Liane Dias

Liane Dias
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Pode nos contar um pouco de como você entrou na vida acadêmica?

A Liane cientista diz muito sobre quem foi a Liane criança. Cresci em Rio Grande (RS), uma pequena cidade litorânea do sul do Brasil, às margens da Lagoa dos Patos. Meu programa de família favorito sempre foi visitar o Museu Oceanográfico, mas nessa época eu ainda dizia que queria ser bailarina e dentista. Os anos passaram, eu cresci, conheci a Oceanologia, e descobri que era possível trabalhar com golfinhos. Deu certo! Cursei Oceanologia aqui na minha cidade, na Universidade Federal do Rio Grande (FURG), onde a oceanografia brasileira teve seu início. Hoje, sou pesquisadora na FURG e associada à ONG KAOSA, onde trabalho, entre outras coisas, com os botos da Lagoa dos Patos, no Museu Oceanográfico.

Como surgiu o interesse por sua área de estudo?

Já estudei algumas coisasmas atualmente considero que minha área de estudo é a Educomunicação, além da Conservação da Megafauna Marinha. Depois de muito produzir ciência básica sobre esses animais, e perceber que suas principais ameaças tem causas antrópicas, entendi que faltava comunicação! O conhecimento brilhantemente produzido principalmente pelas universidades públicas brasileiras, normalmente permanece preso nos “muros” da academia, escrito e comunicado em inglês. Foi aí que resolvi estudar e desenvolver formas de comunicar esses conhecimentos, para diferentes públicos, com o objetivo de sensibilizar e engajar as pessoas na causa ambiental.

No que você está trabalhando agora?

Atualmente, como pesquisadora do Laboratório de Ecologia e Conservação da Megafauna Marinha (ECOMEGA/FURG), coordeno os monitoramentos de praia quinzenais para registro de encalhes, auxilio no monitoramento embarcado da pequena população local de botos-de-Lahille, e sou responsável pelas mídias sociais e atividades de divulgação do laboratório, sensibilizando as comunidades locais e escolas sobre a conservação destas espécies e seu ecossistema. Além disso, como associada da ONG KAOSA, venho trabalhando com oceanografia socioambiental aplicada principalmente à pesca artesanal.

O que você gostaria que todos soubessem?

Eu gostaria que todas as pessoas soubessem o quanto a saúde e conservação das espécies e seus habitats está completamente relacionada ao bem estar da sociedade.

Como seria um dia perfeito para você?

Atualmente, um grande desejo é reviver algum dia de trabalho na Antártica. Um dia perfeito, seria acordar cedo no navio, tomar um bom café, colocar todas as roupas de frio disponíveis e encarar a rotina de observação, no bordo externo do navio. Temperatura 0°C, sensação térmica -10°C. Na vista, o estreito de Gerlache e muitos grupos de baleia-jubarte ao longo da navegação. E pra fechar, depois de 8 horas seguidas de observação, avistar um grupo com 15-20 orcas, descer o bote do navio e ir atrás delas. Observar, contar, fotografar, biopsiar, frio, fome, alegria, e lá se vão mais 4 horas na água. Tá aí um dia perfeito!