Preciso confessar que estou cansada da situação toda. Almejo que deixe-me ir viver minha vida de estudante, obrigada a seguir um método padrão para se ter sucesso. Preciso andar se não, se eu parar, irei ser condenada a vagar pelas ruas mendigando pão e esmola. Coitado desse povo, injustiçados pelo estado extremamente capitalista e importuno. Vou por aí a procurar histórias dessas pessoas que amam a vida que as odeiam, que trouxeram-nas sofrimento e desigualdade. Quando eu for ouví-las sei que dirão que devemos rir pra não chorar, pois a vida é dor e quem não sabe se acostumar com isso estará condenado à sofrer duas vezes mais.
Quero assistir ao sol nascer sem me preocupar com o que serei por conta do desamparo do estado. Quero ver as águas dos rios correr sem temer que não sejam bem tratadas pelo ser humano. Almejo ouvir os pássaros cantar em um sábado bem ensolarado que me convida a ir para um clube com meus amigos sem receber uma bala perdida e acabar sendo morta.
Se alguém por mim perguntar diga que estou em um profundo tratamento de mim mesma, arquitetando meu futuro, rebocando meus erros e pintando a parede do meu passado. Diga que eu só vou voltar depois que eu virar o ser que eu sempre quis me tornar. Como ela é? Só vou saber depois que me encontrar.