No século XVIII, surgem as primeiras linhas de pensamento para explicar a origem do universo, bem como, o desenvolvimento da vida. Assim, emergem os estudos sobre a história da evolução da Terra e a geologia. Como as formações rochosas sucederam-se e quais suas atribuições para a sobrevivência humana, eram perguntas constantes para o progresso intelectual dos que se propunham à investigação. Dentre os principais nomes estão, James Hutton, o Conde de Buffon, Jonh Playffair e Charles Lyell, todos adeptos ou percussores do Uniformitarismo¹.
Neste grupo de cientistas, há um geólogo e mineralista, considerado o principal defensor da ideia netunista sobre a formação rochosa do planeta. Abraham Gottlob Werner, recebeu certa fama por suas contribuições devido à sua proposição geológica ser coerente com a narrativa do dilúvio, descrita no livro de Gênesis, na Bíblia Cristã.
A história relata que Deus teria convocado seu servo justo e fiel Noé, para construir uma Arca de dimensões gigantescas, onde seriam abrigados um casal de cada espécie animal, juntamente com sua família. Essa tarefa foi atribuída a Noé, pois Deus havia se entristecido com a maldade e corrupção humana, decidindo então, trazer justiça sobre aquelas pessoas lançando um dilúvio que inundaria todo o planeta e mataria qualquer vida existente fora da Arca, a Bíblia relata que até o monte mais alto da Terra foi coberto completamente pelas águas do céu (considerando o Monte Everest, podemos concluir que se trata de bastante água).
Dito isto, o netunismo propunha que em tempos remotos, o mundo era completamente coberto por um oceano e que a partir da sedimentação³ causada pelas águas, os continentes e as rochas teriam se formado, o que é compatível com a história bíblica. Os seguidores de Werner, eram conhecidos como netunistas e bem aceitos pelos religiosos da época.
Essa conciliação entre Fé e Ciência para o contexto, era algo raro e admirável de ver, devido à dispersão europeia do Iluminismo que, foi marcado pelo progresso científico e pelo questionamento das alegações de que Deus criou o universo e todos os seres vivos, ideia conhecida e aceita pela maioria como essencialismo³.