O projeto de extensão “Cuiabá e o Direito à cidade: da teoria à educação em quadrinhos”, vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário de Várzea Grande (UNIVAG), tem como objetivo promover uma reflexão crítica sobre o Direito à Cidade e suas implicações sociais e ambientais, utilizando histórias em quadrinhos como recurso didático. O conceito de Direito à
Cidade, cunhado pelo filósofo Henri Lefebvre, é um direito humano e coletivo que defende o espaço urbano como um bem comum, opondo-se à mercantilização dos territórios e propondo uma cidade inclusiva e acessível a todos.
O projeto foi organizado em três etapas. A primeira, intitulada “David Harvey e o problema do espaço (urbano) e o Capital”, ocorreu entre maio e julho de 2024 no formato de um minicurso que consistiu em encontros de leitura e discussão de textos do geógrafo David Harvey, fornecendo uma base teórica para o restante do projeto.
Na segunda etapa, “Cuiabá em Quadrinhos: Um Olhar Contemporâneo sobre o Direito à Cidade”, uma história em quadrinhos foi desenvolvida pelos alunos da graduação em Arquitetura e Urbanismo do UNIVAG, os quais foram capacitados em técnicas de criação e desenho. Essa etapa abrangeu desde o desenvolvimento de personagens até a roteirização e finalização digital do produto. A narrativa construida aborda temas urbanos e ambientais contemporâneos de Cuiabá, com enfoque no Direito à Cidade. Um dos personagens principais dessa narrativa é uma avó cuiabana, cuja criação com características locais, como marcas de expressão na linguagem, buscam valorizar os saberes locais. A personagem representa a importância de uma
perspectiva crítica que integre as questões ambientais e urbanas à sabedoria popular.
A terceira etapa, “Direito à Cidade na Prática: Educando com Quadrinhos”, consistiu em em oficinas com alunos de escolas da rede pública, utilizando o material desenvolvido como recurso pedagógico. Essas atividades permitem avaliar a compreensão e o engajamento dos estudantes em relação às questões abordadas, promovendo uma conscientização crítica sobre os desafios urbanos contemporâneos
de Cuiabá.
Projetos de pesquisa
DINÂMICAS SOCIOESPACIAIS: TEORIAS E PRÁTICAS
O projeto de pesquisa propõe uma análise reflexiva da cidade contemporânea, com foco na Região Metropolitana do Vale do Rio Cuiabá. Utilizando diversas perspectivas multidisciplinares, o objetivo é investigar de forma crítica a produção, regulação, apreensão e apropriação do espaço urbano. Buscando desenvolver novas ferramentas analíticas para lidar com os conflitos dos problemas urbanos atuais, são exploradas áreas como uso do solo urbano, planejamento, habitação, regularização fundiária, segregação socioespacial, mobilidade, impactos econômicos de grandes projetos e megaeventos culturais e esportivos, conflitos socioambientais, riscos e metropolização. As análises tensionam conceitos como formal/informal, planejado/não-planejado e projeto/cartografia, visando refletir sobre os processos de produção urbana e contribuir para políticas públicas e a gestão democrática do espaço urbano contemporâneo.
CULTURA, IDENTIDADE E ESPAÇO URBANO
O projeto de pesquisa visa compreender as formas e mecanismos segundo os quais a cultura, a arte, noções de identidade e o espaço urbano são equacionados com os processos de produção da cidade contemporânea, destacando as relações de poder e desigualdades que permeiam essas dinâmicas. São enfoques deste eixo: o crescente vínculo entre cultura e economia; processos de apropriação urbana e as formas de espacialização artísticas resultantes deste vínculo; o papel da cultura e das políticas culturais no desenvolvimento econômico e social das cidades e como instâncias contra hegemônicas. O eixo privilegia o estudo desses fenômenos a partir da região Centro-Oeste do Brasil.
SEGREGAÇÃO SOCIOESPACIAL E DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL
Esta pesquisa propõe uma análise crítica da segregação socioespacial nas regiões metropolitanas brasileiras, evidenciando o papel estruturante dos agentes sociais, do mercado imobiliário e do sistema financeiro na manutenção das desigualdades urbanas. As políticas públicas habitacionais, longe de promoverem uma real democratização do acesso à moradia, frequentemente reforçam dinâmicas de periferização e fragmentação territorial, deslocando populações vulneráveis para áreas distantes e desprovidas de infraestrutura adequada. O crescimento dos assentamentos precários não é uma simples consequência da urbanização acelerada, mas o resultado de um modelo excludente de desenvolvimento urbano, que expulsa os mais pobres dos espaços consolidados e os empurra para territórios ambientalmente frágeis, protegidos por lei, mas sistematicamente desrespeitados em razão da especulação fundiária e da omissão do poder público. Diante desse cenário, esta pesquisa problematiza o acesso desigual à terra urbana e as implicações socioambientais desse processo, investigando o déficit habitacional, a degradação ambiental e a consolidação de um urbanismo excludente. A análise visa subsidiar políticas públicas que rompam com a lógica da urbanização desigual e promovam um planejamento urbano mais justo e sustentável, capaz de enfrentar as raízes estruturais da segregação socioespacial.