Apresentadores e Resumos

Adilbênia Freire Machado (PPGEduc-UFRRJ)

Filosofias Africanas Afrorreferenciadas: perspectivas ancestrais de libertação e encanto desde/com vozes mulheres

Resumo: Essa comunicação tem o objetivo de dialogar com as filosofias africanas desde uma perspectiva afrorreferenciada, posto dialogarmos com essas filosofias a partir de nossas referências afro-indígenas mediadas pela ancestralidade. Nesse sentido, é a relação com a terra, portanto, enraizamento e pertencimento, que nos liga a tais filosofias, promovendo movimentos de libertação e encantos. Para tecer essa com-versa traremos algumas vozes mulheres como mediadoras dessa construção, entendendo a energia feminina e a mulher como o “útero do mundo”, como co-criadoras do nosso estar no mundo. Assim, são vozes mulheres tecidas pelo feminino que tecem a ancestralidade e o encantamento bordando movimentos de libertação.

Minicurrículo: Professora Adjunta da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro / Instituto Multidisciplinar / Departamento Educação e Sociedade. Docente do Programa de Pós-Graduação em Educação, Contextos Contemporâneos e Demandas Populares / UFRRJ, Linha 3: Educação Étnico-racial e de Gênero: Linguagens e Estudos Afro-diaspóricos. Doutorado em Educação pela Universidade Federal do Ceará (UFC), 2019; Mestrado em Educação pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), 2014; Licenciatura Plena em Filosofia (2007) e Bacharelado em Filosofia (2006) pela Universidade Estadual do Ceará (UECE). Coordenadora do Eixo Filosofia Africana e Afro-diaspórica da Associação Brasileira de Pesquisadores Negr@s (ABPN); Membra da Coordenação Ampliada da Associação de Filosofia e Libertação Latino Americana (AFYL - BR); Membra do Laboratório de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (LEAFRO - UFRRJ), do grupo de pesquisa Núcleo das Africanidades Cearenses: encantamento, pretagogia, ancestralidade (NACE), UFC; Sócia fundadora e pesquisadora do Grupo de Pesquisa REDE AFRICANIDADES (UFBA). Membra do GT Filosofia da Libertação, Latino-Americana e Africana e GT Filosofia e Raça da ANPOF. Tem experiências na área de Filosofias Africanas e Educação atuando principalmente nos seguintes temas: Filosofias Africanas e Afro-brasileiras; Filosofias da Ancestralidade e do encantamento; Saberes Ancestrais Femininos; Pensamento Afrorreferenciado; Formação, História e Cultura Africana e Afro-Brasileira; Educação para as Relações Étnico-Raciais; Currículos e Metodologias Afrorreferenciadas; Filosofia Africana presente nos Adinkras. Assento na Cadeira 39 da Academia Afrocearense de Letras (AAFROCEL). Integrante da Rede Brasileira de Mulheres Filósofas. Autora do livro "Filosofia Africana: ancestralidade e encantamento como inspirações formativas para o ensino das africanidades" (2019).
http://lattes.cnpq.br/1983904257583624 

Alexandre da Silva Costa (PFI/UFF)

Infanticídio ou sacrifício? Realidades da escravidão em "Medea Mina Jeje"

Resumo: Com concepção e atuação de Kenan Bernardes, direção de Juliana Monteiro e dramaturgia de Rudinei Borges, Medea Mina Jeje (2018) é uma peça de teatro brasileira que toma para si o mito e o símbolo de Medeia (Eurípides, 431 a. C.) como ponto de interlocução e de apoio para representar uma situação histórica vivida por negros escravizados nas Minas Gerais do século XVIII. A peça evoca a história de uma escrava da fazenda de Vila Rica de Nossa Senhora de Pilar de Ouro Preto, que sacrifica o próprio filho a fim de livrá-lo do trabalho desumano nas minas de ouro que moveram a economia do Brasil Colônia por séculos. Na peça, a saga desta Medea Jeje – por seu ato e sobretudo pelo significado de seu gesto – tanto retroilumina a personagem grega, como põe a nu o horror das práticas escravagistas em território brasileiro, trazendo criticamente à lembrança uma memória que o país tradicionalmente recusa, encobre e esquece.

