ÍNDICE
Introdução (Sarah Nobre);
A impressão chega na Europa (Stela Brenda);
O Design e a Revolução Industrial (Sarah Nobre);
Fotografia (Evelyn Pereira);
Litografia (Stela Brenda);
Apresentação de Slides do conteúdo (Evelyn Pereira);
Autores;
INTRODUÇÃO
A impressão possui papel crucial na carreira do designer e, por este motivo, é fundamental entender um pouco da sua história, de como era feita a reprodução de textos e imagens em tempos com pouca tecnologia, como na Idade Média, e em que momento surgiram os primeiros exemplares de máquinas tipográficas que marcaram o caminho para as impressoras que usamos hoje.
Inicialmente, é importante enfatizar o termo Xilografia, que é o termo técnico para a impressão a partir de uma superfície de madeira em relevo, uma técnica originária da Ásia. Já a Tipografia é o termo para a impressão com pedaços de metal ou madeira independentes, móveis e reutilizáveis, sua invenção foi um avanço de suma importância, ao lado da invenção da escrita. Escrever possibilitou transmitir e armazenar informações, transcendendo tempo e espaço, já a impressão tipográfica permitiu a produção econômica e múltipla da comunicação alfabética, consequentemente, disseminando informação e aumento da alfabetização.
A demanda por livros foi um fator que viabilizou a tipografia, porque a demanda aumentou em decorrência da classe média letrada emergente e estudantes nas universidades em alta expansão. Porém, o processo de produção de um livro era lento, tendo em vista que era manuscrito, de modo que o valor de um livro era extremamente caro. Os mercadores tentaram otimizar a produção, mas mesmo assim atender a demanda era extremamente difícil. Paralelamente a isso, a fabricação de papel começa a se estabelecer aos poucos, fator que contribuiu quando o sistema de impressão foi estabelecido.
A origem da impressão com blocos de madeira na Europa se sucedeu a partir da impressão em relevo no papel, de forma que baralhos e estampas de imagens religiosas foram as manifestações iniciais, o baralho sendo considerado como uma das primeiras peças impressas a passar uma cultura iletrada, fazendo delas a mais antiga manifestação europeia da capacidade de democratização da impressão. Ademais, a respeito das primeiras impressões xilográficas destinadas a comunicação conhecidas na Europa, foram estampas piedosas de santos, variando em tamanho, além de que essas primeiras estampas evoluíram para livros tabulares ou xilografados.
Com a disponibilidade de papel, a impressão em relevo com blocos de madeira e a demanda crescente por livros, a mecanização da produção por meios como o tipo móvel foi buscada por gráficos na Alemanha, Holanda, França e Itália. Por conseguinte, o holandês Laurens Janzoon Coster explorou o conceito de tipo móvel recortando letras ou palavras de seus blocos de madeira para reutilização, sendo considerado um dos concorrentes de Gutenberg. O julgamento da história, porém, é que Johan Gensfelisch zur Laden zum Gutenberg, reuniu pela primeira vez os complexos sistemas e subsistemas necessários para imprimir um livro tipográfico por volta de 1450. Ele foi aprendiz de ourives, desenvolvendo as habilidades de trabalho em metal e gravação necessárias para fazer tipos. No início de 1438, Gutenberg formou uma parceria contratual com os cidadãos estraburguenses Andreas Dritzehen e Andreas Hellmann, ele concordou em lhes ensinar um processo secreto de fabricação de espelhos. Quando Dritzehen morreu, seus irmãos processaram Gutenberg e o registro desse processo revelou que Gutenberg estava envolvido com impressão. De fato, Gutenberg estava envolvido no processo de impressão tipográfica, ele trabalhou por dez anos para obter sua primeira impressão e vinte anos até imprimir o primeiro livro tipográfico, chamado de bíblia de 42 linhas.
