Depois de mais de três décadas de aplicação de políticas neoliberais na América Latina, a ofensiva contrarreformista não dá sinais de esgotamento, pelo menos em sua aparência. Seus traços marcantes encontram-se: (i) na execução do fundo público, cada vez mais disputado pelo mercado financeiro, com consequências gravíssimas naquilo que são os direitos sociais e subjetivos; (ii) nos recursos milionários aplicados à mídia empresarial comprometida com a (con)formação da maioria da população; (iii) nas alianças políticas de toda ordem de modo a garantir o pragmatismo eleitoral e a “governança” orquestrada junto ao imperialismo; (iv) nos processos de judicialização articulados ao forte aparato policial e militar, que garantem os golpes parlamentares, a criminalização de lideranças, organizações de esquerda e movimentos sociais latino-americanos expressivos (sem-terra, sem-teto, indígenas, quilombolas, negros, gênero, estudantil); (v) nos discursos de cunho moralista que, apoiados por intelectuais singulares e coletivos, buscam esgotar o papel político-social da educação e sobretudo do professor; (vi) no rejuvenescimento do movimento de “caça às bruxas”. Fica, pois, cada vez mais clara, a necessidade de se pensar a América Latina, organizar e tornar internacionalizado o movimento da classe trabalhadora que tenha por base a práxis sociopolítica e a análise crítica experiênciada por aqueles que vivem “do lado de cá” a dramática realidade do continente. Neste contexto, o I Seminário Estado, Trabalho, Educação e Desenvolvimento: o pensamento crítico latino-americano tem como objetivo promover o debate em torno da leitura crítica de autores que pensaram e pensam a especificidade das sociedades latino-americanas sob as diferentes temáticas: povos originários, diáspora africana, agroecologia, geopolítica, dependência e imperialismo, movimento empresarial, educação escolar e formação humana.