Minicurrículo: Professor associado do Departamento de Filosofia da Universidade Federal Fluminense (UFF) e membro do seu Programa de Pós-Graduação em Filosofia (PFI-UFF). Possui graduação em História pela Universidade Federal Fluminense (1994), mestrado em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1998), doutorado em Filosofia pela Universität Osnabrück, Alemanha (2009) e um segundo doutorado em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2010). Pós-doutor pelo Programa de Pós-doutorado regular da FAPESP junto ao Departamento de Música da USP-Ribeirão Preto, na área de teoria musical na Antiguidade. Esta pesquisa contou com um estágio de um ano no Institut für klassische Philologie da Humboldt Universität zu Berlin, na qualidade de bolsista de Pós-doutorado BEPE da FAPESP. Integrante do Laboratório OUSIA (IFCS/UFRJ) de pesquisa em Filosofia Antiga e do Laboratório Aporia, Núcleo de Filosofia Antiga (ICHF/UFF). No Programa de Pós-graduação em Filosofia da Universidade Federal Fluminense (PFI-UFF) atua em duas linhas de pesquisa: a) História da Filosofia; e b) Estética e Filosofia da Arte.Tem experiência na área de Filosofia, com ênfase em Filosofia Antiga (e na relação que o pensamento contemporâneo com ela estabelece), Estética, Fenomenologia e Ética.
http://lattes.cnpq.br/6766767734740923

Ana Carla Ferreira dos Santos (PFI/UFF)

Reminiscências da escravidão: perpetuação de imaginários de subserviência de corpos pretos

Resumo: A temática da escravidão é multifacetada, envolve aspectos históricos, sociais, políticos, religiosos e econômicos. Conceitualmente se entrelaça na história da humanidade ao revelar as contradições e os desafios da busca pela liberdade e pela dignidade. A questão racial na história da filosofia é um tema complexo e controverso, que abrange diferentes perspectivas e abordagens. O presente trabalho busca estabelecer uma conversa entre filosofia e escravidão através de um diálogo desencadeado a partir do quadro, de autor não identificado, intitulado Two Ladies, de 1650, que contém a imagem de duas mulheres uma preta e uma branca em posição de igualdade. Obra que, em julho de 2023, foi alvo de um leilão que assegurou sua permanência na Inglaterra. A pintura em si, tem muito a nos informar em futuros estudos, principalmente em sua relação com o contexto histórico e social da escravidão na Inglaterra e nas colônias. Neste ensejo, numa análise contemporânea, a apresentação faz uma comunicação com a obra de arte ao traçar uma relação da construção de imaginários de subserviência relativa à leitura de corpos pretos desde a escravidão e seus reflexos até os dias atuais, diante do incômodo da igualdade racial. Com este intuito se alicerça no pensamento de alguns filósofos para discorrer sobre o assunto.

Minicurrículo: Doutoranda em Filosofia pelo Programa de Pós-graduação em Filosofia da Universidade Federal Fluminense. Mestra em Cultura e Territorialidades no Programa de Pós-graduação em Cultura e Territorialidades da Universidade Federal Fluminense - PPCULT/UFF. Membro do Grupo de Pesquisa do LIDD-UFRJ - Laboratório de Identidades Digitais e Diversidade, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Membro do Grupo de Estudo e Pesquisa: Núcleo de estudo e pesquisa em geografia regional da África e da diáspora – NEGRA – FFP/UERJ. Especialista em Políticas Públicas de Justiça Criminal e Segurança Pública pela Universidade Federal Fluminense. Possui graduação em Bacharelado e Licenciatura em Filosofia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
http://lattes.cnpq.br/3539624738063519 

