De acordo com a Associação Brasileira para Reciclagem de Resíduos de Construção Civil e Demolição (Abrecon), o Brasil joga fora oito bilhões de reais ao ano porque não recicla seus produtos. Para termos ideia, os números indicam que 60% do lixo sólido das cidades são originados da construção civil e 70% desse total poderia ser reutilizado, isso falando do ponto de vista financeiro, porque na parte ambiental os danos são incalculáveis. Nas últimas décadas, esses resíduos vêm recebendo cada vez mais atenção por construtores e pesquisadores do mundo todo, já que são apontados como um dos principais agentes da poluição ambiental. No Brasil, onde maior parte do processo construtivo é manual e cuja execução se dá em canteiros de obras, os resíduos da construção civil, além de potencialmente degradadores do meio ambiente, ocasionam problemas logísticos e prejuízos financeiros.
A fim de amenizar esses impactos, por lei, os Resíduos da Construção Civil (RCC) devem ser identificados e classificados conforme as Resoluções do CONAMA nº 307/02, nº 348/2004, nº 431/11 e 448/12, os empreendedores e as construtoras devem elaborar e apresentar o Projeto de Gerenciamento e Gestão de Resíduos da Construção Civil (PGRCC).
O Gerenciamento aborda as ações desenvolvidas por empreendedores e construtores no sentido de antever, controlar e gerir a manipulação de resíduos de obras através da construção de projetos em que serão especificadas a classificação, adoção de políticas dos 3R's (reduzir, reciclar, reutilizar), triagem, armazenamento, transporte e destinação final desses materiais. Já a Gestão visa políticas públicas, leis e regulamentos que balizam e direcionam os agentes do setor. No entanto mesmo com a existência de leis que orientem e de órgãos que fiscalizem, o ciclo se quebra no momento de descarte desses resíduos, pois há um déficit de empresas que reciclam esses materiais e as poucas que existem, devido à produção limitada e a falta de confiabilidade na qualidade dos produtos reciclados, possuem um crescimento muito lento e sofrem para manterem suas portas abertas. Para conseguir cumprir a lei, grandes construtoras montam dentro de seus canteiros pequenas usinas para a reciclagem desses materiais e os empregam na própria obra, conseguindo assim, executar seu planejamento no gerenciamento desses resíduos, ação que é inviável para pequenas obras.
Acredito que o caminho seja: investimentos em pesquisas tecnológicas e capacitação profissional; incentivos fiscais, tanto para os fornecedores quanto aos consumidores desses produtos; programas de divulgação junto à população sobre a existência desses produtos e a conscientização dos impactos ambientais, não só para futuras gerações, mas para a geração presente que já sente as consequências. Sabemos que o caminho é longo e desgastante, porém, é um caminho sem volta, precisamos ser mais sustentáveis e menos degradadores do meio ambiente. Afinal, a Terra é nossa casa.