O ano de 2020 trouxe a todos nós incertezas colossais a respeito do modo como o qual deveríamos nos relacionar com as pessoas. Pertencentes a uma cultura latina, fomos acostumados aos abraços e as demais demonstrações físicas de afeto que infelizmente neste ano se tornaram grandes transmissores do vírus conhecido como covid-19.
Entretanto, não só por meio do contato físico sobrevive o afeto, aprendemos a demonstrá-lo de outras maneiras: por mensagens virtuais de carinho, nas doações de alimentos, no uso de máscaras e na lavagem de mãos que contribuíram muito com o controle da transmissão viral e no cuidado para com nossos entes queridos.
Nos comércios e na circulação via transporte público aprendemos que a higienização das mãos e o uso de máscaras são de fundamental importância para o controle da disseminação viral. Infelizmente perdemos muitas pessoas que não tinham a sorte de manter um isolamento social completo em razão da imensa desigualdade social que ainda persiste em nosso país. A essas pessoas guardamos lugar especial em nossa memória afetiva.
Para além dos cuidados de higiene e convívio social e com as escolas impedidas de receber fisicamente os estudantes, aprendemos a utilizar as ferramentas digitais de uma maneira um pouco diferente quando comparada aquela que estávamos acostumados: deixamos de utilizá-las apenas para entretenimento e passamos a estudar de maneira remota.
Essa mudança foi conturbada e inesperada. Nem todos tinham acesso as ferramentas tecnológicas e os que tinham este acesso tiveram de alterar o modo como realizavam as interações mediadas por tecnologias. No Ensino Remoto tivemos de aprender a nos organizar e a extrair das tecnologias o que de melhor conseguíamos para continuarmos no importante processo de aprendizagem.
As aulas remotas tiveram como base a publicação impressa intitulada “Trilhas de aprendizagem”, distribuídas pelas escolas e oferecidas pela prefeitura de São Paulo. O material é uma espécie de apostila que contém os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento necessários aos estudantes, claramente respaldadas no Currículo da Cidade, e que foi o grande norteador das práticas pedagógicas neste ano letivo.
Neste sentido, os professores tiveram de exercitar a sua criatividade na forma de apresentar estas aprendizagens, sempre como o objetivo de proporcionar aos nossos estudantes um maior engajamento na realização das propostas de ensino e uma aprendizagem significativa.
A princípio os professores aprenderam a postar atividades no aplicativo Classroom e a enriquecer estas propostas com alternativas digitais, sempre buscando diversificar o modo como as atividades eram apresentadas e objetivando um maior volume de acesso dos nossos estudantes. Todos os professores participaram de grupos de whatsapp das turmas em que lecionam e contaram com a presença dos estudantes que dispunham de acesso. Infelizmente não atingimos a todos, no entanto, os estudantes com acesso a internet tiveram contato com inúmeras formas de aprender.
Muitos professores utilizaram os podcasts para esclarecer de maneira objetiva e prazerosa as propostas de atividades destinadas aos nossos estudantes. Um podcast é uma ferramenta que permite a gravação e a gravação de áudios sobre determinados assuntos. Podemos citar o podcast da professora Adriana Carolina intitulado “Contações despretensiosas” a respeito de obras literárias para deleite dos estudantes, já com a a professora Ivanilde tivemos o podcast “Viajando na História” a respeito de racismo, movimento abolicionista, desigualdades sociais, fascismo e democracia, além do podcast do professor Rogério, o “Geografia no foco”, sobre pandemia e desigualdades sociais. Estudantes e professores participaram de maneira conjunta na gravação destes podcasts e tornaram a experiência de construção colaborativa enriquecedora e prazerosa, para além dos temas abordados em cada componente curricular, de maneira interdisciplinar e com a participação dos estudantes foram gravados podcasts sobre Educação Ambiental, problemas emocionais durante a pandemia, Agosto Indígena e Novembro Negro.
Mais uma vez em uma abordagem interdisciplinar, o professor Maurício organizou uma live com líderes da etnia Wassu coccal a respeito do preconceito com os indígenas e a valorização de sua cultura, esta atividade do Agosto Indígena contou com a participação de professores, estudantes e membros da comunidade. Ainda sobre a mesma temática, as professoras Adriana Carolina e Grazielle realizaram o Leituraço Indígena onde a contação de histórias e a abordagem interdisciplinar da questão indígena foram debatidos entre estudantes e professores no Fundamental I, II e na EJA, contando com a participação das professoras Rosângela, Adriana Carolina, Ivanilde, Ana de Cássia e Rosely Yumi, além dos professores Maurício, José Wilton, Sidnei, Rogério e Raimundo.
Durante todo o ano letivo nas atividades remotas os professores Raimundo, Tânia, Rogério e Maurício, realizaram lives por meio da plataforma Meet ou whatsapp com os estudantes e desta forma conseguiram avaliar o avanço em suas aprendizagens. Muitas destas lives também foram interdisciplinares e diversos outros professores contribuíram com seus conhecimentos nas discussões com os estudantes, momentos ricos de interação e aprendizagem. As atividades sobre Educação Ambiental desenvolvidas pelos professores junto aos estudantes são mais um exemplo desta prática.
As professoras do Fundamental I, Adriana Raposo e Grazielle realizaram live de Dia das Crianças como forma de engajamento e interação com os estudantes, momento em que brincadeiras e conversas foram desenvolvidas e as professoras de todo o período puderam ter contato virtual por imagem com os seus estudantes, fortalecendo as interações sociais mesmo sob mediação tecnológica. As professoras Andreia Leal e Adriana Leal, por sua vez, organizaram lives no Fundamenta I e II sobre o Halloween, contando com um concurso de maquiagem e um quizz sobre a temática, momento rico e de interdisciplinaridade com participação de vários professores e estudantes.
