Convite às famílias

Há muitas portas que se apresentam às crianças e jovens com paralisia cerebral como absolutamente fechadas, muitas portas que também nós, pais, temos como fechadas. Um simples jogo de futebol, um simples treino para uma partida parece-lhes, parece-nos, uma possibilidade há muito arredada para longe. Não só o condicionamento motor tolda essa possibilidade, como nós próprios, pais, nos focamos na recuperação, numa imensidão de horas de terapias que procuram incutir funcionalidade num corpo que se vai fazendo entre desequilíbrios. Com o passar do tempo, vamos perdendo a motivação dos nossos filhos. Por muito que lhes incutamos a necessidade de não desistir, o “a curto prazo” não lhes devolve o corpo que queriam para experimentar a velocidade, o chuto na bola sem desequilíbrios que lhes permitiria o remate, a comemoração do golo.

Mas a verdade é que, chegados a este ponto, lhes podemos devolver mais, muito mais do que imaginámos. Podemos devolver-lhes a motivação que se foi perdendo, a experiência de um jogo, a perceção da realidade de um golo, a comemoração de uma vitória. É aqui que se joga a nobreza do framefootball, que lhes devolve as possibilidades por que ansiavam, que lhes devolve a motivação, que lhes incute a competição tão saudável e própria destas idades. E a reabilitação decorre também daí e a dois níveis. Em primeiro lugar, da possibilidade do jogo, do sentimento de pertença e do esforço para, em equipa, alcançar a vitória. Em segundo lugar, e bem importante para nós, pais, da possibilidade de esta prática desportiva ter um impacto positivo na saúde dos nossos filhos.

Joguemos juntos, experimentemos juntos e talvez consigamos devolver algo capaz de fazer toda a diferença no desenvolvimento dos nossos filhos.

Joana Soares (mãe do Tiago de 11 anos)