O clube Bonjardim foi fundado em 1860, pela "aristocracia sernachense", funcionando inicialmente numa casa particular. A informação sobre os primeiros anos de atividade é praticamente inexistente mas sabe-se que, em 1866, foram os seus membros a introduzir os espetáculos
de teatro em Cernache do Bonjardim, adaptando para esse fim uma residência no centro da povoação.
A falta de condições da sede e do teatro levou a um grupo de cidadãos a lançar uma subscrição pública para a construção de um edifício que pudesse albergar essas duas estruturas e também uma escola. O terreno foi oferecido por José Vitorino da Silva e António Ferreira de Miranda e Oliveira e para a condução de todo o processo foi eleita uma comissão a 20 de fevereiro de 1885, presidida por Rufino Vitória da Mata.
A inauguração do novo edifício aconteceu em 1890, apesar de o Teatro Bonjardim só ter sido estreado dois anos depois com a representação das peças "Tio Padre", "Dois Políticos" e "30 Botões".
Os espetáculos teatrais continuaram a ser presença assídua na nova sala, com várias companhias nacionais a incluírem Cernache do Bonjardim nas suas tournées. Os bailes e os serões culturais eram as atividades mais procuradas pelos sócios e seus familiares e as festas ganharam tal fama que de todo o lado chegavam pedidos de participação.
A vinda do ator Francisco Taborda e do maestro Alfredo Keil para uma récita no Teatro Bonjardim foi para a imprensa da época o ponto mais alto da história do Clube Bonjardim e do seu teatro. O espetáculo aconteceu a 7 de abril de 1899 e o jornal Echo da Beira não poupou nos adjetivos: "Encerraram-se as festas, mas os ecos dessas aclamações repercutir-se-á sempre, fagueiramente, no espírito de todos, em manifestações da mais vivida e saudosa recordação, em lampejos de uma bem condimentada vaidade pela visita desses dois gloriosos artistas".
Para perpetuar o momento a Direção do Clube Bonjardim decidiu em maio daquele ano mudar o nome do teatro para Taborda.
Em 1909, a instituição apostou na construção de um novo mercado em Cernache do Bonjardim. Para tal contou com a importante ajuda monetária de Joaquim de Paula Antunes e do coronal António Clemente Ribeiro Bittencourt, governador do estado brasileiro do Amazonas, que garantiu o apoio, durante a visita à localidade. O edifício do mercado foi inaugurado a 2 de julho de 1916. Nesse mesmo ano, a coletividade aprovou os seus primeiros estatutos.
Abílio Marçal era um dos principais impulsionadores da vida do clube, a que se juntavam nomes como Libânio Girão, Carlos Santos, Alfredo Vitorino, António Ribeiro Gomes, Virgílio Nunes da Silva, António Guerra, Cândido Teixeira, Floriano Bernardo de Brito, Filipe da Silva Leonor, António Pedro da Silva Júnior, Olímpio do Amaral, Isidro Paula Antunes, Daniel Bernardo de Brito e João Carlos de Almeida e Silva.
As primeiras experiências para a exibição de cinema no Teatro Taborda decorreram em 1991, com a população a aderir em grande número. Com maior ou menor regularidade, estas sessões continuaram nos anos seguintes mas só a partir de 1925, o aluguer de uma máquina projectora, possibilitou melhoras as condições de visionamento de filmes e garantir outro tipo de comodidade aos espetadores. Em 1938, a Direção do Clube assinou contrato com a empresa Cine-Som, de Coimbra, que passou a garantir a exibição de filmes, nomeadamente os principais títulos cinematográficos da altura.
Nesse último ano, o Clube Bonjardim levou a efeito diversos melhoramentos, principalmente a instalação de novos camarins em zona anexa ao Teatro Taborda e a beneficiação do campo existente junto ao edifício-sede. Na mesma altura decorria a construção de um novo salão de bailem com 124 metros quadrados, que seria inaugurado em finais de 1940.
Junto ao campo de ténis nascia, em 1942, um jardim e uma pérgola "elegantíssima, dispondo também um recinto de um belo dancing, todo um magnifico conjunto destinado a proporcionar algumas horas de alegria e prazer, durante o verão, aos sócios e suas famílias", escreveu o jornal Comarca da Sertã.
A coletividade atravessou alguns períodos de crise entrecortados por momentos de grande dinamismo. A década de 1960 voltou a recuperar algum brilho do passado mas as festas no Clube Bonjardim já não mobilizavam tantos sócios como sucedera outrora. A degradação do edifício que acolhia a sede da instituição e o Teatro Taborda era bastante evidente e as sucessivas direções tentavam mobilizar meios para fazer obras necessárias. As intervenções, porém, não passavam dos pequenos reparos.
A situação do Clube Bonjardim agudizou-se e, em 1994, o presidente da direção, Joaquim Patrício Mendes, admitiu que "a atual situação do Clube continua a ser precária, mormente o esforço de cada uma das suas direções que passaram nos últimos 20 anos pelo Clube Bonjardim". Ainda assim, na década de 1990 foram efetuadas algumas obras de montra no edifício, que garantiram a sua sustentabilidade. Ao mesmo tempo, foram criadas condições para o surgimento de um rancho folclórico no seio da instituição.
Já no século XXI, o Clube tem recuperado dinamismo, conseguindo capturar novos sócios para as suas instalações e criando novas secções de futsal.
Texto de Rui Pedro Lopes, no livro "História da Sertã"