Publicado por Gregório Unbehaun Leal da Silva
Publicado originalmente em 16 de Novembro de 2020 (no Facebook)
Muitos amigos meus questionam resultados e a justeza de pleitos, como os do munícipio de Rio do Sul. O que perguntam é: como pode alguém, com menos de 40% dos votos válidos, ser eleito?
No Brasil, municípios com menos de 200 mil eleitores não têm segundo turno. A adoção de um segundo turno é defendida por muitos, entre eles, eu.
Existe outra forma, também mais justa, de resolver eleições apertadas ou evitar discrepâncias como as ocorridas com eleitos que têm menos de 50% dos votos. A opção seria adotar o sistema australiano de votação como regra para municípios com menos de 200 mil eleitores.
Nesse sistema, o eleitor estabelece um ranking de preferência aos candidatos (veja imagem 1). Em vez de votar apenas no preferido, o eleitor deve elencar, além da primeira opção, também a segunda, terceira, quarta… (e assim por diante, dependendo do número de candidatos).
Esse sistema funciona quase como um segundo turno dentro do primeiro. Explico: na hora de contabilizar, os votos do último colocado são repassados aos demais (veja a imagem 2).
Imagem 1 - Cédula
Imagem 2 - exemplo de um condado australiano 1998, (NICOLAU, 2012)
E em Rio do Sul, como seria? O candidato Clóvis, que ficou em 5º lugar com 750 votos (veja os resultados na imagem 3), seria eliminado já na rodada um. Todas as segundas preferências de seus eleitores seriam repassadas aos outros quatro colocados.
Se, nesse novo ranqueamento, Tonet estivesse em 4º lugar, então todos os votos de segunda opção do eleitorado de Tonet também seriam repassados a Jaime, Jean e Thomé.
Nesse ponto, você pode estar se perguntando: mas o que acontece com votos de primeira opção em Clóvis e segunda em Tonet, já que eles não estão mais na disputa? Os votos seriam repassados para o candidato definido como a terceira opção destes eleitores.
A contagem funcionaria dessa forma, até que sobrassem dois candidatos com maior número de votos. Lembrando que estes votos poderiam ter vindo como segunda, terceira, e quarta opção.
Vamos supor que a eleição do seu município tivesse sido dessa forma. Ao ranquear outras opções, além da sua primeira escolha, você estaria ciente de que, caso seu candidato não vencesse, você contribuiria com a votação do seu segundo escolhido, e possivelmente do seu terceiro, a depender do resultado final.
Além de ser mais justo, esse sistema obrigaria (como suposição) que o eleitor se informasse mais sobre todos os candidatos e não apenas sobre os que têm mais chance ou os que preferem. Assim, candidatos "alternativos" teriam mais chance, o que também promove a alternância de poder.
O que você achou do sistema australiano? Fazendo um exercício de “E SE…” , quem você acha que ganharia a eleição a prefeito de Rio do Sul, nessa condição? Não há como calcular essa hipótese, mas não custa um palpite. O meu é de que Jaime Pasqualini seria o eleito (para saber mais - clique aqui).
Imagem 3 - Eleições Rio do Sul 2020 prefeito