Por Isadora Moura de Melo, 10/11/2021
I.
Sempre quis alguém que me ouvisse
Não as bobagens que falo de vez em sempre
Mas o que minha alma não sabe dizer
Que se esforçasse para captar
Tudo que não sai da minha boca
II.
Desculpa ter sumido
É que eu tava me procurando
Nesse tal mundo perdido
Mas acabei não me encontrando
Que percebi que para me achar
É necessário me amar
Não sei lidar
Sou apenas um bote
Em alto mar
III.
Eu sou natureza em transformação
Eu sou natureza em desconstrução
Eu sou natureza em evolução
Eu estou construindo a minha natureza
E todas as potencialidades que ela possui
Eu faço parte do todo
E eu quero cada vez mais me sentir
Sentir haver vida em mim
Sentir que sou vida
Eu sou o ar que entra em mim
Eu sou o que vejo
Eu sou o que ouço
Eu sou o que toco
Tudo faz parte de quem eu estou construindo
Quero me sentir viva
IV.
A cada passagem eu desapareço
Peço ajuda, mas nem eu me vejo
Fico vagando a cada segundo
Sinto me afundando
Meu corpo parece não ter mais peso
Eu pereci aqui
No meu espaço e consolo mental
Eu me destruo e me concerto
Não sei ao certo
Só sinto que no vazio esbelto
Eu estou aqui
Sozinha por completo
V.
A gente se mata todos os dias
Em conta-gotas de suicídios não-violentos
Morremos um pouco
Quando deixamos de ser quem gostaríamos
Quando silenciamos as nossas verdades
Quando os vícios se tornam nossos melhores momentos
Quando fazemos coisas por obrigação
Não por vontade
Quando amamos e não somos amados
Morremos
VI.
Tudo que passei
Eu sempre falei cansei
Mas nunca deitava
Para descansar
Tudo que eu tocava
Eu absorvi
VII.
A casa
Eu observava, observava do lado de dentro, a casa em chamas... Descia as escadas passando a mão pelo corrimão e contemplando, se transformando em cinzas
O fogo se expandia a cada segundo e a culpa era minha, inteiramente, completamente, somente minha
Não tinha saída, as portas e janelas já haviam sido totalmente queimadas, não passavam de cinzas assim como eu que, já havia perecido há muito tempo
Apenas observava a casa, ficando cada vez mais vazia, mais devastada, mais morta e com o tempo
A casa era eu
VIII.
A cada palavra gasta
A cada palavra não dita
Eu te dedico
Eu te explico
Sua partida é algo que eu suplico
Algo que eu me identifico
Se eu pudesse eu teria feito antes de você
Mas infelizmente isso eu não pude fazer
IX.
A tristeza é algo viciante
Como uma droga ela vai te consumindo
A solidão é algo atraente... E o vazio?
Ele ocupa um espaço imenso
X.
Talvez eu fosse meio louco
Querendo estar aqui
Mas tentando fugir de mim
Penso que sim
A cada partida, a cada entrada
Eu te venero, eu te suplico
Posso estar aqui, mas em conflito
E o famoso "faça o que falo não o que faço"
Eu tô aqui
Mas longe de mim...
XI.
Andar pela rua de noite é diferente
Você não escuta nada, só sente
O ar fica pesado, não dá para respirar
A cada passo fica mais difícil de andar
A batida do seu coração fica cada vez mais alta,
Mais clara, mais atrapalhada
Logo você faz parte do cenário
Olha para o céu, se concentra no azul
Uma pena, tudo escuro
Do meu lado, não vejo ninguém
Como sempre, essa solidão acompanhada de liberdade
O sopro frio vindo em sua direção
Difícil querer a liberdade
E não saber lidar com a solidão,
Escuridão, não vejo nada
XII.
Como descrever você?
A cada sorriso, a cada abraço
A cada declaração
Vejo-me entrando
Em um amor de intensa sensação
Entrego-me, mas nem tanto
Você é quem eu amo
Apesar de todo esse encanto
Você me deixa sem canto
Tento não me deixar bambo
Você...
Acabou de me conhecer
De me escolher
Talvez fosse difícil para você
Não iria entender
É fácil e difícil de compreender
Eu amo você
Perto ou longe
XIII.
Na noite escura
Na noite fria
Na cama vazia
Mas a cabeça cheia
Me via de longe
Fora do meu corpo
Me olhava e não reconhecia
O que eu me tornei?
XIV.
Estou tentando fazer
Me dar bem com meu passado
Para não atrapalhar meu futuro
Mas ele vive em constante rejeição
XV.
Passou-se tanto tempo
E agora a garota que possuía o sorriso mais encantador
Mesmo sempre suportando e acreditando que resolveria qualquer coisa
Sem perceber, seus problemas, perderam o controle, cansou, assim sendo sufocada lentamente
Reservatórios de força já começaram a ser usados e hoje estão quase vazios
Não há mais forças...
Contudo, seu tempo está se esgotando, a única coisa que resta é aproveitar essa despedida
E aguardar o dia em que isso tudo lhe terminará
XVI.
Sinto-me sufocando mais uma vez
Cada vez que tento puxar mais o ar
Mais eu fico sem ele
Meus dias ficam cada vez mais monótonos
Se repetem e ficam exaustivos
A cada três palavras
Sinto que vou desabar na segunda
XVII.
Momento
Eu quero ser forte como a lua
E tão brilhante como o sol
Eu quero que o universo se dane com o eclipse
Ninguém rege em nada disso