SUMARIO

No início dos anos noventa, o engenheiro mecânico Marçal Ceccon, e sua esposa Eneida no meio de carreiras profissionais sólidas, decidem mudar radicalmente o rumo da vida da família.

Aos 42 anos, pacatos moradores de uma cidade do interior de São Paulo, Marçal, sua esposa e seus filhos adolescentes, Marcelo e Clarissa, embarcam em um estilo arrojado de vida alternativa mudando-se para o veleiro Rapunzel, construido por eles mesmos.

Após uma viagem de circunavegação que durou quatro anos e meio, o Rapunzel volta ao Brasil em 1996, um sonho realizado! Essa aventura é então registrada em dois livros, “Rapunzel, uma família ao redor do mundo”, e “Rapunzel nos mares do sul”, e complementada pela publicação do “Cozinha a Bordo”, escrito por Eneida, que se tornou um ítem obrigatório a bordo de qualquer veleiro.

Em pouco mais de uma semana após o retorno ao Brasil, Marcelo e Clarissa reassumem os estudos interrompidos e mudam-se para terra. É a vida que segue...

O casal, a essa altura "cidadãos do mundo", continua vivendo a bordo, "tentando manter-se a uma distância segura do sistema", como enfatiza Marçal quando fala de sua vida no mar.

Em 2005 o Rapunzel zarpa novamente. Dessa vez, sem a companhia dos filhos, o casal parte para uma nova experiência. Desta vez voltam ao Caribe e de lá assumem uma rota conhecida desde os tempos do descobrimento, a famosa "Volta do Atlântico", que passa pelos Açores na ida, e pelos arquipélagos da Madeira, Canárias e Cabo Verde na volta. Trezentos e onze dias mais tarde, o Rapunzel volta ao Brasil com mais de dez mil milhas adicionadas ao seu "log" e, naturalmente, com muitas histórias em seu diário de bordo.

Mais uma vez, o autor tenta dividir com seus leitores um pouco da sua experiência e das informações acumuladas em viagem. Tendo descrito todo o percurso a partir dos registros de viagem do diário de bordo, este é mais um livro sem pretensões literárias. Nele o autor adota o tom quase coloquial de linguagem, característico de suas palestras e publicações anteriores e transporta o leitor para bordo, como um tripulante.

Entre essas duas longas travessias bem sucedidas, que originaram as publicações hoje no mercado, o casal continuou navegando ao longo da costa brasileira atualizando de dois em dois anos o seu “Guia Náutico da Costa Brasileira” que foi a primeira publicação completa do gênero editada em inglês e português em 1994.

Participando na maioria dos eventos náuticos nos últimos 20 anos, o casal realizou exposições, palestras em entidades de todo tipo inclusive no 1ºSimpósio de Segurança do Mar da Escola Naval do Rio de Janeiro em 2002. Marçal e Eneida colaboraram na divulgação e fomento da vela de cruzeiro no Brasil com sua experiência, cordialidade, e disponibilidade.

Em 2012, depois de 36 anos de vela, dos quais 21 vivendo a bordo do Rapunzel, Marçal e Eneida decidem “ voltar para a terra” e vendem o Rapunzel.

Naturalmente seria difícil se adaptarem a uma rotina urbana após tantos anos de uma vida “sem lenço nem documento”, assim era a vida de cruzeiristas “autosustentáveis” da época. Com toda a sua experiência de austeridade e independência, mudaram-se para uma cabana de fins de semana numa propriedade rural adquirida em 1977 à beira de uma represa no interior de São Paulo.

Ali, na simplicidade da vida no campo, entre o lago e a mata, reestabelecem o convívio da família, motivo principal do desembarque.

Com uma rotina de muito trabalho com hortas e pomares, formigas, cobras e lagartos, ainda sobra tempo para trilhas, montanhismo, e canoagem. Nas horas vagas ainda há espaço para projetos de restauração de utilitários antigos, paixões de infância de Marçal, que viveu a era de ouro da mecânica de raiz, locomotivas a vapor, pontes de aço rebitadas, máquinas de escrever Remington, relógios de pêndulo...

Quando se vive realmente imerso na vida de cruzeirista, nosso mundo nos parece de fato perfeito. Entretanto, depois de vinte e um anos efetivamente a bordo, finalmente percebemos a profunda verdade na frase sobre a vida a bordo que colocamos na abertura da última publicação, “Um Giro Pelo Atlântico” e que provoca alguma reflexão...

Para quem tem dúvidas sobre o que acontece depois de se dar a volta ao mundo... é bom sim, há vida após a vagabundagem!

“QUE LIBERDADE É ESSA, QUE TE APRISIONA A ALMA?”