CicloManifesto

Esta intervenção é uma iniciativa cidadã levada a cabo por um grupo de utilizadores de bicicleta, anónimos, sem qualquer associação entre si ou com outras entidades, que na sequência da celebração do Dia Mundial da Bicicleta e da ciclovia da Av. De Roma, decidiu atravessar a ponte e intervir na Margem Sul e nos acessos às praias da Caparica, para celebrar o Dia Mundial do Ambiente 2020 e dar início à época balnear.

Almada tem a maior extensão contínua de praias de toda a Área Metropolitana e, no entanto, os seus acessos ainda são medievais.

Esta ação é uma chamada de atenção à Camara Municipal de Almada, pela falta de um plano concreto de mobilidade suave e ativa de resposta à pandemia, e um sinal de alerta para a necessidade de implementação muitíssimo urgente de um plano apropriado, como já está a ser feito em diversas cidades do País e da Europa. 

É urgente implementar os 223 km de ciclovias prometidos no Plano Almada Ciclável, de maneira que todas as zonas habitacionais, comerciais, turísticas e de ensino de Almada estejam servidas e interligadas por ciclovias. Por agora existem cerca de 12 km de ciclovia construídos, cerca de 6% do total planeado em 2012. 

Ainda vivemos a maior pandemia do século, de uma doença que pode causar infeções respiratórias graves, que estudos apontam ser seriamente agravada pela poluição atmosférica – que já era um grave problema para a saúde dos cidadãos antes da pandemia e causa anualmente cerca de 6000 mortes prematuras em Portugal.

É hora de agir ou ficar parado no lado errado da história. No primeiro fim-de-semana depois do estado de emergência em que a população pôde frequentar a praia, as praias da Costa da Caparica estiveram cheias com mais de 180.000 pessoas só no domingo.

O trânsito e estacionamento automóvel caótico da estrada florestal não permitem qualquer segurança na circulação pedonal ou por bicicleta, e os visitantes da Costa da Caparica que optam por meios de transporte sustentáveis vêm-se obrigados a aglomerar-se e a preencher algumas poucas praias urbanas.

É urgente reduzir drasticamente a utilização de veículos com motor a combustão em contexto urbano para diminuir a poluição atmosférica, bem como reduzir os impactos rodoviários nas áreas de Reserva Ecológica Nacional. É urgente reduzir a velocidade automóvel nas ruas e avenidas de Almada, e nos acessos às praias, para 30km/h de forma a reduzir a poluição atmosférica e a sinistralidade rodoviária dentro do concelho.

Precisamos de mais ciclovias, a funcionar em rede, interligadas entre si e ligadas aos principais acessos cicláveis dos concelhos limítrofes, que garantam a todos os que vivem, estudam, trabalham em Almada, ou visitam a cidade e as suas atrativas praias, possam deslocar-se de qualquer ponto do concelho a outro em qualquer horário, de forma rápida, confortável, acessível e acima de tudo segura. Queremos que sejam facultadas as condições para que ainda mais gente opte pela mobilidade suave, ativa e limpa nesta cidade, dispensando a deslocação automóvel tanto quanto possível.

(* a Faixa Partilhada 30 + Bici é uma solução pop-up, rápida e barata. A solução correta a implementar seria uma ciclovia segregada em toda a extensão da avenida.)