Sobre a II Jornada

Nesta edição, o evento privilegiará reflexões no âmbito da autoria e do imaginário, na dimensão artístico-literária das produções para crianças e jovens, observando a progressiva movência que os conceitos de autoria e de imaginário percorrem — em mutações — em diferentes épocas e culturas.

Perscruta-se o objeto livro que se organiza em viés de múltiplas linguagens, abrem-se perspectivas de análises de filmes, games, HQ, em diálogo com o literário, em suma, todas as demais artes que, em seus diferentes campos de conhecimento, debruçam-se sobre a arte poética. Esse contexto, inevitavelmente, inserido na cibercultura, provoca novos critérios de criação, criatividade e obra, potencializados muitas vezes por características próprias das ferramentas digitais que engendram a dinâmica da sociedade contemporânea. Aspectos que, seguramente, têm demandado investimento crítico nos estudos sobre a produção literária e cultural para crianças e jovens e que abarcam noções que orbitam a figura do autor e questões relacionadas à autoria e ao imaginário.

Se tais reflexões têm dinamizado parte expressiva da teoria literária, no último século, demonstrando como a noção de autor traz decisivas implicações nos conceitos de obra e em modelos de leitura, a ficcionalização da figura do autor, no interior da obra por ele realizada, notadamente, vem trazendo questões novas aos processos construtivos da narrativa.

Assim, mesmo que consideremos que as questões referentes à autoria possam estar relacionadas a antigas discussões, continuam atuais e relevantes para os estudiosos da área e ganham feições novas nas dinâmicas dos processos artísticos atuais.

Nesse sentido, referenciamos Buescu (1998), que aponta não ser possível pensar em formas de recepção sem considerar suas instâncias de produção, que são historicamente formuladas, ou seja, faz-se necessário assumir a posição de que um texto artístico não é “autogerado”; pelo contrário, ele parte de sujeitos empíricos que se inserem em um determinado sistema cultural, social e político. Nas palavras da autora, "repensar o autor é dar conta da sua existência simbólica num quadro de sujeitos empíricos que, às vezes assim não pareça, coexistem num mundo: só essa coexistência sustenta uma comunidade que nos integra e nos ultrapassa integrando nomeadamente todos os outros, passados, presentes, futuros ou imaginários, que não somos: com quem somos.” (BUESCU, 1998, p.77)

Estão convidados a participar do evento, por meio de comunicações, pesquisadores de diferentes linhas e abordagens teóricas, para compartilhar suas reflexões sobre a autoria nas produções destinadas a crianças e jovens a partir dos seguintes eixos temáticos:

1. O conto de fadas e o maravilhoso literário: questões autorais

2. Múltiplos olhares para a literatura infantil e juvenil africana de língua portuguesa

3. Literatura infantil e juvenil e artes visuais

4. Livros para infâncias no século XXI: materialidades e autorias

5. Infâncias em situações limite: literatura, educação e humanização

6. As narrativas nas artes do palco: dança, teatro e literatura infantil e juvenil

7. Imaginário contemporâneo e produções literárias e culturais para crianças e jovens

PROGRAMAÇÃO

CONFERENCISTAS

Saiba mais sobre a II Jornada do GPPLCCJ em: www.criancasejovens.com/