FRAGMENTOS DE UMA ANTIGA INDOCHINA

Online até 26 de julho de 2020

NOVAS ATIVIDADES!!!


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Fotografia, pesquisa, textos, legendas e infografia: Prof. Dr. Wagner Belinato (DLM/UEM)


Revisão: Profa. Dra. Ana Paula Guedes - Profa. Ms. Nilda Aparecida Barbosa

Vietnã - Laos - Camboja

Uma visão contemporânea do antigo e controverso império francês

Até meados do século XX, o Império Colonial Francês estendia seus domínios por várias regiões do mundo, notadamente a África, a Oceania e a Ásia. Diversas tentativas de inserção na região do sudeste asiático foram realizadas ainda no século XVIII - anos 1700.

A partir de 1858, entre guerras e acordos militares, paulatinamente se instala o domínio francês. A mais rica e populosa possessão do império ultramar espalhou-se por três países hoje independentes, Vietnã, Laos e Camboja, além de porções do território chinês e tailandês.

A região da Indochina só reencontraria sua independência a partir de 1941, pela ação de Hồ Chí Minh, para mergulhar logo em seguida em um período turbulento de conflitos que não terminaria senão em 1975, com a retirada do Exército Americano da região.

A memória da ocupação francesa pode ser encontrada por toda a região, desde a foz até muito além de 1.500 km acima no rio Mekong, um dos mais longos e volumosos do mundo. Nessa exposição organizada pela Área de Língua Francesa da Universidade Estadual de Maringá, reencontraremos as ricas geografia e cultura da região, mescladas à influência da ocupação francesa, em fotografias atuais especialmente selecionadas.

Buscamos aqui ampliar o conhecimento de nossos aprendizes, subsidiar seus estudos interculturais sobre a francofonia e a história da França, de seus conflitos e dos países que contribuíram para modificar e foram modificados pelas numerosas e muitas vezes controversas intervenções nessa história.

Tailândia - Imponência e tradição

A Tailândia tem uma economia pulsante, com uma capital moderna e atrativa, Bangkok, e é, assim como o Camboja, uma monarquia. São 69 milhões de pessoas vivendo no país e usando bath, moeda relativamente valorizada. Embora não tenha sido colonizado, o país viveu as consequências da turbulenta história regional, tanto em suas fronteiras quanto internamente.

O filme 'A ponte do rio Kwai', dirigido por David Lean, 1957, ganhador do Oscar de 1958, ajuda a compreender um pouco dessa história.

Locomotiva 4130, de uso da State Railway of Thailand, uma das poucas ainda em uso, fabricada pela francesa Alstom nos anos 1970. A malha ferroviária da região é relevante e viagens de trem são um hábito das populações locais da Tailândia e Vietnã.
A icônica ponte do Rio Kwae, em Kanchanaburi, construída por soldados americanos feitos prisioneiros pelos japoneses durante a 2ª Guerra Mundial. O filme de David Lean, 1957, baseia-se no romance homônimo do escritor francês Pierre Boulle.
Ao norte do país, na cidade fortificada de Chiang Mai, o templo budista Lok Molee. No ano de 1367, o templo já era mencionado em documentos históricos.
Ao sul, no Mar de Adamão, o destino dos sonhos de jovens de todo o mundo. Maya Bay, eternizada no filme A praia (2000), de Danny Boyle com Leonardo DiCaprio. Após a polêmica envolvendo modificações na flora local para as gravações do filme, o turismo explodiu na região. Atualmente a praia está fechada para recuperação ambiental.
Nos dias atuais transformado em museu, o Ananta Samakhom Throne Hall, em Bangkok, construção de estilo inteiramente neoclássico, foi encomendado pelo Rei Rama V no início do Século XX (1909) ao arquiteto italiano Mario Tamagno.
Ao lado do Palácio Real de Bangkok, o prédio que abriga o Ministério da Defesa da Tailândia apresenta uma mescla de elementos da arquitetura europeia e oferece aos locais e visitantes uma perspectiva dos contrastes arquiteturais.
O Grande Palácio de Bangkok data do Século XVIII, sendo concluído em 1782, com mescla de elementos do Renascimento Europeu e teto tradicional, com detalhe para as torres douradas.
Pelo Mar de Adamão, uma centena de ilhas paradisíacas como Kho Phi Phi, que vivenciaram o drama do tsunami de 2004, igualmente rememorado no filme O Impossível, de 2012, através dos relatos da espanhola María Belón e de sua família.