Carolina de Melo Bomfim Araújo (PPGLM/UFRJ)

Liberdade como discriminação: cidadãs contra Neera

Resumo: Nesta comunicação pretendo analisar diferentes tipos de discriminação social na democracia ateniense do século IV aec a partir do discurso Contra Neera (Pseudo-Demóstenes, 59). Começo com o final do discurso, em que Apolodoro admoesta o júri a condenar Neera tendo em vista a sua responsabilidade para com suas esposas: elas não os perdoarão por absolver uma mulher que faça o que bem quer. Pretendo mostrar como esse argumento retórico depende de um esquema de compensação de opressões segundo o qual as cidadãs que se submetem às regras do casamento precisam ser recompensadas por privilégios que as distinguem de escravas, estrangeiras e libertas, e que esse esquema torna-as agentes de sustentação do patriarcado. Na sequência tentarei mostrar como esse patriarcado não é apenas compatível com a democracia ateniense, mas um de seus pilares. Começo analisando a proposta de tortura pública das escravas de Neera para marcar a que ponto a escravidão se estabelece como total ausência de direitos. A seguir, apresento um panorama da trajetória de Neera de escrava sexual a cortesã liberta e finalmente a concubina estrangeira indicando como essa aparente ascensão social segue acompanhada de marcas discriminatórias que a caracterizam como escória social. Finalmente passo a tratar das rígidas regras de conduta da mulher cidadã a partir do caso de Fano, suposta filha de Neera. Mostro que a pena pela infração dessas regras – que em alguns casos independem de agência dessas mulheres – é uma desmoralização irreversível que as exila do tecido social, e que o terror a tal pena garante a sua submissão. Concluo argumentando que toda essa hierarquia interseccional de  opressões contra as mulheres tem como fim a garantia da liberdade dos cidadãos homens em obterem os seus desejos. Nas palavras de Apolodoro: “Temos cortesãs para o prazer, concubinas para o cuidado quotidiano do corpo e esposas para gerar filhos legítimos e para guardar as coisas da casa."

Minicurrículo: Professora Titular do Departamento de Filosofia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, membro permanente do Programa de Pós-Graduação Lógica e Metafísica (PPGLM-UFRJ), pesquisadora do Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq) e Cientista do Nosso Estado (Faperj). Possui graduação em Filosofia, como bacharel e licenciada, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1998), mestrado em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2000), doutorado em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2005) e pós-doutorado em Filosofia pela University of Ottawa (2012). Esteve na University of Ottawa como Professor Visitante Sênior em 2020 pelo projeto Dynamis in the History of Philosophy - Capes/Print. Tem experiência na área de Filosofia, com ênfase em Filosofia Antiga, atuando principalmente sobre Platão e Tradição Platônica, Filosofia Política, Psicologia Moral e Metafísica. Ë membro do Comitê Editorial da International Plato Society e representante da América Latina na Diretoria da International Society for Socratic Studies. Foi vice-presidente (2014-2017) e presidente (2017-2021) da Associação Latino-Americana de Filosofia Antiga. Coordena o projeto de extensão "Quantas Filósofas?", é membro e administradora da Rede Brasileira de Mulheres Filósofas e co-editora da Enciclopédia Mulheres na Filosofia.
http://lattes.cnpq.br/7066841287744813 

Cristhian Feijóo Cecchetti (UFF)

O Desencanto da Linguagem Nativa: uma análise fanoniana a partir do contexto colonial brasileiro

Resumo: Não disponível.

Minicurrículo: Não disponível.
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Felipe Ramos Gall (UERJ)

Considerações acerca da figura do escravo na Comédia Antiga

Resumo: A Comédia Antiga é notória por dramatizar inversões de valores como um artifício cômico. Por conta disso, figuras excluídas da vida política grega, como as mulheres e os escravos, têm não só voz como também protagonismo em várias peças, ainda que sejam bastante estereotipados. Nesse sentido, meu objetivo nesta apresentação será o de caracterizar a figura do escravo na Comédia Antiga, em especial nas peças de Aristófanes, de modo a dar conta tanto da sua recorrência quanto dos diferentes usos possíveis desse tipo cômico. A porta de entrada para esse breve estudo será a peça aristofânica Cavaleiros, na qual a figura do escravo é mais enfaticamente tematizada em diversos sentidos.

