Perguntas Frequentes (F.A.Q.)

PERGUNTAS FREQUENTES sobre a Nota Técnica 01 - Risco dos bairros de Salvador ao espalhamento do COVID-19 decorrente da circulação de pessoas e condições socioeconômicas



1. Qual o papel dos transportes na proposta metodológica?


O transporte público tem papel de destaque no estudo. Ele pode ser o vetor de transmissão entre os bairros de Salvador? O transporte público tende a gerar uma maior aglomeração de pessoas, além disso é é utilizada em maior escala por populações de maior vulnerabilidade socioeconômica quando comparados ao uso por classes sociais de maior poder aquisitivo. O transporte público constitui um sistema que conecta áreas da cidade e leva diariamente, por exemplo, um grande número de pessoas de seus locais de moradia até o trabalho e depois, novamente, para casa. Esse fluxo de pessoas, majorado pela incidência de casos de COVID-19 em Salvador foi o nó inicial da proposta metodológica, ou seja, se um bairro apresentava incidência de COVID-19 no dia 23 de março, e podemos observar a partir da pesquisa Origem/Destino para quais outros bairros há um maior número de viagem por motivo de trabalho a partir deste, pressupomos que os bairros que recebem este fluxo de passageiros terão um perigo potencialmente maior para receber o vírus. Mas este é apenas um indicador, pois outras características devem ser observadas a partir daí.


Alguns bairros que pudemos identificar com perigo potencial mais elevado são também áreas socialmente mais vulneráveis e por isso, quando comparados a outros bairros da cidade, estarão em maior risco, terão menos capacidade de lidar com a disseminação do vírus. Por exemplo, se um bairro recebe muitas viagens vindas de outro que já teve diversos casos de COVID-19 confirmados e, ao mesmo tempo, possui uma alta concentração de casas em que vivem mais de dois moradores por cômodos, esses bairros terão seu risco aumentado, pois a politica de distanciamento social nestas área é mais complexa de ser realizada. Assim, com os bairros com maior perigo potencial calculados, quando sobrepomos estes mapas a indicadores de alta de vulnerabilidade social (baixo IDH, alta densidade de moradores, menor índice de saneamento básico, etc) se iluminam no mapa, e podem ser consideradas áreas em que o poder público deve dedicar uma atenção especial.


2. O estudo mede velocidade mais rápida do contágio do Coronavírus em bairros populares de Salvador?


Não, o estudo, a partir dos padrões de viagens em transporte coletivo, por motivo trabalho, extraídos da pesquisa origem-destino (O/D) de 2012, aponta, de forma preliminar, quais bairros podem vir a sofrer maior impacto com o espalhamento do vírus em função da sua vulnerabilidade socioeconômica e ambiental. Uma coisa que acreditamos que fica clara na nota técnica é que o fato dos casos de COVID-19 estarem na área nobre da cidade, não significa dizer que estão longe da periferia, pois muitos trabalhadores ainda devem estar circulando entre as duas áreas. Então, seguindo as orientações das autoridades de Saúde, quem puder ficar em casa, que fique, com certeza é melhor adiar a festa de aniversário, batizados e todos os eventos que aglomerem pessoas, por exemplo.


3. Os bairros como Pituba, Itaigara e Brotas são identificados como de maior número de pessoas infectadas pelo vírus (registrado pela imprensa em 25 de março). Porém na Nota Técnica 01 estes bairros não aparecem no ranking de alto risco de disseminação. Por quê?


O risco envolve um produto do Perigo Potencial (que é função da prevalência das doenças no bairro e a sua possível propagação para outros bairros em função do padrão de viagens da cidade) por um indicador socioeconômico. Como Pituba e Itaigara possuem melhor infraestrutura sanitária, IDH e menor densidade domiciliar (poucas residências tem mais de dois indivíduos por cômodo), estes bairros não foram identificados como mais arriscados.


4. O bairro Patamares apresenta um alto Perigo Potencial, mas nos indicadores de Risco ele não aparece com um bairro prioritário. Qual o motivo?

A mesma ideia da resposta para a pergunta 3 é válida para esta pergunta. Em função dos melhores indicadores socioeconômicos, a população do bairro Patamares possui maior resiliência para enfrentar a crise decorrente da pandemia.


5. O estudo terá sequência? Quando uma nova nota técnica será emitida?

Sim. Está sendo organizada uma subdivisão das escalas de tarefas. A sociedade também demonstra interesse em entender a vulnerabilidade ao vírus no interior do estado. Além disso estamos estabelecendo relações mais sólidas com os gestores públicos, visando conseguir dados melhores e mais detalhados para afinar nosso modelo e entregar melhores produtos que podem auxiliar o gestor na tomada de decisão. Também é importante frisar que estamos continuamente pensando em propostas práticas para as áreas que identificamos, mas para isso estamos em um trabalho de agregação de novos colaboradores, especialmente das áreas de saúde pública e urbanismo, para que juntos possam indicar possíveis ações a partir dos nossos resultados.



Somos um grupo que vem trabalhado voluntariamente nessa matéria há aproximadamente uma semana. Trazemos nossa bagagem científica e técnica que nos permitiu apresentar tais resultados preliminares, e ficamos felizes pela discussão suscitada e pelo engajamento de diversos outros setores em período tão curto.