O filme documental “David Attenborough e Nosso Planeta”, original da Netflix e lançado em 2020, exibe uma cronologia histórica dos marcos e destruições causadas pela humanidade no ecossistema global, através dos olhos do naturalista britânico David Attenborough, que compartilha suas experiências pessoais na exploração de biomas diversos e apresenta soluções para a existência de um futuro onde a vida ainda possa prosperar.
Lamentando a perda de áreas selvagens e a biodiversidade do planeta, o documentário revela que nenhum ecossistema, não importa o seu tamanho, está seguro da intervenção humana. Desde os anos 50 as espécies selvagens já foram reduzidas pela metade e, uma vez que se tornaram nosso alvo, não há espécie que consiga se esconder. “O mundo natural está desaparecendo”, afirma o naturalista para a equipe de produção do Nosso Planeta.
Anualmente, derrubamos 15 bilhões de árvores e metade das áreas férteis tornaram-se plantações, revisitando uma reflexão que permeia os debates socioambientais: a relação entre homem e natureza. A partir de que ponto a natureza passou de uma divindade para um produto? Creio que a partir da perda de nossa identificação com o meio ambiente, pois não nos vemos mais no espelho como componentes do meio, mas como a totalidade do que importa.
Cada geração humana só se desenvolveu porque a natureza propiciava as condições necessárias. Somos intrinsecamente interligados e dependentes da natureza que nos cerca. No entanto, após anos de domínio sobre os recursos naturais e a evolução do trabalho, perdemos o pensamento de que a natureza não é ilimitada, é finita e precisa de proteção. A biodiversidade garante o equilíbrio do planeta, porém, a cada ação, tornamos o planeta um lugar onde não podemos viver.
Já desmatamos 3 trilhões de árvores do mundo e mais da metade das florestas do planeta já foram derrubadas, além disso, já eliminamos 90% dos grandes peixes do mar, pela pesca. Nossas ações no meio ambiente não precisam apenas serem repensadas, mas, refreadas! O estilo de vida que conquistamos nas últimas décadas nos tornou consumistas compulsivos e alienados acerca das discussões ambientais, lançando para escanteio aquilo que garante a nossa própria sobrevivência.
No documentário, algumas soluções para a mitigação dos nossos impactos na Terra são levantadas, desde a matriz energética mundial tornar-se totalmente renovável até o cultivo de hábitos alimentares com menos alimentos de origem animal. As pessoas começarão a se importar com a natureza à medida que se conscientizarem sobre ela, e hoje temos formas de expandir essa conscientização. Estes, entre outros, são apontamentos que o filme nos impulsiona a ponderar para o futuro que almejamos.