Minicurrículo: Possui doutorado (2021) e mestrado (2017) em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, e graduação (licenciatura) em Filosofia (2014) e em História (2013) pela Universidade Católica de Petrópolis. Atualmente é professor substituto do Departamento de Filosofia da Universidade de Brasília. É membro da Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos (SBEC) e do GT Filosofia Antiga, da ANPOF. Integra os grupos de pesquisa Laboratório Aporia, Núcleo de Filosofia Antiga (ICHF/UFF) e Laboratório Archai, vinculado à Cátedra UNESCO Archai sobre as origens plurais do pensamento ocidental (PPGμ/UnB).
http://lattes.cnpq.br/2338217895232988

Fernando de Sá Moreira (PFI/UFF)

Anton Wilhelm Amo e o “Sobre o Direito dos Africanos na Europa” (1729): o famoso trabalho desconhecido de um filósofo africano no Iluminismo alemão.

Resumo: No final de 1729, a Universidade de Halle foi palco da defesa pública de um trabalho relativamente inusitado para os padrões das universidades alemãs daquele século. O filósofo africano Anton Amo, nascido em Axim (atualmente em Gana), defendeu diante de uma banca de professores o trabalho “De Jure Maurorum in Europa”, cujo título poderia ser traduzido por “Sobre o Direito dos Africanos na Europa”. Trata-se possivelmente do primeiro trabalho acadêmico a ser defendido em solo europeu, por um autor africano contra a escravidão de pessoas negras por europeus. Embora tenha despertado o interesse desde o momento em que foi produzido, não foi preservada ou não foi produzida nenhuma versão impressa do trabalho. Os detalhes de seu conteúdo permanecem um mistério, mas publicações da imprensa da época dão pistas dos argumentos empregados por Amo. A presente comunicação tem o objetivo de discutir a história do autor e seu texto, além de especular sobre o possível conteúdo de tal trabalho.

Minicurrículo: Graduado (2009) e Mestre (2011) em Filosofia pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Doutor em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (2015), com estágio doutoral na Technische Universität Berlin (TU Berlin). Professor de Filosofia da Educação do Departamento de Fundamentos Pedagógicos da FEUFF. Membro do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da UFF. Membro do Conselho do Instituto Rouanet. Desenvolve pesquisas sobre Filosofia Africana e Afrodiaspórica, Racismo e Filosofia, Anton Wilhelm Amo, Schopenhauer, Nietzsche e as dinâmicas de raça e gênero na pós-graduação brasileira.
http://lattes.cnpq.br/2269235326367932 

Larissa Gonçalves de Araújo Brandão (FEUFF)

Reforma do Ensino Médio e Política de Desencanto: um projeto para minar as nossas possibilidades de autonomia

Resumo: A partir da ideia de desencanto como uma tática política usada pela extrema direita brasileira e encontrada no texto "Encantamento - Sobre Política de Vida" de Luiz Antônio Simas e Luiz Rufino, traça-se um paralelo com o projeto de sociedade representado pela atual Reforma do Ensino Médio. Em diálogo com o Ciclo de Conversas sobre a Reforma do Ensino Médio, disponibilizado pela Comunidade FEUFF durante a pandemia, busca-se dissecar o impacto desta reforma tanto para quem frequenta a escola, quanto para quem trabalha com educação no Brasil.

