Com os atuais acontecimentos climáticos que temos visto no Mundo e no Brasil, como as queimadas na Floresta Amazônica, a seca no Pantanal, fica muito evidente que nossas ações, a partir de agora, devem considerar obrigatoriamente a conservação ambiental como premissa básica para a construção de qualquer projeto, seja de uma casa, um edifício ou até mesmo de uma indústria, sendo mantida assim, os três pilares da responsabilidade sócio sustentável, que são: Ambiental, Social e Econômico.
A Indústria da construção civil, por ser uma área que contribui diretamente para o desenvolvimento econômico de um país, deve considerar em seus processos, a busca constante do desenvolvimento sustentável, principalmente no que se refere a reutilização de materiais, por exemplo o vidro.
Legislações brasileiras como a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), determina que o grande poluidor, aquele que gera mais de 120 litros de resíduos, deve criar processos de destinação adequada ao referido material.
Segundo dados das perspectivas para geração de energia provenientes do lixo no Brasil, só da reciclagem de papel, plástico, metal e vidro é de 55 TWh de conservação de energia pela reciclagem destes materiais, ou seja, menos recursos naturais sendo utilizados. Só para se ter ideia, a usina de Itaipu gera cerca de 100 TWh/ano (Fonte: 36º Fórum Potência SENAI DR/DF – DIA DO ELETRICISTA 2019).
Com base nestas informações e a necessidade de se pesquisar e criar soluções que melhorem processos, criação de novos produtos e a conservação de nossa biodiversidade. A partir desta constatação é que nasceu a ideia do “Concreto Sustentável” proveniente de resíduos domésticos industriais feitos de vidros triturados.
A viabilização dessa pesquisa ocorreu através do projeto integrador do Instituto Federal de Brasília Campus Samambaia, o qual foi idealizado pelos docentes Larissa Andrade e Franz Castello Branco e pelos discentes do PROEJA 4 no segundo semestre de 2019 do curso de Técnico em Edificações.
O intuito desse projeto é criar uma forma de reciclagem de vidro no DF para uso na Construção Civil adequado às leis brasileiras vigentes que dispõem sobre a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 5.610/2016; Lei 12.305/2010 e Lei 7.404/2010), que tenha baixo custo, e possibilite, sobretudo, a criação de métodos de reciclagem a fim de reduzir o impacto ambiental causado pelo descarte inadequado de garrafas de vidro na natureza, tendo em vista que a decomposição total de um vidro pode variar entre 4 mil anos até um milhão de anos.
O concreto sustentável teve como objeto de estudo o vidro, principalmente os provenientes de bebidas alcoólicas e refrigerantes.
Em média uma garrafa tipo long neck de 300 ml corresponde à produção de cerca de 25 gramas de agregados que, dependendo da necessidade, podem ser triturados nas fases granulométricas denominadas como miúdo ou graúdo. Este agregado misturado ao cimento e outros elementos compõe a massa do concreto, dando volume e reduzindo consideravelmente os custos de outros materiais, como por exemplo, da brita.
Embora os diversos processos da cadeia de produção desses materiais requeiram estudos mais aprofundados, pressupõe-se que esta pesquisa trará novos rumos ao tratamento deste resíduo no Distrito Federal, bem como nos métodos de descarte para os diversos geradores desse resíduo. Sendo assim, a relevância deste projeto reside, dentre tantos benefícios, também na redução deste material nos aterros sanitários, visto que no Distrito Federal não existe empresa que realize esse tipo de serviço.
Desde 1º de janeiro de 2018, a Lei 5.610/2016 (lei dos grandes geradores) passou a valer no Distrito Federal (DF) para estabelecimentos comerciais que geram acima de 120 litros de resíduos indiferenciados por dia. Dessa forma, muitos estabelecimentos que comercializam bebidas em garrafas de vidro se tornam grandes geradores, visto que no DF não existe indústria de reciclagem do material, sendo o vidro descartado como lixo comum.
Como grande gerador, o comerciante é responsável pela gestão dos seus resíduos e, para cumprir a lei, deveria contratar uma empresa para coletar, transportar e destinar para aterros sanitários. Uma logística que traria custos para empresa.
Segundo reportagem do Correio Brasiliense (2018), em 2014, ao menos sete cooperativas e duas redes de supermercados recebiam gratuitamente garrafas de vidros no DF. No ano passado, a última cooperativa que oferecia o serviço, a Recicle a Vida, em Ceilândia, parou de receber os materiais devido ao prejuízo financeiro.
Agora, o vidro não faz mais parte da coleta seletiva no DF. Quando o brasiliense descarta o material como reciclável, o SLU gasta dobrado, pois paga tanto para a cooperativa o valor da coleta seletiva pelo peso do material entregue e, depois, precisa mobilizar outra equipe para retirá-lo da cooperativa. Por isso é tão importante que os moradores descartem da maneira correta e, de preferência, levem o material aos pontos de entrega voluntária. De acordo com o Serviço de Limpeza Urbana (SLU) do DF, hoje, nenhuma cooperativa da capital federal recicla vidro, em razão do alto custo para transportar o material até a usina mais próxima, em Guarulhos (SP), a 854km de distância do DF. Uma parceria entre o Serviço de Limpeza Urbana (SLU) e a Green Ambiental, no entanto, aproximou esse serviço do cidadão desde janeiro deste ano.
Em países como a Alemanha, a lei é semelhante à brasileira, mas obriga toda a cadeia produtiva a colaborar. O consumidor tem a obrigação de levar o vidro ao local onde comprou, que, por sua vez, o envia a quem forneceu para que passe pelo processo de reciclagem. O vidro é um dos materiais mais antigos que se conhecem. Embora os historiadores não disponham de dados precisos sobre sua origem, foram descobertos objetos de vidro nas necrópoles egípcias, por isso, imagina-se que o vidro já era conhecido há pelo menos 4.000 anos antes da Era Cristã, e que fora descoberto de forma casual. Acredita-se que ele foi descoberto pelos navegadores fenícios, que, ao fazerem uma fogueira na praia, verificaram que com o calor, a areia, o salitre e o calcário reagiram, formando o vidro. O vidro é uma substância inorgânica, homogênea e amorfa, obtida através do resfriamento de uma massa em fusão. Suas principais qualidades são a transparência e a dureza. O vidro tem incontáveis aplicações nas mais variadas indústrias, dada suas características de inalterabilidade, dureza, resistência e propriedades térmicas, ópticas e acústicas, tornando-se um dos poucos materiais ainda insubstituível, estando cada vez mais presente nas pesquisas de desenvolvimento tecnológico para o bem-estar do homem.
Alunos
Agis Gomes Maciel
Alexandre Sales Moreira
Carlos André Pereira de Almeida
William Feitosa Cassiano
Professora
Larissa Andrade de Aguiar