Laos - O povo das montanhas

Fazendo fronteira com Vietnã, China, Camboja, Tailândia e Mianmar, o Laos é o único país da região que não conta com acesso direto ao mar. Pouco populoso, nele vivem cerca de 7 milhões de pessoas, espalhadas por uma geografia bastante acidentada. A capital, Viêng Chăn, na fronteira com a Tailândia, é igualmente sua cidade mais populosa.

Durante o domínio francês, era dividido em três regiões administrativas, cujas capitais eram Luang Pha Bang, ao norte, Viêng Chăn, ao centro e Champasak, ao sul.

Inspirado no Arco do Triunfo de Paris, o Patuxay foi construído na capital do país, Viêng Chăn, entre os anos de 1957 e 1968, como monumento em memória dos mortos pela libertação do país do jugo francês. Elementos da mitologia local, como a Kinnari, mulher pássaro, garantem seu estilo único.
Ao norte do país, na cidade de Luang Pha Bang, encontram-se numerosos prédios coloniais no Perímetro de conservação da UNESCO, nos quais se pode ver a junção de elementos locais como a Naga, nas flechas do teto. Na imagem, o Saynamkhan River View Hotel, instalado em prédio construído durante o domínio francês na região, em 1939.
O luxuoso hotel Mekong RiverView oferece outro exemplo da arquitetura colonial em Luang Pha Bang, uma das três capitais administrativas do protetorado francês na região, ao lado de Viêng Chăn e Champasak.
No mercado noturno de Luang Pha Bang, os artesãos advertem: "Essas pulseiras foram bombas. Fazemos braceletes, não guerra. Nossas pulseiras são feitas do alumínio jogado no nosso país durante a Guerra Secreta no período de 1964-1975. Após a guerra, algumas pessoas nos ensinaram o que fazer com as bombas que destruíram nossas vidas. Das bombas, fizemos souvenirs como colheres, anéis, hashis, braceletes, abridores de garrafas e outras coisas... Começamos com o que haviam sido bombas até transformá-las em lindos braceletes. Damos novo sentido às bombas e encontramos uma saída para a pobreza. Obrigado por seu apoio."
O monastério no topo do Monte Phousi, em Luang Pha Bang, garante aos monges o ambiente ideal à meditação, longe da confusão dos turistas na cidade.
No complexo do Palácio Real de Luang Pha Bang, o templo Haw Pha Bang, iniciado em 1963 e concluído apenas em 2006, testemunho das diversas turbulências pelas quais passou a atual República Democrática Popular do Laos.
Na cidade de Laongam, Plateau Bolavan, ao sul do país, integrante da tribo Katu se dedica à quebra de amendoins em sua casa elevada, garantindo espaço para trabalho longe do calor escaldante da região.
Construído para servir de residência ao príncipe de Champasak, Chao Boun Oum, o Palácio de Champasak, na cidade de Pakse, foi abandonado antes que fosse concluído, em 1974, durante a Revolução Comunista no país. Abriga atualmente o Champasak Palace Hotel.

Camboja - Um império milenar

Ao contrário de seus vizinhos Laos e Vietnã, repúblicas, o Camboja é uma monarquia — assim como a Tailândia. Pouco mais populoso que o Laos, tem cerca de 17 milhões de habitantes.

A cidade mais visitada do Camboja é Siem Reap, onde fica o sítio histórico de Angkor Wat, famoso pelas inúmeras ruínas do Império Khmer, que dominou grande parte da península por vários séculos entre os anos 802 a 1431, deixando os sítios históricos como legado.