Minicurrículo: Larissa Brandão é designer gráfico e arte-educadora. Além da carreira no design, trabalhou dois anos com o projeto Arte em Trânsito, que trazia residências artísticas ao Colégio de Aplicação João XXIII e há seis anos é Co-organizadora da Mostra de Cinema para Crianças e Adolescentes Recria Cine. Atualmente é graduanda de Pedagogia na FEUFF.
http://lattes.cnpq.br/4699628358067955 

Luís Felipe Bellintani Ribeiro (PFI/UFF)

Sobre liberdade e escravidão em sentido econômico e moral

Resumo: É quase impossível não iniciar a abordagem do tema da escravidão pela chave ética. A simples ideia de que um ser humano possa ser propriedade de outro ser humano, qual um objeto inanimado, repugna (ou deveria repugnar) o bom senso mais básico, afinal, se há um princípio neste campo tão vulnerável ao relativismo que é o da ética é aquele segundo o qual o ser humano deve ser sempre considerado um fim em si mesmo, nunca um mero meio. A realidade, porém, está bem longe da bonomia da consciência iluminista. A escravidão, para além de sua presença endêmica em várias sociedades dispersas pelo tempo e pelo espaço, constituiu-se em escravismo em cinco sociedades ocidentais (cf. Finley), duas na Antiguidade (Grécia e Itália [Roma]) e três na Modernidade (Estados Unidos, Caribe e Brasil). Para nós brasileiros, que ainda presenciamos os horrores do mais tardio e cruel desses cinco casos, como tratar das reflexões filosóficas que os primeiros, os gregos antigos, realizaram a partir do binômio liberdade-escravidão como imagens do dilema autonomia-heteronomia?

Minicurrículo: Bacharel (1989), mestre (1992) e doutor (1998) em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com doutorado sanduíche na Universidade de Atenas (1996-7) e pós-doutorado na Universidade Paris IV (2004-5 e 2015-6). É professor do quadro permanente de Instituição Federal de Ensino Superior desde 1993. Integrou o Departamento de Filosofia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e atualmente é professor titular do Departamento de Filosofia da Universidade Federal Fluminense (UFF). Atua na área de Filosofia Antiga.
http://lattes.cnpq.br/2878997371982189 

Luís Thiago Freire Dantas (ProPEd/UERJ)

Incorporar os antepassados – escrever filosofia contra os fantasmas coloniais

Resumo: Esta apresentação é um exercício de imaginação política da diáspora africana em que a noção moderna de filosofia é problematizada a partir da escravidão. Para isso, eu proponho a necessidade de um ensino radical da filosofia articulado a uma metodologia que, inicialmente, questiona a ideia abstrata de humanidade e sua regulação de grupos humanos, em seguida, a própria temporalidade moderna é repensada por meio da figura do "fantasma" como significante de um tempo passado que dinamiza a atualidade. Esses dois momentos têm a intenção de responder  à pergunta de Saidyia Hartman: “para que fim o fantasma da escravidão é invocado?”. Por fim, eu faço uso do termo "incorporação" para retificar como os corpos esquecidos pela modernidade, ao se apresentarem como protagonistas de suas epistemes, refazem a própria noção de filosofia em conexão com elementos culturais diaspóricos, que ilustrarei a partir da letra "Identidade" do sambista Jorge Aragão. Todo esse caminho será acompanhado de pensadores/as da tradição radical negra estadunidense (Fred Moten, Saidyia Hartman, Hortense Spillers, Frank Wilderson III), brasileira (Abdias Nascimento, Lélia Gonzalez, Denise Ferreira da Silva, Ana Flauzina, Osmundo Pinho) entre outras latino-americanas e africanas.

Minicurrículo: Professor adjunto de Filosofia da Educação no Departamento de Estudos da Subjetividade e Formação Humana da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Professor Permanente do Programa de Pós-Graduação em Educação (PROPed) da UERJ na linha Cotidianos, Redes Educativas e Processos Culturais. Possui graduação em filosofia pela Universidade Federal de Sergipe (2009) mestrado em Filosofia pela Universidade Federal do Paraná (2013) e doutorado em Filosofia pela Universidade Federal do Paraná (2018). Coordenador do MULUNGU: grupo de pesquisa em leituras contra-coloniais. Coordenador da área de Filosofia Africana e Afrodiaspórica da ABPN. Pesquisador do Grupo de Pesquisa Giro cosmopolitico: o corpo na filosofia da formação humana da UERJ; Membro do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da UERJ.Pesquisador do Literêtura: grupo de estudos e pesquisas em diversidade étnico-racial, literatura infantil e outros produtos culturais para as infâncias da UFES; Pesquisador do SPECIES - Núcleo de Antropologia Especulativa da UFPR. Atualmente tem interesse nos seguintes temas: filosofia africana, estudos pós-coloniais e decoloniais, ensino de filosofia, educação e formação humana.
http://lattes.cnpq.br/5880502716036432

Markus Figueira da Silva (PPGFIL/UFRN)

A recepção do pensamento de Epicuro na Tese de Karl Marx sobre a diferença entre a Filosofia da Natureza em Demócrito e Epicuro

Resumo: Trata-se da apresentação dos principais conceitos de Epicuro analisados por Marx para estabelecer as distinções que Epicuro expõe na sua physiología em relação à physiología democrítea. Proponho explicitar a noção de eleuthería (liberdade) do ponto de vista físico e ético, segundo a interpretação de Marx.

Minicurrículo: Possui graduação em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1987), mestrado em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1993) e doutorado em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1998). Atualmente é professor titular da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, pesquisador colaborador da Universidade Federal do Rio de Janeiro e membro do ppgfil da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Tem experiência na área de Filosofia, com ênfase em História da Metafísica, atuando principalmente nos seguintes temas: Filosofia Antiga, Epicuro - Ética - Helenismo.
http://lattes.cnpq.br/0709727083553042 

Marllon Ramos Costa (PFI/UFF)

Filosofia como libertação no Fédon

Resumo: No Fédon, vemos que a existência humana durante a vida, neste mundo, é tratada de modo recorrente como um tipo de escravidão. Podemos fazer referência a alguns exemplos: em 62d-63a, Sócrates ao argumentar contra o suicídio compara o homem a um escravo, que ocupa um lugar determinado pelos deuses, seus senhores, e que só podem deixar sua posição por ordem dos mesmos; em 63c-d ele diz que os homens são escravos do corpo; já em 69a-b, ele diz que a aparente virtude dos que são dominados pelo corpo é, na verdade, uma virtude servil. Nessas passagens vemos a condição humana em vida, no corpo, como uma condição de escravidão. A liberdade passaria, portanto, pelo afastamento do corpo, o que se identifica com a filosofia neste diálogo.

Minicurrículo: Graduando em Filosofia (Bacharelado) na UFF desde 2019. Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Filosofia (PFI) da UFF desde 2020. Possui graduação em Filosofia (Licenciatura) pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Tem experiência na área de Filosofia, com ênfase em História da Filosofia. Possui interesse nas áreas de Platonismo, Estudos Clássicos, Filosofia da Religião, História das Religiões, Metafísica, Epistemologia e Ética.
http://lattes.cnpq.br/0500018331627792

Pedro Portelli Magalhães de Araújo (UFF)

O escravo em Aristóteles e a força de trabalho em Marx

Resumo: Não disponível. 

Minicurrículo: Graduação em filosofia, graduação em psicologia, mestrando em filosofia, graduando em história.
http://lattes.cnpq.br/5423829361047514 

Rafael Viegas (PFI/UFF)

Autonomia e domínio do outro nos Papiros Gregos Mágicos

Resumo: As práticas mágicas da Antiguidade, atestadas em papiro e em outros suportes (como katadesmoi e defixiones), são importantes para compreender as relações pressupostas entre os seres humanos e o mundo preternatural (daimones, divindades ctônicas etc.). Mas interessam também pelos modelos de interação entre indivíduos sociais, na medida em que, sobretudo nos modelos maleficiais, visam subjugar o outro e provocar nele rupturas na condução das suas ações, comportamentos e desejos.

