Análise Exploratória de Acidentes de Trabalho no Brasil em 2022

Conclusão

Acreditamos que o objetivo deste estudo foi amplamente cumprido, ao se realizar uma análise visual detalhada dos dados referentes aos acidentes de trabalho no Brasil, utilizando o Anuário Estatístico de Acidentes do Trabalho (AEAT) de 2022, bem como uma comparação paradigmática dos dados dos últimos dez anos, de 2012 a 2022. As visualizações proporcionaram insights valiosos sobre os municípios com maior incidência de acidentes de trabalho, as regiões do corpo mais afetadas, a distribuição por estado, sexo e faixa etária, além de destacar as doenças mais frequentes segundo a Classificação Internacional de Doenças (CID-10).


A análise longitudinal dos dados revelou uma tendência geral de decrescimento no número de acidentes de trabalho ao longo da última década, com um pico de queda significativo em 2020, que pode ser atribuído aos lockdowns durante a pandemia de COVID-19. No entanto, 2021 apresentou um aumento considerável, alertando para a necessidade de medidas contínuas para mitigar esses índices.


Quando feita a distribuição geográfica dos acidentes evidenciou que os estados das regiões Sul e Sudeste, notadamente São Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina e Paraná, apresentaram os maiores números absolutos de acidentes. Quando ajustados pela população, Santa Catarina e Rio Grande do Sul destacaram-se negativamente, indicando que esses estados têm maiores desafios particulares na gestão da segurança do trabalho.


Na análise por sexo e faixa etária revelou que homens têm maior incidência de acidentes entre 25 e 29 anos, enquanto mulheres apresentam maior índice entre 35 e 39 anos. A sobreposição dos gráficos permitiu observar que, até os 29 anos, homens tendem a se acidentar mais que as mulheres, invertendo-se essa tendência em idades mais avançadas.


Já a hierarquização das doenças mais frequentes utilizando o treemap destacou a preponderância das lesões, traumatismos, envenenamentos e outras consequências de causas externas, com ênfase nos traumatismos do punho, mãos, tornozelos e pés. Isso sugere a necessidade urgente de políticas de prevenção específicas para essas áreas corporais, dado o impacto significativo dessas lesões no ambiente de trabalho.


Contudo, o estudo apresenta ainda algumas limitações. A análise baseou-se exclusivamente nos dados do AEAT, sem uma perspectiva completa das variações anuais que poderiam fornecer uma visão temporal mais rica. A qualidade e completude das notificações de acidentes de trabalho variam significativamente entre regiões e setores econômicos, o que pode impactar a precisão dos dados. Insta salientar que em algumas regiões a prepoderância do trabalho informal potencialmente mascara a realidade dos fatos, eis que os dados do AEAT são provenientes das Comunicações de Acidentes do Trabalho encaminhadas ao INSS e de dados de benefícios por acidente do trabalho concedidos pelo INSS. Para o cálculo dos indicadores são utilizados dados da base dos contribuintes do INSS.


Recomenda-se que futuros estudos incluam análises longitudinais mais detalhadas para compreender as tendências temporais e identificar causas subjacentes das variações nos índices de acidentes. Investigar a eficácia das políticas públicas já implementadas e explorar a relação entre investimentos em segurança do trabalho e a redução dos acidentes também pode ser considerado crítico.


Pesquisas futuras podem também tentar se utilizar de metodologias avançadas de análise de dados, como técnicas de machine learning, para prever ocorrências de acidentes e sugerir intervenções preventivas mais precisas. A inclusão de variáveis adicionais, como condições de trabalho, nível de treinamento dos trabalhadores e características específicas dos setores econômicos, proporcionará uma compreensão mais completa dos fatores que contribuem para os acidentes de trabalho.


Portanto, cuidamos que este estudo não só atende aos objetivos propostos, como também já estabelece uma base sólida para investigações futuras, que poderão contribuir significativamente para o entendimento e a melhoria das condições de trabalho, bem como para a redução dos índices de acidentes de trabalho no Brasil.