Nascido em Salvador no ano de 1971, Gustavo Guimarães veio para Brasília antes de completar 3 (três) anos. Na capital do país, ele viveu toda a sua infância, juventude e formação profissional. Teve a oportunidade e o privilégio de estudar em escolas particulares durante o seu desenvolvimento, e foi assim que ainda jovem iniciou a sua carreira nos cursos de Ciências da computação e Filosofia na Universidade de Brasília.
Em 1988, ele começa a aprender sobre inteligência artificial e escolhe essa área para continuar seus empreendimentos, sendo, de certa forma, pioneiro em diversas vertentes tecnológicas ligadas à área, sobretudo, após tornar-se bacharel em administração.
Aos 22 (vinte e dois) anos, abre a própria empresa de tecnologia e hoje se apresenta como o CEO da multinacional Qubo Technologies.
IFB em Pauta: Quem foram os líderes que te inspiraram e ainda te inspiram a ser você?
Gustavo: Bom, liderança… é bem conceitual, não existe aquele líder infalível que está certo em 100%(cem por cento) das situações, as lideranças aparecem dentro de contextos, às vezes uma pessoa que é muito tímida, muito calada pode ser um líder em uma situação de emergência, ele é um líder em determinadas situações. (...) existem outros tipos de liderança que são pessoas capazes de inspirar você pelo conjunto de pensamentos, pela elaboração cognitiva, por te ensinar coisas interessantes, por te apresentar visões de mundo diferentes do que você está acostumado... essas pessoas acabam por formatar um pouco, você tem alguns direcionamentos que mudam você de alguma maneira, elas não são necessariamente líderes mas são influentes para formar uma trajetória na sua vida. (...) tive a oportunidade de conhecer excelentes mentores, chefes, pessoas que enxergaram em mim os talentos que eu tinha, minhas limitações e me ajudaram a me entender para superar as dificuldades que tive e maximizar meus talentos. Como chefe eu tive o Carlos Ferreira, ele não mora no Brasil há muitos anos, até largou o mundo dos negócios e da psicologia, foi ser psicanalista em Viena, hoje ele é professor e dado esse perfil dele de ser uma pessoa investigadora, de querer entender o outro, me influenciou bastante no aspecto humano, porque o mundo dos negócios é muito competitivo e isso torna ele muito árido as vezes, em nome da competição às vezes elas ultrapassam certos limites de respeito, ética e tudo mais e o Carlos era avesso a isso, foi ele que me fez entender como se constitui verdadeiramente um negócio, sem necessariamente ser anti-ético, desrespeitoso ou agressivo demais. A competitividade leva a agressividade muito facilmente e de forma excessiva.
Uma outra pessoa que me influenciou bastante foi o doutor Aloysio Campos da Paz Júnior, o criador da rede Sarah. Ele era essencialmente um humanista, uma pessoa que não tratava doenças, ele tratava doentes, era sempre um ser humano, não era aquilo que um ser humano continha, isso ficou impregnado em mim, era uma maneira como você consegue identificar em todas as situações o aspecto humano daquilo, não só um objeto, não só a cláusula daquele contrato ou a imagem daquela tela de artista ou o diálogo daquele filme, mas o que de humano existe dentro de tudo isso, é o que de fato nos diferencia de todas as outras espécies, essa capacidade. (...). Não é porque ele é genial que todos os traços dele são fantásticos, somos todos assim né? Essa é a verdade. O Steve Jobs foi inspirador no âmbito do mundo em que eu quis trilhar, o mundo da tecnologia e na minha geração especificamente a Microsoft era nova, a Apple também devia ter 4 anos mais ou menos, faço parte da geração que testou o mecanismo de pesquisa do Google, que se quer praticamente não existia e que hoje é uma das maiores do mundo. A minha geração viveu todas as transformações na jornada tecnológica e eu fui muito marcado por tudo isso (...) Isso que a gente tá fazendo agora, por exemplo, uma pessoa conversando com outra por uma tela era coisa de filme de ficção científica do final da década de 80. Então a minha geração de fato teve esse privilégio de ver a aceleração da mudança tecnológica porque foi isso que aconteceu né? Se produziu mais conteúdo tecnológico nos últimos 50 anos do que nos últimos 5000, é uma curva bastante acentuada. Na minha área também tenho um jovem chamado Ian Goodfellow, que é um nome que será lembrado um dia.
IFB em Pauta: Durante a sua jornada, o que você pensava ser quando fosse adulto?
Gustavo: Sempre tive envolvimento com a arte e inclusive toco bateria há cerca de 25 anos, mas a questão é que quando se é jovem temos muitos sonhos e eu também tinha, por isso abandonei a universidade de Brasília pra viver meu sonho na música, gravei dois discos, tive clipe na MTV, uma TV que passava somente clipes… só de música. Mudei de Brasília, vendi tudo o que eu tinha, fui viver numa república com a minha banda no Rio de Janeiro mas um dia a aventura acabou, a banda não fez sucesso e eu tive que voltar. A realidade é sempre mais importante que tudo.
IFB em Pauta: Quando você descobriu que gostava de trabalhar com o que faz hoje?
Gustavo: Quando eu voltei pra Brasília passei na UnB outra vez, dessa vez para estudar administração, nessa época eu já trabalhava pra ajudar minha família e por isso precisava de um curso a noite e esse foi o que eu mais me identifiquei, para todos os efeitos hoje eu sou bacharel em administração pela UnB. Nunca deixei de trabalhar com ciência da computação, eu já programava computadores também desde os 14 anos e trabalho com isso até hoje, faz mais de 30 anos.
IFB em Pauta: O que você faz atualmente no âmbito profissional?
Gustavo: Tive uma trajetória de formação que me influenciou a abrir logo uma empresa, sempre fui um empreendedor, com 22(vinte e dois) anos eu já tinha empresa de tecnologia, desenvolvia Softwares para pequenos negócios como por exemplo, controle de vendas de cantinas de colégio, dos mercadinhos... eu desenvolvia esse tipo de Software e depois eu tive a oportunidade de passar em alguns processos seletivos importantes de multinacionais da área de tecnologia, como a Microsoft onde eu trabalhei por 5(cinco) anos e meio, outra onde trabalhei por 6(seis) anos, a IBM onde eu fui Trainee… ali foi o meu primeiro emprego numa multinacional, eu tinha 22(vinte e dois) anos, tinha acabado de encerrar minha parte na sociedade dessa empresa que criei, durou 15(quinze) anos e olha que empresário no Brasil sofre bastante mas eu posso dizer que tive bastante sucesso. Acabei por voltar a empreender nos últimos 13(treze) anos, sempre na área de ciências da computação e ciências tecnológicas. E desde que eu escutei falar em inteligência artificial em 1989 eu nunca deixei de trabalhar com isso e tentar me capacitar mais.
Confira a entrevista gravada com Gustavo Guimarães abaixo: