Pedro Tunes

Pedro Tunes

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  • Pode nos contar um pouco de como você entrou na vida acadêmica?

Assim como vários estudantes de biologia, acho que já cresci apaixonado pela natureza. Desde pequeno sou muito ligado a animais e plantas e apaixonado pelo mundo à minha volta. Minha única dúvida de qual curso seguir chegou quando comecei a tirar fotos e cogitei por um tempo me tornar um fotógrafo. Atualmente, fico extremamente feliz em conseguir conciliar as duas coisas! Entrei na UFMG em 2016 e desde estão me dedico à pesquisa e à divulgação científica.


  • Como surgiu o interesse pela Paleontologia?

A paleontologia faz parte da miinha vida desde minha infância. Além de ter frequentado inúmeros museus e sempre ter buscado livros desse assunto, moro em uma região extremamente privilegiada do ponto de vista paleontológico. Belo Horizonte (MG) se localiza a cerca de 35 km de Lagoa Santa, cidade considerada o berço da paleontologia sul-americana. Peter Lund (1801 a 1880) foi um naturalista dinamarquês que viveu na região e seus trabalhos foram responsáveis pela descoberta de dezenas de espécies icônicas da nossa megafauna, como preguiças-gigantes e o famoso tigre-dentes-de-sabre e, mais ainda, pela constatação, pela primeira vez na história, que o ser humano conviveu com espécies extintas. Ver de perto seus achados e seu impacto na comunidade científica, além de testemunhar lugares em que tais animais viveram até relativamente tão pouco tempo fizeram com que eu quisesse buscar respostas para essas estranhas extinções e, principalmente, me fizeram apaixonar com os seres que, por pouco, já não vivem mais entre nós.


  • No que você está trabalhando agora?

Trabalhei com biogeografia de répteis quando entrei na faculdade e migrei para a paleontologia em 2018. Desde então, venho realizando a organização da coleção de mamíferos do Laboratório de Paleontologia e Macroevolução da UFMG. Atualmente, sigo dando andamento ao projeto que desenvolvi no meu Trabalho de Conclusão de Curso, em que descrevi fósseis do urso brasileiro Arctotherium wingei e fiz um levantamento biogeográfico da espécie. Pretendo tentar compreender melhor sua área de distribuição e os nichos em que esse animal vivia no futuro.


  • O que você gostaria que todos soubessem?

Vivemos em uma crise mundial em que, pouco a pouco, nossos ecossistemas estão colapsando. A grande questão é que, ao contrário do que muita gente pensa, isso se iniciou há milhares de anos, quando o excesso de caça pode ter sido responsável pela perda de 80% dos grandes animais do planeta. Estamos em um planeta com ecossistemas esvaziados que, cada vez mais rápido, perdem sua biodiversidade. Não podemos apenas preservar a natureza pois já eliminamos a maior parte do mundo natural e, por isso, a ONU decretou essa década como a de Restauração dos Ecossistemas. Somente com mudanças bruscas em nosso planeta poderemos salvar as espécies que ainda nos restam.


  • Como seria um dia perfeito para você?

Acordar cedo, encontrar meus amigos e ir para o mato em busca de animais para tirar fotos. Quanto mais isolado, melhor! De preferência, voltar só de madrugada com o cartão de memórias cheio de bichos que eu nunca tinha fotografado antes.