A chave para a invenção de Gutenberg foi o molde de tipos, usado para forjar as letras individuais. A partir disso, Gutenberg aprimorou cada vez mais o processo de impressão, seja na parte de prensa, design e modificação nas peças. No decorrer do tempo, impressões começaram a ser produzidas, como poemas, calendários e edições até chegar na importante impressão da bíblia. Indubitavelmente, Gutenberg e sua contribuição com a impressão tipográfica foram um grande avanço nos tipos móveis e na história.
A sociedade passou por grandes transformações desde a invenção da máquina tipográfica de Gutenberg. O desenvolvimento tecnológico constante levou ao enfraquecimento da aristocracia e a ascensão do capitalista simultaneamente, sobretudo após a invenção do motor a vapor por James Watt que levou a construção de fábricas e a criação do conceito proletário e burguês. Ainda nesse período, a população letrada também cresceu rapidamente devido às revoluções francesa e estadunidense que disseminavam os ideais do Iluminismo para as massas.
Com as máquinas ocupando cada vez mais espaço nos serviços, muitos papéis de trabalho foram modificados e/ou fragmentados, incluindo na impressão. O que antes era de responsabilidade do impressor desde à construção da máquina até o produto no papel (como Baskerville fazia, por exemplo), pouco a pouco teve partes do trabalho totalmente mecanizado. Nesse contexto, tanto os materiais da tipografia foram alterados quanto a tipografia em si, que inicialmente era usada apenas para criar livros e folhetos, mas desenvolveu outros gêneros como anúncio e propaganda para acompanhar o avanço das impressoras e publicidade.
Dentre as principais inovações tipográficas e seus inventores encontram-se:
• Lorde Stanhope: desenvolveu a primeira máquina de impressão feita inteiramente de ferro fundido, que acelerava o processo de impressão, por usar menos força, e diminuía os custos de produção;
• Friedrich Koening: criou a primeira máquina de impressão a vapor que conseguiu bater o recorde de 400 folhas por hora naquele tempo;
• O pincel de bola manual, originário da máquina de Gutenberg, foi substituído por rolos cilíndricos automatizados para aplicar a tinta sobre os tipos móveis;
• A Times foi uma das principais empresas a exigir melhorias nas impressoras, pedindo máquinas com mais cilindros, adição de lâminas neles, tudo que pudesse aumentar e acelerar a produção.
• Nesse contexto de inovações também surgiu a máquina de fabricação de papel;
• Merghantealler: desenvolveu uma máquina similar a um teclado, com pequenos moldes metálicos com letras, números e símbolos em baixo relevo. Sua invenção conseguia escrever uma linha inteira de texto e depois era impressa no papel, por isso foi chamada de Linotype ou Linotipo;
Nas antigas máquinas tipográficas de madeira os tipos móveis eram armazenados em caixas para cada caractere, porém, as inovadoras máquinas de impressão como a Linotype já tinham os tipos incluídos em sua estrutura e fizeram com que o mercado de tipos caísse bruscamente, ao mesmo tempo que a pirataria de tipos crescia descontroladamente para os indivíduos que ainda não tinham aderido às impressoras novas.
Com tantas invenções otimizadoras de tempo a produção de livros e periódicos aumentou consideravelmente e a sociedade pôde vivenciar a era da comunicação em massa.
A fotografia foi considerada como a nova ferramenta da comunicação, capaz de eternizar um momento. A partir do antigo dispositivo datado da época Aristotélica, a "camara obscura" (câmara escura), inventores viram a possibilidade de tornar permanente uma imagem em um material sensível à luz.
O francês Joseph Nicéphore Niépce buscava uma forma automática de transferir desenhos para a lâmina de impressão, buscando uma forma que não fosse o desenho para não fazer lâminas.