Minicurrículo: Rafael Viegas é Bacharel em Filosofia (1997, IFCH-UERJ), Mestre (2001) e Doutor (2008) em Saúde Coletiva pelo Instituto de Medicina Social (IMS) da UERJ e Doutor em Letras Neolatinas, Literaturas de Língua Francesa, pela UFRJ (2014). Atualmente é pesquisador PNPD-Capes no PFI-UFF.
http://lattes.cnpq.br/6662051684830434 

Rebeca Figueira Martins (UFOP, UFF)

A condição dos servos e das mulheres no Jardim de Epicuro

Resumo: A filosofia de Epicuro, grande representante do período helenístico, é conhecida sobretudo pela sua ética hedonista, que equipara uma vida feliz a uma vida prazerosa, começando por discernir aquilo que se deve rejeitar, a dor, daquilo que se deve buscar, o prazer. Epicuro divulgou o seu sistema ao visitar os seus amigos, viajando para suas respectivas cidades, dentre elas Mitilene, Lâmpsaco e Cólofon; e, consequentemente, ao iniciar a troca de cartas entre eles, pelas quais os princípios elementares do epicurismo eram resumidos para serem apreendidos, memorizados e praticados. Mais de 20 anos depois disso, que podemos chamar de sociabilidade filosófica, surge a comunidade do Jardim: um lugar adquirido por Epicuro e seus amigos de Lâmpsaco, que foi a moradia e a escola dos sábios epicuristas, consolidando um relacionamento que antes se dava por visitas esporádicas e uma comunicação a distância. Este espaço foi a casa da família de Epicuro, de ao menos cinco servos, de grande parte de seus amigos estrangeiros, e de algumas mulheres, letradas ou não, quase sempre na posição de cortesãs ou concubinas, e crianças — característica pela qual a comunidade ficou muito conhecida. Nesta comunicação, pretendo identificar esses grupos de viventes da primeira geração do Jardim para pensar sob quais condições eles praticavam a filosofia epicurista.

Minicurrículo: Doutoranda (2023-) em Ética e Filosofia Política no Programa de Pós-graduação em Filosofia (POSDEFIL) da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), como bolsista parcial da CAPES, com a pesquisa "Conceito e experiência dos desejos naturais e não necessários em Epicuro", sob a orientação do Prof. Dr. Gabriel Geller. Mestre (2021-2022) pela mesma Linha e Programa, também como bolsista CAPES, com a pesquisa "A dimensão comunitária do Jardim de Epicuro", sob a orientação do Prof. supracitado. Graduada em Filosofia Licenciatura e Bacharelado (2015-2020), e Graduanda em Antropologia (2021-) pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Durante a primeira graduação foi bolsista em Monitoria (2017) e bolsista PIBIC (2018-2019) financiada pela UFF; e bolsista PIBIC (2019-2020) financiada pela FAPERJ. Atuou como Profa. de Filosofia para o Ensino Fundamental I (2017-2018) no Educandário Cecília Meirelles (SG/RJ) e como Profa. voluntária de Filosofia no Pré-vestibular (2017-2020) da Rede Emancipa - Educação Popular (SG). Atualmente, é professora voluntária de Tupi-Guarani (2022-) no Projeto-Escola Tia Nildinha (Niterói/RJ).
http://lattes.cnpq.br/1876592495881155 

Roberto Torviso Neto (PFI/UFF)

Os escravos de Luciano: comentários sobre a servidão nos diálogos  Bíon Prasis e Anabiontes.