Na Educação de Jovens e Adultos (EJA) os professores dedicaram especial atenção, fortalecendo laços por meio dos grupos de whatsapp, estendendo prazos para a entrega de atividades e na oferta de lives semanais para explicação dos temas em estudo. Tivemos vários estudantes formados na Etapa Final II em agosto e teremos outros tantos da Etapa Final I agora em dezembro. Quanto ao público com necessidades educacionais especiais, os professores desenvolveram adaptações e a escola entregou as atividades impressas aos responsáveis contactados por telefone.
No Novembro Negro as contações de histórias ocorreram no Fundamental I, sob organização da professora Grazielle em todas as turmas enquanto no Fundamental II uma live interdisciplinar foi organizada pela professora Adriana Carolina e debateu com professores e estudantes a Importância do estudo da história e da cultura do povo negro em todas as esferas; as Desigualdades sociais que impactam na população negra e a importância do debate contra o racismo; a Construção do imaginário científico, religioso e filosófico quanto a legitimação do racismo no decorrer da História; as Contribuições de Milton Santos para a análise das desigualdades; os Cientistas Negros e suas contribuições para o conhecimento; o Preconceito na sociedade e a Leitura de poemas e poesias de autores negros.
Para além destas práticas, os professores produziram e encaminharam vídeos sobre os temas estudados via Classroom e whatsapp durante todo o Ensino Remoto, tendo especial atenção ao tamanho dos arquivos para que os estudantes conseguissem acessar mesmo com a qualidade de internet sabidamente diminuta e desigual. Não podemos deixar de destacar o trabalho dos professores Débora Renata e José Wilton na divulgação das inscrições para a ETEC, os trabalhos envolvendo galerias de arte virtual desenvolvidos pelo professor Maurício em parceria com os demais colegas e o Clube do Livro da professora Adriana Carolina que contou com a participação de diversos estudantes e alguns pais e mães de nossa comunidade, além das professoras Débora Renata e Patrícia Soares e os professores José Wilton e Sidnei.
Os Auxiliares Técnicos de Educação (ATEs), a Coordenação Pedagógica e a Direção da escola cumpriram atendimento presencial na Unidade Escolar, momentos em que orientavam a comunidade a respeito das atividades no Classroom, Trilhas de aprendizagem, entrega de cestas básicas e cartões merenda de acordo com as listas de beneficiados encaminhadas pela Secretaria de Educação além do inquérito sorológico a respeito da covid-19.
Direção e Coordenação Pedagógica realizaram lives de formação com todos os funcionários e professores da escola afim de organizarem as práticas docentes e ofertar aos nossos estudantes a melhor qualidade possível em uma educação remota. Durante todo o período remoto nos aprimoramos quanto ao uso das ferramentas tecnológicas aplicada à educação e fortalecemos o nosso entendimento a respeito do Currículo da Cidade e dos direitos de aprendizagem dos estudantes. Cartazes, Site, Facebook e Whatsapp Businnes orientaram a comunidade escolar sobre as atividades remotas via Classroom e Trilhas de aprendizagem. Via whatsapp Businnes a nossa ATE Érica orientou a comunidade quanto as suas dúvidas.
Enquanto o Ensino Remoto seguia, a escola passou por reformas: muros externos foram grafitados assim como as portas dos banheiros e a pintura das paredes; as salas de Informática, Leitura, Secretaria, Coordenação, Direção e Sala dos professores foram reformadas; janelas foram arrumadas, assim como calhas, telhado e inúmeras outras pequenas reformas. A escola se preparou para receber os estudantes quando as aulas presenciais retornarem. Contamos com os membros do Conselho de Escola e da APM para organizarmos tudo o quanto foi possível e a eles deixamos nosso especial agradecimento. É impossível relatar todas as ações desenvolvidas em um curto espaço, aqui deixamos nossos agradecimentos a todos, pois juntos somos mais fortes e construímos bases mais sólidas.
Mas e os estudantes? Apesar da grande dificuldade de acesso a internet muitos buscaram atividades impressas para recuperação paralela, sob orientação da professora Edna, ao passo que muitos outros participaram ativamente das atividades propostas pelos professores de maneira online. Estes estudantes foram o grande motor para as nossas práticas e, em meio a tantas adversidades, interagiram e entregaram as atividades propostas, participaram das lives, dos podcasts, questionaram, contribuíram e nortearam as nossas práticas pedagógicas.
Aos estudantes e aos pais dedicamos nosso especial agradecimento pois sem vocês a escola perde o seu sentido de existir e, mesmo no contexto de Ensino Remoto, a participação de vocês foi fundamental. Sabemos dos problemas de acesso a internet e das consequências que isso trará, no entanto, certamente no ano que vem a recuperação das aprendizagens irá surtir efeito e todos voltarão a avançar na conquista de uma educação de qualidade. Continuaremos a nossa parceria que ao longo dos anos gerou grandes frutos.
Nesta publicação a professora Roseli Maria persistiu na organização da nossa tradicional publicação intitulada Nossos Autores que conta com textos produzidos pelos estudantes em todas as turmas e sob orientação dos professores. Nesta versão online o projeto ganha novos ares e mantém a qualidade das publicações impressas. Sejam bem vindos aos Nossos Autores.
Caio César de Sousa Yoshioka - Coordenador Pedagógico