Niépce começou seus experimentos revestindo uma folha de peltre com um betume chamado betume da Judéia, que se enrijece quando exposto à luz. Após isso fez uma cópia-contato de um desenho, que havia sido untado com óleo para o deixar transparente, sobre o peltre usando a luz solar. Depois lavou a lâmina com o óleo de lavanda para se livrar das partes não endurecidas pela luz e por fim a queimou com ácido fazendo assim uma cópia incisa do original. Ele chamou essa invenção de heliogravura.
Em 1826, ele aprimorou sua descoberta colocando uma das lâminas peltre no fundo de sua câmara escura e apontou para fora da janela, com isso ele conseguiu fazer um retrato direto da natureza, considerada essa a mais antiga foto existente.
Após isso Louis Jacques Daguerre, artista que participou da invenção do diorama, entrou em contato com ele pois ambos tinham pesquisas semelhantes. Niépce o recebeu com entusiasmo e a dupla compartilhou suas ideias até Niépce morrer de um ataque cardíaco em 1833.
Simultaneamente no Brasil, o artista e pesquisador francês Hércules Florence fazia suas próprias pesquisas no campo da fotoquímica, o que culminou na descoberta isolada de um processo fotográfico a partir de 1833.
Em Janeiro de 1839 Daguerre, agora sem Niépce, aprimorou o processo e o apresentou para a Academia Francesa de Ciência. Os acadêmicos se encantaram com as impressões daguerreotípicas. Em seu processo aprimorado ele passou a banhar uma folha de cobre em prata, esta folha era colocada com sua face prateada para baixo, em cima de um recipiente de cristais de iodo. O vapor do iodo combinado com a prata produzia o iodeto de prata, que é sensível à luz, a lâmina era exposta a luz depois colocada sobre um recipiente de mercúrio aquecido e assim se produzia a imagem visível. A imagem luminosa, era um baixo-relevo de mercúrio e prata que variam conforme a quantidade da luz que a lâmina havia sido exposta. Foi um grande salto e com isso se concretizou a tecnologia para fazer imagens mecanicamente. No ano inicial foram produzidos meio milhão de daguerreótipos em Paris.
Dentre as limitações dos daguerreótipos estava o fato de que cada lâmina era uma imagem de tamanho único e predeterminado, e o processo exigia meticuloso polimento.
Agora na Inglaterra, pesquisas foram realizadas simultaneamente por William Henry Fox Talbot, pioneiro no processo que constituiu a base tanto da fotografia como das lâminas de impressão fotográfica. Talbot estava triste pela dificuldade que era representar belas paisagens e pela sua limitada capacidade de desenho, ele queria que as imagens se imprimissem por si mesmas de modo duradouro.
Ele começou os experimentos com nitrato de prata, que era sensível à luz, em seus primeiros experimentos ele deixava o papel flutuar em uma salmoura fraca e depois tratava com nitrato de prata, formando assim um composto insolúvel que era sensível à luz. Talbot colocava pedaços de renda e folhas de planta no papel e depois expunha a luz solar, o papel em torno do objeto lentamente escurecia. Ele chamou esses desenhos feitos sem uma câmera fotográfica de desenhos fotogênicos, hoje é conhecido como fotograma.
Talbot ficou sabendo das pesquisas de Daguerre e prontamente entregou um relatório para a Royal Society.
Em 1840, Talbot conseguiu aumentar a sensibilidade do seu papel à luz, expor uma imagem latente, depois revelá-la após ser retirada da câmara. Ele chamou esse novo processo de Calotipia.
Os daguerreótipos tinham qualidade superior aos calótipos, contudo o efeito negativo dos calótipos podia ser usado para fazer um número ilimitado de cópias, essa invenção alterou radicalmente o curso da fotografia.
Depois de anos de pesquisa, em 1877, várias firmas agora conseguiam produzir lâminas secas de emulsão de gelatina para uso comercial. Em 1888 foi inventada a câmera Kodak e agora todos tinham acesso à fotografia.
A fotogravura reduziu o custo e o tempo para produzir bloco a de impressão, além de ser mais fidedigna. Momentos históricos agora poderiam ser preservados no tempo graças à fotografia.