Detalhe das ruínas do Templo de Bayon, no complexo histórico de Angkor Wat, Siem Reap, ao leste do país. O império Khmer dominou toda a região da península por vários séculos.
Durante muito tempo, a selva tomou conta de diversos dos templos e ruínas de Angkor, que serviram de refúgio para a população local, notadamente durante os conflitos armados do Século XX.
Diversos programas de Conservação do Patrimônio Histórico de Angkor estão em andamento, com apoio do Governo Francês e da União Europeia desde o final do século passado.
Anúncio turístico de 1937 do Escritório Central de Turismo Indochinês. Baseado em Sài Gòn, no Vietnã, a repartição anunciava os atrativos das ruínas de Angkor. Chegar às ruínas demorava, então, vários dias por estrada ou pelo rio Mekong.
Nos campos de Extermínio de Choueng Ek, turista deixa recado em forma de oração às vítimas: "Segure-os, Senhor. Segure-os enquanto choram. Senhor, ame-os corajosamente nas alturas. Proteja-os, Senhor. Lamento profundamente. Pai, Pai, faça sua face brilhante e humilde. Que possas protegê-los e abençoá-los. Que Sua face os ilumine, seja gentil e lhes dê paz. Amém."
Memória traumática da história recente do país, os campos de Extermínio de Choueng Ek funcionaram 17 quilômetros ao sul da capital Phnom Penh, durante o Regime Ultracomunista Khmer Vermelho, entre os anos de 1975 e 1979. Durante o regime, estima-se que 1,5 a 2 milhões de pessoas foram executadas, 1/4 da população do país.
No centro de Phnom Penh, o Phsar Thmei, Mercado Central construído de 1935 a 1937 durante o domínio francês, com traços art déco e cúpula de aspecto futurista, foi o maior mercado público da Ásia quando de sua inauguração.
Em Siem Reap, principal ponto de acesso às ruínas de Angkor Wat, o Psar Chaa, mercado antigo, oferece dezenas de itens de decoração tradicional, pedrarias, tecidos e souvenirs aos turistas e locais.

Vietnã - Memória e trauma

Habitado por cerca de 95 milhões de pessoas, o Vietnã faz parte do imaginário ocidental como terra de conflitos. A Guerra do Vietnã se tornou um evento de proporções globais com a entrada dos Estados Unidos, em 1964, e deixou traumas e marcas por todo o país.

Utilizadas pelo cinema hollywoodiano como base para mais de uma dezena de histórias, memórias fidedignas das batalhas podem ser lidas em "A Noite Passada Sonhei Com a Paz", diários da médica Dang Thuy Tram, assassinada nos conflitos enquanto socorria seus camaradas, ou "A Mágoa da Guerra" (The Sorrow of War), de Bao Ninh.

A mais recente capital do país é Hà Nội, no norte do país, mas essa honra já foi de Sài Gòn, quando do domínio francês na região. Libertado por Hồ Chí Minh do jugo francês, o país exibe orgulhosamente os destroços do maquinário de guerra americano em diversos de seus museus, memória latente de uma luta que uniu todo seu povo.

O Vietnã conta com diversas atrações de interesse turístico, tanto nas cidades quanto nas paisagens rurais, como os terraços de Sa Pa ou a baia de Hạ Long.

A influência francesa deixa marcas na arquitetura e na cultura vietnamitas, a exemplo da Basílica Nossa Senhora de Sài Gòn, marco religioso católico em um país de maioria absoluta thầnista, culto aos thần, bem como demais religiões orientais.
A prefeitura de Sài Gòn, atualmente Cidade de Hồ Chí Minh, edifício construído no mesmo estilo francês empregado nos hôtel de ville que serviam para a hospedagem dos exércitos na França.
Cenário para inúmeros filmes de ficção científica, mistério e ação do ocidente, a Baia de Hạ Long, com aproximadamente 2000 ilhas espalhadas por 1,553 km2, está inscrita como Patrimônio Mundial da UNESCO desde 1994, por conta de sua geografia única.
No Rio Mekong, o Mercado flutuante de Cái Răng reúne centenas de barcos em diversas localidades, propiciando a troca e o comércio de mercadorias para os ribeirinhos desde as primeiras horas do dia. Os barcos podem permanecer vários dias ou semanas navegando pelo rio a fim de comercializar toda a produção.
A loja do café L'Amant, na antiga capital Sài Gòn, oficialmente Hồ Chí Minh City. A marca faz referência à mais célebre obra da escritora francesa Marguerite Duras, que viveu no Vietnã com sua família durante o domínio francês.
A arquitetura da cidade antiga de Hội An remete aos séculos de comércio portuário com todo o mundo, oriente e ocidente. No Século XVII, a princesa Ngoc Hoa resolve casar-se com o comerciante japonês Araki Sotaro. Assim, a cultura e a arquitetura japonesas deixam marcas profundas na cidade.
Na cidade antiga de Hội An, a riqueza floral dos templos thầnistas. A cidade evidencia o encontro de culturas dos séculos de comércio portuário com todo o mundo.
Na cidade de Huế, perspectiva da ponte Cầu Trường Tiền. Uma vietnamita cruza o pontilhão rodoferroviário sobre o Rio Perfume. Com sua tradicional cesta rattan, vende frutas e legumes por toda a cidade.

O professor viajou às expensas próprias, em período sabático e cede gentilmente as imagens coletadas.