PRODUÇÕES: resultados e publicações

Dissertação de Mestrado
"Caracterização do consumo de medicamentos psicofármacos por estudantes de uma universidade pública"

Telma Regina Fares Gianjacomo

RESUMO
Introdução: O uso medicamentos é um aspecto importante a ser avaliado em estudantes universitários, entre estes se destacam os psicofármacos. A comunidade universitária é composta por jovens potencialmente saudáveis, porém expostos a fatores de estresse, esforço intelectual, ansiedade. Esses fatores podem interferir na saúde e na qualidade de vida dos indivíduos, desencadeando uma série de comportamentos não saudáveis, favorecendo o aumento do consumo de psicofármacos. Objetivo: Analisar o consumo de medicamentos psicofármacos e sua associação com variáveis sociodemográficas, acadêmicas, hábitos e qualidade de vida dos estudantes. Métodos: Trata-se de um estudo transversal, sendo a população de estudo composta estudantes de graduação da Universidade Estadual de Londrina, regularmente matriculados no primeiro semestre 2019, com idade maior ou igual a 18 anos. A coleta de dados foi realizada entre abril e junho de 2019, por meio de um questionário eletrônico, que apresentava questões sobre aspectos sociodemográficos, perfil acadêmico, hábitos de vida, condições de saúde e o consumo de medicamentos de uso contínuo. A variável dependente foi o uso de psicofármacos, sendo classificados conforme a classificação Anatomical Therapeutic Chemical (ATC). Os dados foram analisados utilizando-se o programa SPSS® versão 20.0. Para verificar a associação entre as variáveis e o desfecho, calculou-se a razão de prevalência, por meio do método da regressão de Poisson com variância robusta, considerando-se estatisticamente significativo p-valor <0,05. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa. Resultados: Participaram do estudo 3.238 estudantes, sendo 2.221 do sexo feminino (68,6%). Considerando os psicofármacos, 12,0% (N=396) do total de participantes relataram o seu uso, observando-se maior prevalência de uso entre as mulheres (RP 1,55; IC95% 1,41-1,70; p<0,001). Em relação aos psicofármacos, a maior prevalência de uso, destacaram-se os antidepressivos, dos quais os inibidores seletivos da recaptação de serotonina foi o mais frequente (46,5%). Para o sexo feminino, o consumo de psicofármacos associou-se à cor branca/amarela (RP 1,30; IC95% 1,02-1,64), acesso a plano de saúde (RP 1,57; IC95% 1,29-1,91), utilização de drogas ilícitas nos últimos 3 meses (RP 1,35; IC95% 1,08-1,70), percepção da saúde mental ruim/muito ruim (RP 1,75; IC95% 1,24-2,47), baixa (RP 1,57; IC95% 1,09-2,26), moderada (RP 1,46; IC95% 1,03-2,07), alta preocupação com a forma corporal (RP 1,46; IC95% 1,04-2,05) e o diagnóstico de depressão (RP 8,36; IC95% 6,64-10,52). Para o sexo masculino, associou-se ao trabalho remunerado (RP 1,89; IC95% 1,04-3,43), depender parcialmente de recursos financeiros de familiares (RP 4,00; IC95% 1,32-12,10), acesso ao plano de saúde (RP 1,65; IC95% 1,01-2,48), àqueles da área acadêmica de exatas e tecnológicas (RP 2,26; IC95% 1,01-5,13), estar insatisfeitos/muito insatisfeitos com o curso (RP 2,31; IC95% 1,25-4,28) e ser muito dependentes de mídias sociais (RP 1,80 ; IC95% 1,12-2,90) e o diagnóstico de depressão (RP 10,83; IC95% 6,89-17,02). O diagnóstico de depressão e o acesso a plano de saúde privado associaram-se ao consumo de psicofármacos tanto ao sexo feminino quanto ao masculino. Conclusões: Os resultados encontrados indicam uma elevada prevalência do consumo de psicofármacos, particularmente nas mulheres. Espera-se que essas evidências possam embasar ações em nível local, de forma diferenciada para homens e mulheres, para promover não somente campanhas de uso racional de medicamentos, mas também medidas para minimizar e auxiliar os estudantes com o estresse que a jornada acadêmica proporciona.