A litografia foi inventada em 1796 por Aloys Senefelder, que procurava uma forma barata de imprimir sua própria obras dramatúrgicas pela experimentação com pedras gravadas e relevos em metal. Ele acabou por desenvolver a impressão litográfica, em que a imagem impressa não é saliente como a impressão em relevo, nem incisa, como na impressão em intaglio, mas sim formada pelo plano liso da superfície de impressão. A impressão feita a partir de uma superfície plana é chamada de impressão planográfica.
Senefelder começou a fazer experiências com litografia multicolorida e previa que um dia esse processo seria aperfeiçoado para possibilitar a reprodução de pinturas. Evidentemente, é notável como a chegada da impressão em cores anos depois teve enormes consequências sociais e econômicas.
A cromolitografia norte-americana começou em Boston ,onde vários excelentes praticantes inauguraram uma escola de naturalismo litográfico.
Em 1846, Richard M. Hoe aperfeiçoou a imprensa litográfica rotativa, que foi apelidada de "imprensa relâmpago" devido a sua velocidade de impressão. Essa inovação gerou uma competição entre litografia e impressão tipográfica.
O segundo inovador importante da cromolitografia foi John H. Bufford, desenhista genial cujas imagens em estilo crayon alcançaram notável realismo. Marcas registradas dos projetos de Bufford eram o meticuloso e convincente desenho tonal e integração de imagens e letras em um projeto unificado.
As quatro décadas de 1860 a 1900 foram o auge da cromolitografia, pois ela dominava a impressão em cores. As artes gráficas da era vitoriana encontraram um dos mais prolíficos inovadores no imigrante alemão Louis Prang, cujo trabalho e influencia eram internacionais.
Louis Prang fundou uma empresa de cromolitografia com Julius Mayer em 1856. Ele produzia uma pintura popular narrativa e romântica, estreitamente ligada a ilustração gráfica dos cromolitógrafos. Prang reproduzia artes, mapas e cartões ilustrados, suas imagens eram naturalistas e meticulosamente desenhadas. Além disso, ele ajudou a popularizar os cartões de propaganda em cromolitografia e se empenhou na educação artística.
De Boston, a cromolitografia rapidamente se espalhou para outras cidades importantes, gerando um crescimento fenomenal. Diante disso, sem tradição e carecendo das restrições da impressão tipográfica, os designers agora possuíam maior liberdade criativa. No entanto, o crédito das cromolitogravuras eram atribuídos frequentemente a empresa litográfica ao invés dos artistas.
Paralelamente a isso, a paixão da era vitoriana pela alegoria e personificação gerou uma grande reprodução de cartazes, devido a chegada de circos e parques, Ademais, rótulos e embalagens se tornam importantes na cromolitografia e na metade do século processos de impressão por decalque ocorrem.
A litografia possibilitava uma abordagem mais ilustrativa da comunicação pública e na metade do século XIX, a concorrência dos impressores tipográficos com a litografia gerou grande produção de cartazes com maior criatividade.
BIBLIOGRAFIA
Evelyn: História do Design Gráfico (Alston Purvis, Philip B. Meggs)
Sarah: História do Design Gráfico (Alston Purvis, Philip B. Meggs); Toda Matéria - Revolução Industrial <https://www.todamateria.com.br/revolucao-industrial/ >; Fichamentos pessoais referentes ao conteúdo.
Stela:
AUTORES:
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sarahhelenanobre@gmail.com
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN);
Bacharelado em Design;
Disciplina Introdução ao Estudo do Design, ministrada por Rodrigo Boufleur;
Esta produção colabora com o projeto "Estudos sobre Design" (www.estudossobredesign.blogspot.com), trabalho coordenado pelo professor Rodrigo Boufleur de divulgação de produções acadêmicas desenvolvidas por alunos do curso de Bacharelado em Design da UFRN.