Carlos Parra

Carlos A. Ordóñez-Parra

(Lattes | Twitter: @caordonezparra | ResearchGate)



Pode nos contar um pouco de como você entrou na vida acadêmica?

Quando comecei minha graduação em Ecologia na Pontificia Universidad Javeriana (Colômbia) minha intenção era adquirir as ferramentas e conhecimentos necessários para promover práticas sustentáveis em diferentes âmbitos. Porém, ao longo do tempo me encontrei com que muitas das coisas que fazemos para manejar nossos ecossistemas estão fundamentadas em ideias erradas ou que nunca foram testadas formalmente. Sendo assim, senti que se eu realmente queria contribuir na construção de soluções para as diferentes problemáticas ambientais de nossa sociedade, devia me dedicar a pesquisa.


Um momento muito influente nesta decisão, foi a publicação de um artigo na Nature da professora que foi minha orientadora durante a graduação –a Dra. Sofía Basto. Este artigo sobre o efeito da poluição por deposição de nitrogênio no banco de sementes do solo na Inglaterra, teve um grande impacto em mim, entre outras coisas, porque ele levou a decisões governamentais sobre o controle das emissões das empresas e uso de fertilizantes naquele país. Quando eu soube isso, pensei imediatamente: eu quero conseguir fazer isso mesmo, gerar conhecimento que consiga gerar mudanças em nossa sociedade.

Como surgiu o interesse por a ecologia de sementes?

Minha primeira experiência com a ecologia de sementes e (em pesquisa em geral) foi como voluntário num projeto da Dra. Sofía Basto. Com ela, tive a oportunidade de trabalhar num projeto sobre o potencial de banco de sementes para a restauração de uns bosques andinos na Colômbia que foram substituídos por plantações de eucalipto e pino. Desde aí, fiquei apaixonado pela capacidade das sementes de enfrentar diferentes condições ambientais para assegurar a supervivência das plantas.

Outro aspecto muito importante para mim, é que as sementes são um elemento chave em muitos processos ecológicos que acontecem a diferentes níveis: desde a dinâmica das populações de plantas, passando pelas interações entre plantas e outros organismos, até definir como são estruturadas as comunidades vegetais. Sendo assim, fui descobrindo que as sementes são o sujeito ideal para responder muitas das preguntas que tenho sobre a ecologia vegetal.

No que você está trabalhando agora?

Agora mesmo, estou no segundo ano do meu mestrado em Biologia Vegetal na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) sob a orientação do Professor Fernando A. O. Silveira. Para meu trabalho, estou analisando as relações que existem entre diferentes traços funcionais da germinação em espécies que habitam em afloramentos rochosos do Brasil; como campo rupestre, canga, inselberg e outras formações similares. Meu objetivo com isso é definir quais podem ser as características que definem as diferentes estratégias de germinação nestes ecossistemas e assim compreender melhor as suas dinâmicas de regeneração.

O que você gostaria que todos soubessem?

Eu gostaria que todas as pessoas entendessem que a saúde mental é um tema muito sério! Penso que é muito importante que a gente tenha clareza que as doenças mentais são reais e que a depressão, ansiedade ou qualquer outro transtorno psicológico não se curam simplesmente com “decidir ser feliz” ou “tomar um chazinho”. Agora mais do que nunca, devemos tomar medidas para cuidar do seu bem-estar emocional do mesmo jeito que cuidamos da nossa saúde física.

Como seria um dia perfeito para você?

Para mim, um dia perfeito é aquele onde posso perder a noção do tempo fazendo qualquer atividade –idealmente ler, pintar ou jogar videogames– e não ficar preocupado pelos pendentes e os compromissos (e se o dia é um pouco frio, ainda melhor!)