Dissertação de Mestrado
"Violência contra estudantes universitários no ambiente acadêmico: uma análise por sexo"

Elidiane Mattos Rickli

RESUMO
A violência acarreta grandes prejuízos para a sociedade, acometendo principalmente os mais jovens. Alguns grupos são mais vulneráveis a sofrer violência. Pessoas de raça/cor preta, parda ou indígena, com baixo poder socioeconômico, mulheres, jovens, não heterossexuais e com sobrepeso ou obesidade estão sob maior risco. Contudo, é possível que as causas da violência sejam diferentes conforme o sexo. Diante disso, o presente estudo teve como objetivo analisar a violência ocorrida no ambiente acadêmico de acordo com o sexo de estudantes de graduação da Universidade Estadual de Londrina. Foram analisadas as violências psicológica, física e sexual, ocorridas no ambiente acadêmico, incluindo eventos acadêmicos e festivos, nos 12 meses anteriores à pesquisa. Para análise de associações, focou-se na violência psicológica (VP), por sexo. Na investigação sobre VP foram consideradas situações como humilhação, sentir-se excluído, ameaças, discriminação por raça/cor ou orientação sexual. A análise foi feita segundo variáveis sociodemográficas, acadêmicas e de saúde, além do local da agressão e agressor. A coleta de dados ocorreu entre abril e junho de 2019 por meio de questionário online. Os dados foram armazenados diariamente em arquivo Excel. A análise descritiva foi realizada por meio de frequências absolutas e relativas. Para verificar as associações, para cada sexo, utilizou-se teste qui-quadrado de Pearson, com nível de significância de 0,05. A regressão de Poisson com variância robusta foi usada para análises ajustadas, incluindo nos modelos as variáveis com p-valor < 0,20 nas análises bivariadas. A maior parte dos estudantes tinha idade entre 18 a 21 anos (60,5%), era do sexo feminino (68,6%) e de raça/cor branca (69,8%). As prevalências de violência psicológica, física e sexual foram, respectivamente, de 43,8%, 1,0% e 9,4%. A violência física foi proporcionalmente mais relatada por estudantes do sexo masculino, enquanto as violências psicológica e sexual pelo sexo feminino. O local mais frequente de ocorrência de VP foi a sala de aula, e, no caso das violências física e sexual, os eventos festivos. O principal agressor foi outro estudante da universidade, independente da natureza da violência. Após ajustes, observou-se maior frequência de VP contra estudantes de ambos os sexos que se declararam não heterossexuais. Entre as do sexo feminino, a frequência de VP foi maior entre as mais jovens (RP na faixa de 18 a 21 anos=1,25; IC95% 1,01-1,54 e RP de 22 a 25 anos=1,32; IC95% 1,06-1,64) em comparação à faixa de 26 anos ou mais, e entre as que consumiam álcool semanalmente/diariamente (RP= 1,29; IC95% 1,01-1,66). Entre os do sexo masculino, o ingresso na Universidade pelo sistema de cotas (RP=1,27; IC95% 1,01- 1,60) e ser da raça/cor preta/parda/indígena (RP=1,19; IC95% 1,01-1,39) associaramse à VP. Este estudo confirma que alguns estudantes são mais vulneráveis à violência, com destaque para a orientação sexual, em ambos os sexos, e condições socioeconômicas, no sexo masculino. Medidas de combate ao preconceito e discriminação precisam ser ampliadas no ambiente acadêmico a fim de reduzir a violência e suas consequências.

Dissertação de Mestrado
"Associação entre qualidade do sono e características sociodemográficas, acadêmicas e uso de mídias sociais em universitários"

