COMUNICAÇÕES
Andreia Magalhães
Diretora artística do Centro de Arte Oliva
A catalogação como estratégia de preservação de obras de arte de imagem em movimento
Esta comunicação analisa estratégias de catalogação, documentação e arquivo dedicadas à preservação de obras de arte em movimento, como filmes, vídeos e instalações, que apresentam desafios específicos para a gestão de coleções e a conservação a longo prazo. Serão abordados métodos documentais que combinam contributos de modelos tradicionais de inventário de obras de arte com modelos de catalogação utilizados em arquivos audiovisuais. O modelo de catalogação discutido foi adaptado e aplicado no contexto de um projeto de investigação (I2ADS, FBAUP) com o objetivo de criar um repositório digital, que documente e preserve a história da imagem em movimento na arte portuguesa. Este repositório pretende centralizar dados artísticos, técnicos e contextuais, facilitando o acesso e a gestão deste tipo de obras nas instituições culturais, além de contribuir para uma compreensão mais profunda do desenvolvimento da imagem em movimento em Portugal.
Armando Sousa
Arquivista e programador da Fonoteca Municipal do Porto
Vira o disco e não toca o mesmo: o arquivo da Fonoteca Municipal do Porto
Aberta ao público desde setembro de 2020, em Campanhã, a Fonoteca Municipal do Porto é um arquivo sonoro composto exclusivamente por discos de vinil. As suas estantes albergam cerca de 35 mil fonogramas, todos eles disponíveis para consulta in situ, em pontos de escuta criados para o efeito.
Nesta apresentação, será dada uma contextualização acerca da composição e história do arquivo e do seu tratamento a nível biblioteconómico, que permitirá compreender de que formas as ferramentas criadas procuram uma aproximação aos diferentes perfis de utilizador. Tendo em conta a sua especificidade, tanto pelo seu conteúdo como pelo espaço propriamente dito, bem como o desenvolvimento do trabalho com este enfoque sobretudo nos consumidores de música e na aproximação à comunidade, será demonstrado de que forma a Fonoteca Municipal do Porto procura responder a necessidades específicas no contexto da gestão da informação, relacionadas com os suportes analógicos e digitais inerentes ao arquivo, que revelam a constante preocupação em se adaptar à evolução social e tecnológica.
Ao mesmo tempo, será dada especial atenção à necessidade, por parte de qualquer profissional da área da informação, de compreender os suportes e os seus conteúdos e relacioná-los com a atualidade e o seu entorno, de maneira a, num contexto cada vez mais complexo, humanizar os processos. A perspetiva será portanto a de um arquivista que se coloca permanentemente na pele do utilizador e que se vê como um par, tentando compreender tendências, dúvidas e motivações, com o objetivo de ajudar a encontrar respostas, mas também de suscitar novas questões.
Paulo Batista
Arquivista do Arquivo Municipal de Lisboa
Documentar a arquitetura
Os arquivos privados de arquitetos colocam inúmeros problemas aos serviços de informação – arquivos, bibliotecas, museus, etc. – onde se encontram ou àqueles que se preparam para os receber, com consequências profundas ao nível da sua organização, conservação, acesso e difusão.
Dos aspetos técnicos, à multiplicidade tipológica, diversidade de suportes, formas e dimensões, à dimensão, volume, preservação, conservação, natureza digital, aspetos legais, mas sobretudo à inexistência de uma política nacional de aquisição e avaliação por parte da DGLAB, muitos são os problemas e desafios que é urgente resolver no âmbito dos arquivos privados de arquitetura, apresentando soluções para os mesmos, transformando-os em oportunidades, para que possam ser disponibilizados à sociedade e às gerações futuras, permitindo a sua compreensão, fruição e valorização.
Mais do que um garante e direito democrático fundamental dos cidadãos, o acesso à informação, em geral, e da constante nos documentos de arquitetura, em particular, é uma exigência ética do processo civilizacional, possibilitando o conhecimento da produção do património edificado, mas também o não construído, e da cultura arquitetónica.
Este objetivo, de documentar a arquitetura, as suas atividades e agentes, tem um poderoso aliado nas novas tecnologias da informação e comunicação, em que a Internet possibilita a consulta remota da informação e a obtenção de cópias digitais, com ganhos indiscutíveis no que respeita à sua conservação e difusão.
No mesmo sentido, é crucial o permanente debate e trabalho colaborativo, e transdisciplinar, entre instituições que têm arquivos de arquitetura à sua responsabilidade e os profissionais da informação, os arquitetos e investigadores de arquitetura, porque todos são parte integrante da mesma realidade em que os documentos de arquitetura são decisivos para o conhecimento, a construção de memória coletiva, a produção cultural e a proteção dos direitos dos cidadãos e das suas organizações.