Um clube de leitura e espaço artístico que propõe outro tempo: mais lento, íntimo e dedicado à escuta e à partilha.
O símbolo desta proposta é o sofá clássico Chesterfield, ícone de conforto e contemplação. Nele, imaginamos corpos descontraídos, olhos atentos a páginas ou palcos, ouvidos abertos a vozes, guitarras em modo unplugged e sussurros de vinil.
As sessões serão abertas à comunidade e construídas com ela. Terão lugar uma vez por mês, num espaço de Paredes de Coura, num ambiente onde o tempo abranda e se escuta. Haverá convidados, artistas, leitores, músicos e gente de pensamento livre. Cada sessão será um ponto de encontro entre palavras e sons, entre a escuta e a expressão, entre o conforto do clássico e a inquietude do contemporâneo.
→ CrUdE
Ana Clément, Dulce Moreira e Mariana Santos
foto: Paulo Pinto
CRUDE É: três raparigas e alguns objetos que fazem barulho. Crude não é: música folk nem spoken word, mas tem coisas. Crude é: a Mariana, a Dulce e a Ana. Crude não é: o cão da tua vizinha (mas pode ser, se ele quiser vir). Crude é: auto-irónico e presunçoso. Crude não é: mau do fundo do coração. Somos rafeiras, mas verdadeiras.
USAMOS as palavras como armas de arremesso, o som para tornar tudo ainda mais insuportável. abusamos da condição de mulher sem pudor para comer romãs como quem as fode. Rebarbadoras em punho para desafiar as palavras, para que elas possam deixar marca, ferir. Usamos a boca, o corpo e as mãos para dar forma à revolta. Somos três, mas poderíamos ser todas. Somos o que tivermos de ser quando bem nos apetecer. Pintamos os lábios de vermelho, usamos rímel e vestimos de preto. Gostamos de caminhadas, de torradas com muita manteiga e de ruas de sentido proibido. Somos mulheres, é isso.
Enchemos a boca de palavras de autores como Sophia de Mello Breyner Andresen, Natália Correia, Charles Bukowski. Usurpamos versos de wc e modinhas do cancioneiro tradicional. Resgatamos cantigas de escárnio e maldizer. Somos pop, tropicais e urbanas. Somos reggaeton e sáficas.
ATUAMOS para pessoas, animais de companhia. Levamos o corpo, lavamos as gargantas, manipulamos ferramentas. Abusamos dos sons, exageramos nas palavras. Não temos segredos. Atiramos com as palavras para o ar. Vestimos o chão com os livros. Comemos fruta e ligamos a sirene. Fazemos intervenções técnicas em canções. Distribuímos pacotinhos de açúcar entre o público. Fazemos a festa. Não fechamos a porta.
Desde 2015 até agora, atuamos na Póvoa de Varzim, no Porto, n’ “O Meu Mercedes é Maior que o Teu”, em descampados pouco articulados, em espaços culturais e livrarias, no V Encontro Internacional de Palhaços de Vila do Conde, na Casa Comum da Reitoria da Universidade do Porto e, mais recentemente, nas Quintas de Leitura, no Porto. somos mulheres, é isso. somos Pholc-panque apocalíptico poético-visceral catártico.
→ dj shake a leg B2B dj lapa
playlist de vinis
A pista passa para as mãos — e para o vinil — numa battle de DJ set entre o residente DJ Shake a Leg e a convidada DJ Lapa. Duas coleções, dois estilos, um só ringue giratório. Quem ganha? O público, obviamente.
Carlos Drummond de Andrade
(...)
No sofá antigo,
a ternura se espalha,
sem urgência,
sem relógio.
O tempo,
no sofá,
esquece de passar.