CUCA

SURGIMENTO DOS CURSINHOS POPULARES

O CUCA – Cursinho Unificado do Campus Araraquara – é um projeto de extensão universitária fundado em 1993 pelos estudantes com o apoio da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – Unesp. Entretanto, atualmente, o projeto é mantido em parceria com a Prefeitura Municipal de Araraquara-SP e Boa Esperança do Sul-SP. Essa parceria se concretiza a partir da colaboração da Prefeitura no fornecimento de um aporte financeiro com a finalidade de custear bolsas de extensão, em contrapartida a Unesp fica responsável pela gestão do projeto, sendo encarregada pela seleção e regularização dos alunos bolsistas que ministram aulas regularmente.

O CUCA conta hoje com um total de 4 núcleos, sendo três deles localizados na cidade de Araraquara e outro em Boa Esperança do Sul. Ao todo, o projeto atende cerca de 300 alunos por ano, especialmente aqueles em situação de vulnerabilidade socioeconômica e que estejam cursando ou concluído o ensino médio em escolas públicas, ou particulares com bolsa integral.

O surgimento do projeto CUCA está atrelado a um âmbito mais amplo do que a esfera municipal, mas um processo histórico que data da redemocratização do Brasil no final do século XX.  Como afirma Pereira et al., “os cursinhos populares surgem efetivamente a partir do final da década de 1970”, e duas décadas depois “a experiência do pré-vestibular para negros e carentes (PVNC), no Rio de Janeiro, vai servir de parâmetro para o grande surgimento dessas iniciativas na atualidade” (2010, p. 88). É evidente que, desde de suas bases, os cursinhos populares, preparatórios, pré-vestibulares, comunitários - apesar das suas particularidades - tinham como objetivo democratizar o acesso ao ensino superior no Brasil a partir da mobilização dos movimentos sociais de base e não por meio de políticas verticalizadas.

Nessa perspectiva, é a partir da mobilização dos estudantes universitários em parceria com a comunidade que esses projetos se concretizaram. Portanto, há nesse processo a criação de um forte vínculo social, estimulando a participação política e reafirmando o pertencimento social. Vieira e Caldas são elucidativos ao afirmar que o cursinho popular é um “local de afeto e identificação”, sendo assim, “além de emancipar, ele acolhe e fomenta afetividade, aliviando dificuldades diversas como: construção familiar, mobilidade urbana, fome, machismo, pressão do mercado de trabalho e pressão do vestibular” (2017, p. 154).

Referências

PEREIRA, T. I.; RAIZER, L.; MEIRELLES, M. A luta pela democratização do acesso ao ensino superior: o caso dos cursinhos populares. REP - Revista Espaço Pedagógico, v. 17, n. 1, Passo Fundo, p. 86-96, jan/jun, 2010. Disponível em: http://coral.ufsm.br/alternativa/images/A_luta_pela_democratiza%C3%A7%C3%A3o_do_acesso_ao_Thiago_Ingrassia.pdf . Acesso em: 30/07/2022.

VIEIRA, D. N. & CALDAS, R. F. L. Os sentidos e os significados do cursinho popular: história de vida. Rev. Ed. Popular, Uberlândia, v. 16, n. 3, p. 139-155, 2017. Disponível em: https://www.scielo.br/j/spp/a/sZJcPLh4FbQK6ZfDLszGTtD/abstract/?lang=pt. Acesso em: 30/07/2022.