Dança Macabra
Por Alícia Lopes de Araújo – 06/09/2021
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A dança macabra ou a dança da morte personifica a morte como a justiça, inevitável e imparcial. Ela nos guia a um mesmo lugar, independente da nossa hierarquia social, gênero, idade ou cor. A dança macabra foi um tema presente em afrescos, painéis, iluminuras e outras modalidades de expressão artística, durante o período conhecido como Idade Média. Na época, por volta dos séculos XIV e XV, a população europeia estava destinada à fome, guerras constantes e diversas epidemias, especialmente a Peste Negra. Nesse contexto, a religião ganhava destaque no cotidiano, já que as indicações médicas estavam ligadas ao comportamento moral, religioso e o medo ao inferno fazia parte do imaginário coletivo. Assim, a dança macabra tornou-se um tema, simbolizando a atmosfera fúnebre marcada pela calamidade medieval, bem como uma resposta ao luto e à perda.
Como alegoria medieval, teve um impacto psíquico que levou milhares de pessoas a refletir sobre como a vida era frágil e passageira, gerando desejo de penitência religiosa e celebração da vida enquanto era possível. Esse tema foi representado na música, na literatura, nas artes cênicas e nas artes visuais. Uma das obras mais marcantes, o mórbido poema de Henri Cazalis, intitulado “Danse Macabre”, teve inspiração no poema sinfônico de Camille Saint-Saens. Segundo a obra, à meia-noite, a morte tocava um violino para acordar os mortos de suas covas e, conforme os esqueletos dançavam, os ruídos de seus ossos soavam como xilofones. Ao nascer do sol, com o canto do galo, os mortos retornavam ao seu descanso. A série de pintura parisiense Cimetiere des Innocents, de 1424, foi um dos primeiros exemplares desse tema em representações visuais. A série representava uma dança entre a hierarquia da igreja e do estado sendo conduzida por esqueletos aos seus túmulos.