Lucio Costa desenha Brasília em dois eixos formando uma cruz, nela ele considera a topografia do lugar, tornando-a curva (figura 1), dando origem a um desenho único digno de contemplação. No traçado de Norte a Sul se encontra o Eixo Rodoviário (eixo transversal), dispondo o uso residencial - superquadras. No traçado de Leste a Oeste, o Eixo Monumental (eixo vertical), dispondo acerca dele os setores culturais, centro esportivo, setor administrativo municipal, centros cívicos, zonas de armazenagem e abastecimento, pequenas indústrias e por fim a estação ferroviária (Revista Brasília, 1957).
A construção de Brasília chamou a atenção de todos os brasileiros, atraindo trabalhadores — os chamados candangos —, que rapidamente se tornaram a principal força de trabalho e os primeiros moradores da nova capital. As terras ao redor passaram a ser ocupadas antes mesmo da construção, originando importantes centros urbanos, como exemplo o Núcleo Bandeirante (Cidade Livre, 1956) e Gama (1960). Ao longo dos anos originou-se outros centros urbanos ao redor do Plano, como Planaltina (1966) e Recanto das Emas(1993) (TD. nº 82).
A expansão do território urbano de Brasília — também compreendido como Distrito Federal (DF) — resultou em manchas urbanas descontínuas e grandes vazios, influenciando assentamentos irregulares a ganharem força, o que mais tarde foram incorporados ao ordenamento urbano (ROMERO; CALIXTER; TEIXEIRA, 2018). Essas cidades encontram-se mais afastadas da região central que fez com que a população passasse a depender do uso de veículos motorizados e consequentemente terem viagens mais longas. Além disso, essa configuração espacial afetou a oferta de áreas verdes (ROMERO; CALIXTER; TEIXEIRA, 2018), pois os assentamentos ocupavam espaços que estavam destinados ao uso rural, o que segundo pode ser explicado por estarem mais perto de redes de infraestrutura e em espaço urbanos consolidados (SANO; CHELOTTI, 2021).
Em contrapartida, cidades como Ceilândia, Taguatinga, Gama, Sobradinho e Itapoã passaram a adquirir maior autonomia, desenvolvendo núcleos urbanos com crescimento econômico, social e cultural. Nesse contexto, na década de 1990, por meio do Decreto nº 19.040, de 18 de fevereiro de 1998 , as chamadas “cidades-satélites” passaram a ser oficialmente denominadas Regiões Administrativas (RA). A alteração ocorreu em razão do uso inadequado da expressão “cidades-satélites”, remetendo a periferias pobres, a informalidade, a insegurança, além do fato de essas localidades terem se tornado mais independentes em relação ao Plano Piloto. Todavia, a denominação “cidades-satélites” ainda é amplamente utilizada pela população e até mesmo em produções acadêmicas (DERNTL, 2018).
Figura 2: Evolução da “cidade satélites”. Fonte: Codeplan, 2021
Brasília possui atualmente 35 Regiões Administrativas, entre elas o Itapoã - RA XXVIII, criada no ano 2005 e a qual ganhará destaque nessa pesquisa. Uma área que por conta dessa desorganização urbana, também sofre com problemas de conexão com regiões próximas, mobilidade e déficit de áreas públicas de lazer. Assim, a escolha de realizar uma proposta de qualificação urbana no Itapoã, impõe-se por uma percepção sensível do território e análise analítica urbanística da região.
O Itapoã, como outras Regiões Administrativas, sofre com o impacto da expansão multiforme, com localização distante dos principais centros urbanos. Diante desse cenário, evidência as necessidade de estratégias que promovam uma integração territorial e qualificação da mobilidade, assegurando melhores condições de vida para a população.
Em decorrência do seu processo de formação como assentamento irregular, a área apresenta uma estrutura fragmentada, caracterizada por ruas estreitas que dificultam a mobilidade urbana. As ruas e quadras descontínuas e desconexas provocam ruas sem saída, e calçadas estreitas, priorizando os carros e estacionamento. Além disso, a circulação do transporte público fica concentrada em poucos eixos viários, o que agrava o congestionamento em horários de maior movimentação.
Nesse sentido, há também o problema da distribuição de áreas livres e arborização, ocasionando áreas distribuídas em zonas afastadas e lindeiras, dificultando a apropriação pela população, além da má distribuição dos equipamentos públicos pela região. Com isso, esse trabalho propõe a implementação desses aspectos aqui falados com o objetivo de elaborar espaço que proporcionem o bem-estar, a qualidade urbana e a boa caminhabilidade.
Pensando no bem-estar da população, na melhoria da qualidade urbana e na boa caminhabilidade, este trabalho tem como objetivo propor um projeto de adequação do espaço urbano do Itapoã, com foco nas áreas públicas e na estrutura viária, buscando promover a integração entre a Área de Regularização de Interesse Social (ARIS), a ARINE e o Itapoã Parque. Para isso, propõe-se a intervenção nas vias comerciais e rodovias – avenida Del Lago, avenida da Fazendinha, a DF-250 e a BR 001 – que estruturam e conectam os bairros e a outras regiões administrativas. A proposta contempla a identificação dos principais desafios, propondo diretrizes que promovem a mobilidade e novos espaços públicos visando a qualidade de vida dos moradores.
OBJETIVOS GERAIS
Pensando no bem-estar da população, na melhoria da qualidade urbana e na boa caminhabilidade, este trabalho tem como objetivo propor um projeto de adequação do espaço urbano do Itapoã, com foco nos espaços públicos e na estrutura viária, buscando promover a integração entre a Área de Regularização de Interesse Social (ARIS), a ARINE e o Itapoã Parque. Para isso, propõe-se a intervenção nas vias comerciais – avenida Del Lago, avenida da Fazendinha, a DF-250 e a BR 001 – que estruturam e conectam as áreas. A proposta contempla a identificação dos principais desafios, propondo diretrizes que promovem a mobilidade e novos espaços públicos visando a qualidade de vida dos moradores.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Intervir no sistema viário, com enfoque nos pedestres e ciclista;
Preservar e criar áreas arborizadas;
Readequar e adicionar espaços de lazer como praças e parques;
Criar espaços para arte, perfomace e promover a vida em movimento;