.C.I.A.L.
Por Karen Reis - 27/05/2021Eu sempre me perguntei como é possível ser um ser humano com medo de ser um ser humano, acho que talvez eu tenha descoberto.
A sociedade e a vida em conjunto nos fazem humanos e ainda sim existem aqueles que não suportam esse meio.
Adoro me sentir querida, amada e repleta de amigos, mas ao mesmo tempo eu detesto ter que interagir, detesto ter que socializar, detesto ter que dar intimidade e detesto mais ainda não conseguir deixar a zona da solidão.
A zona da solidão é como eu chamo o lugar onde eu mesma me coloquei e onde ninguém jamais vai conseguir entrar. A melhor das barreiras, a pior das prisões.
Sinto que ao estar do lado de dentro, o vazio é eterno porque ninguém tem a permissão de entrar. A ansiedade está na porta e ela é uma boa guardiã. Ela cuida de mim e tem medo que eu me machuque mesmo que ela acabe comigo de vez em quando.
É por isso que ninguém tem a permissão de chegar tão perto, ninguém pode me tocar.
Assim ninguém pode me julgar, me ferir profundamente…
Ninguém realmente me conhece.
Nem mesmo meus amigos, já que o que estes pensam saber de mim é um personagem com várias camadas que eu mesma criei para jogar com eles do lado de fora da barreira.
Essa é a razão para ninguém ter intimidade real comigo, seja em amizades profundas, laços familiares ou paixões, pois são todos estranhos bem-intencionados e ingênuos.
Por isso eu me sinto tão só, sempre foi só eu e eu. A pergunta é: Por quanto tempo vai continuar sendo? Por quanto tempo eu vou permitir que a opinião alheia seja suficiente para me aprisionar? Quanto mais será que eu terei que perder antes de aprender? Quem mais eu vou vitimar irresponsavelmente antes de crescer? Quem mais será bode expiatório das minhas próprias desavenças?
Nunca foi sobre me calar. Foi sobre incompreensão e falta de palavras para tentar expressar aquilo que talvez poucos, ou ninguém além de mim, compreendam.