Rafaela Sirtoli

RESUMO
O sono exerce importante função restauradora, de conservação de energia e de proteção. Um indivíduo pode se adaptar a um padrão de privação do sono, porém há o comprometimento de funções cognitivas e do bom funcionamento do organismo. Devido às particularidades do ambiente acadêmico, os estudantes de graduação constituem uma população de risco para transtornos mentais – inclusive os transtornos do sono. Nesse sentido, o objetivo desta dissertação foi analisar a qualidade do sono dos estudantes universitários e sua associação com variáveis sociodemográficas, acadêmicas e o uso de mídias sociais. Trata-se de um estudo transversal e analítico, realizado por meio de um questionário online. A população consistiu em estudantes de graduação da Universidade Estadual de Londrina com matrícula ativa no primeiro semestre de 2019. Dos 13.339 estudantes matriculados na universidade em 2019, 12.536 foram considerados elegíveis para a pesquisa. A coleta de dados ocorreu no período de 29 de abril a 28 de junho de 2019. Realizou-se intensa atividade de divulgação por meios de comunicação diversos, além de divulgação presencial para todas as 259 turmas de graduação. Utilizou-se o Pittsburgh Sleep Quality Index (PSQI) para a avaliação da qualidade do sono. Foram analisadas variáveis acadêmicas, sociodemográficas e relacionadas à dependência autorreferida de mídias sociais. Constatou-se que 71,1% dos 2.736 respondentes atingiram escore global > 5 pontos no PSQI, caracterizando uma má qualidade do sono. A má qualidade do sono se associou ao sexo feminino (Razão de Prevalência, RP: 1,171; Intervalo de Confiança, IC95%: 1,106-1,239), a estar entre o 4º a 6º ano do curso (RP: 1,114; IC95%: 1,041-1,192), a estudar no turno integral (RP: 1,159; IC95%: 1,007-1,334) ou matutino (RP: 1,195; IC95%: 1,035-1,380), a sentir-se insatisfeito com o seu desempenho acadêmico (RP: 1,366; IC95%: 1,292-1,445), ao maior tempo de deslocamento até a universidade (RP: 1,214; IC95%: 1,088-1,354), e à dependência autorreferida de mídias sociais (RP: 1,073; IC95%: 1,010-1,140). Os resultados encontrados indicam alta prevalência de má qualidade do sono, relacionada a diversos fatores inerentes ao ambiente universitário. Espera-se que os resultados desse estudo possam embasar ações a nível local, além de chamar atenção para discussões mais amplas e intersetoriais.

Dissertação de Mestrado
"Associação entre indicativo de depressão e perfil sociodemográfico, acadêmico e hábitos de vida em universitários"

Jéssica Vertuan Rufino

RESUMO
A depressão é considerada um importante problema de saúde pública, uma vez que pode acarretar prejuízos econômicos e sociais. Os determinantes dessa doença incluem, além dos atributos individuais, fatores sociais, culturais, econômicos, políticos e ambientais. Devido às particularidades do ambiente acadêmico, como o grande número de cobranças acadêmicas e pessoais, além de questões relacionadas ao ambiente social, os universitários constituem uma população de risco para esse transtorno. Nesse sentido, o presente estudo objetivou analisar a associação entre o indicativo de depressão e variáveis sociodemográficas, acadêmicas e hábitos de vida em estudantes de graduação. Trata-se de um estudo epidemiológico, de delineamento transversal e abordagem quantitativa. A população foi composta por estudantes de graduação regularmente matriculados no primeiro semestre de 2019 da Universidade Estadual de Londrina e a coleta de dados ocorreu no período de abril a junho de 2019, por meio de um questionário online. O indicativo de depressão foi mensurado pelo Patient Health Questionnaire-9, identificando-se com presença do indicativo de depressão indivíduos com escore maior ou igual a nove. As variáveis independentes foram sociodemográficas, acadêmicas e relacionadas aos hábitos de vida. Para verificar a associação entre as variáveis e o desfecho, calculou-se a razão de prevalência, por meio do método da regressão de Poisson com variância robusta, considerando-se estatisticamente significativo p-valor <0,05. Dentre os 3169 universitários respondentes, 74,1% apresentaram indicativo de depressão, apresentando associação com sexo feminino (RP 1,10; IC95% 108-1,13), não ser heterossexual (RP 1,07; IC95%1,05-1,09) e dependência de mídias sociais (RP 1,06; IC95% 1,04-1,08). Também foram verificadas diferenças na razão de prevalência em relação às variáveis: trabalhar ≥45 horas/semana, cursos da área de agrárias e humanas sociais e artes, insatisfação com o curso e com o desempenho acadêmico, consumo de tabaco, bebidas alcoólicas e café com maior frequência, inatividade física, pior qualidade da alimentação, insatisfação com o tempo para lazer e maior tempo gasto com mídias sociais. Os resultados evidenciaram uma elevada prevalência do indicativo de depressão na população estudada, associado a diversos fatores inerentes ao ambiente universitário e hábitos de vida desses estudantes.