SOBRE A RIMA

SOBRE O III COLÓQUIO

O III Colóquio Relações Internacionais e Marxismo se propõe a realizar mais um encontro entre o Marxismo e as RI, reunindo pesquisadores e seus trabalhos que promovem análises a partir do materialismo histórico sobre o internacional, frequentemente desconhecidos por estudiosos da área. Os eventos têm mobilizado a comunidade acadêmica brasileira de Relações Internacionais, contribuindo para o desenvolvimento de um campo intelectual crítico em RI no Brasil. Esta edição, no Nordeste do Brasil, pretende ainda ampliar a participação de docentes e pós-graduandos não apenas do Brasil, mas de outros países da América do Sul. 

A influência nas ciências humanas do pensamento de Marx, Engels e autores marxistas é ainda bastante limitada no campo de Relações Internacionais (RI) no Brasil e no exterior. Desde seu início, o campo de RI insiste em evitar o Marxismo, suas teorizações e análises concretas sobre o internacional. Do ponto de vista teórico-político, argumenta-se que o Marxismo não teria nada a dizer sobre as relações internacionais, pois seria uma teoria economicista que reduziria os fenômenos da política internacional à dinâmica da economia capitalista, não ofereceria uma teoria sobre o Estado (o principal agente das relações internacionais) e seria meramente uma perspectiva normativa dedicada à utopia socialista e incapaz de realizar análises da realidade concreta. Diante disso, uma parte isolada dos debates relacionados ao marxismo foram desenvolvidos na subárea de Economia Política Internacional, sobretudo no campo da Economia. Nota-se ainda, com limitações, uma abordagem sobre o Marxismo na subárea de Teoria de Relações Internacionais. Contudo, as entradas sobre o Marxismo nos ditos “Manuais” não dão conta da contribuição de estudiosos marxistas para o a leitura da história e da atualidade de fenômenos internacionais. 

O evento tem como objetivo, portanto, um maior intercâmbio entre pesquisadores marxistas e de RI para aprofundar essa abordagem, e possibilitar uma atualização e diálogo de pesquisadores brasileiros e sul-americanos com a produção recente de pesquisadores de outras regiões. No Brasil, particularmente desde os anos 1970, existe participação ativa e direta de pesquisadores latino-americanos, com figuras de destaque na corrente marxista da Teoria da Dependência ou na Teoria do Sistema-Mundo. Contudo, essa influência não se materializou em uma assimilação mais sistemática e profunda da perspectiva marxista e sua capacidade de elaboração de alternativas para a atuação internacional de um país dependente, como o Brasil, assim como as leituras de e sobre outros países da região. Esta limitação é, ao mesmo tempo, causa e efeito de uma identificação da intelectualidade de Relações Internacionais e dos operadores de política externa brasileira com os Estados Unidos e a Europa, trazendo-nos o desafio de aprofundar os estudos no âmbito da América Latina e em diálogo com todo o mundo.

ORGANIZAÇÃO