Resumo: Luciano de Samósata escreveu muitos diálogos e ensaios no segundo século da Era Comum. Sírio de origem, romano por cidadania e grego pela cultura, este autor foi capaz de representar toda a vultosa tradição filosófica que o antecedera e também de ironizar os ditos filósofos de seu próprio tempo. A repercussão negativa do cômico diálogo “Vidas à Venda”, no qual filósofos eram leiloados na ágora como prováveis instrutores da vida plena, resultou no segundo diálogo “Renascidos ou Pescador” que inicia com o linchamento promovido por filósofos ilustres contra um sujeito sincero. Frente à demanda por um julgamento justo, forma-se um tribunal presidido pela própria Filosofia com Diógenes incumbido da acusação e o Parresíada enquanto réu responsável pela própria defesa. Objetivamos investigar duas imagens de servidão presentes dos diálogos mencionados – a saber, os sábios vendidos como escravizados e a Filosofia representada qual uma cortesã (hetaira) adornada com “colares tão grossos quanto grilhões” – a fim de analisar a motivação do autor em representar a Filosofia e os filósofos por elementos associados à servidão.

Minicurrículo: Mestre e Bacharel em Filosofia pela Universidade Federal Fluminense (2018). Licenciado em História pelo Centro Universitário La Salle (2016). Tem experiência nas áreas de História e Filosofia, com ênfase na Antiguidade, em especial na egiptologia e no helenismo. Atualmente é membro do Grupo de Estudos Kemet (GEIRKemet - NEREIDA/UFF) e do Núcleo de Filosofia Antiga - Laboratório Aporia (UFF).

Robson Pereira Calça (FEUFF)

Escravidão e Liberdade no Contrato Social de Rousseau

Resumo: Rousseau dedica os capítulos III e IV do Livro Primeiro do Contrato Social à tarefa de demonstrar a contradição de dois conceitos opostos aos princípios do direito político: os conceitos de “direito do mais forte” e “direito de escravidão”. Esta tarefa cumpre a função de limpar o terreno para o debate filosófico sobre a liberdade civil e os parâmetros de legitimidade do Estado. A análise que proponho nesta apresentação visa refletir sobre como a refutação de Rousseau a tais conceitos colabora para alçar o debate político a outro patamar, na medida em que estabelece critérios mínimos para a arte política – ao distinguir força, direito, obediência e dever.

Minicurrículo: Formou-se em Filosofia (bacharelado e licenciatura), em 2007, pela Universidade de São Paulo (FFLCH-USP). Em 2010 obteve o título de Mestre e, em 2017, o de Doutor em Educação, ambos pela Faculdade de Educação da USP (FE-USP). Vem atuando como professor e pesquisador na área da Filosofia desde 2005.
http://lattes.cnpq.br/7923749897511329 

Ynaê Lopes dos Santos (PPGH/UFF)

Escravidão, Racismo e o Passado Presente no Brasil

Resumo: A escravidão foi uma instituição que organizou a sociedade brasileira por mais de 300 anos, deixando marcas profundas na dinâmica atual do país, dentre as quais, a centralidade que o racismo exerce no Brasil. No entanto, essa mesma instituição serviu e continua servindo como desculpas para a manutenção da ordem racista do Brasil mesmo no período Pós-Abolição. A presente comunicação pretende explorar o passado-presente da instituição escravista no Brasil em diálogo com os debates mais recentes sobre racismo.

Minicurrículo: Doutora em História Social pela Universidade de São Paulo (2012), Mestre em História Social pela Universidade de São Paulo (2007), bacharel e licenciada em História pela USP (2002). Atualmente é Professora Adjunta no Instituto de História da Universidade Federal Fluminense – UFF. Realiza Pesquisa na aérea de História da América, com ênfase em Escravidão Moderna e Relações Étnico-Raciais nas Américas, atuando principalmente nos seguintes temas: escravidão, América ibérica, formação dos Estados Nacionais, cidades escravistas , relações étnico raciais e ensino de história. Atualmente faz parte do Comitê Executivo do BRASA Bolsista Jovem Cientista do Nosso Estado - FAPERJ e colunista do DW Brasil.
http://lattes.cnpq.br/9825396116792460