Mesmo com raízes profundas, a tatuagem na cultura ocidental carregou e ainda carrega um grande tabu gerado pelas práticas coloniais de povos europeus que dominaram regiões como a Ásia, a África e a própria América. Assim, a cultura da tatuagem corporal se viu marginalizada por uma visão branca, masculina e elitista. Ressalta-se que ainda que de forma lenta, a grande mídia tem permitido maior circulação de 3 indivíduos com esse tipo de arte na pele em seus principais meios. Usando como exemplo a Rede Globo, segunda maior emissora do planeta, à frente de seus principais telejornais diários estão pessoas cuja pele permanece evidentemente “intocada”. Um movimento notável é o da apresentadora da revista eletrônica semanal da emissora – o “Fantástico” –, Poliana Abritta, ter deixado uma tatuagem à mostra num dado programa, o que foi motivo de debate e comentários diversos nas redes sociais nos dias seguintes à sua exibição. Em outros formatos, destinados a um público mais jovem, como o G1 em 1 Minuto, inserto na programação da emissora em programas como o “Encontro”, nota-se maior circulação de jornalistas com várias tatuagens evidentes, como o jornalista Cauê Fabiano.
Como fruto de uma sociedade excludente, a tatuagem se viu como mais uma prática cultural que não é aceita socialmente e comercialmente. De acordo com uma Monografia feita no curso de Direito do Centro Universitário “Antônio Eufrásio de Toledo” de Presidente Prudente, parte do preconceito contra esse tipo de arte deve-se pela mesma fazer parte da “subcultura carcerária”, isto é, ser uma prática constante dentro do sistema prisional. Assim, como herança do olhar marginalizado, os tatuados vivem experiências como a da negação de empregos ao “olho torto” na rua.
Pela restrição ao acesso de materiais de qualidade na época do ganho de sua popularidade, a tatuagem no Brasil ganhou uma identidade própria. A década de 70, que foi marcada por grandes movimentos culturais nos Estados Unidos, foi uma das responsáveis pela popularização da body art. Se a cultura pop de cá era altamente impactada pelas produções estadunidenses, a cultura se transformou através da disseminação do acesso à cultura do rock no território nacional. Com figuras tatuadas como Axl Rose, da banda Gun’s and Roses - e outros artistas do nicho, como as bandas “Ramones” e “The Clash” -, uma geração foi influenciada a se expressar através da arte corporal, como visto no movimento punk, um movimento artístico de contracultura que tinha sua própria identidade visual.