Caio De Marco

Caio De Marco

(Instagram: @caiodemarcobio | Lattes)


Pode nos contar um pouco de como você entrou na vida acadêmica?

Durante todo o ensino médio nunca tive dúvidas em qual área seguir, desde sempre quis cursar biologia. No último ano do colégio, me preparei para o ENEM pois queria muito entrar em uma universidade pública federal, principalmente UFF ou UFRJ, universidades que sempre tive admiração mesmo sem conhece-las pessoalmente. Estudei o ano inteiro para a prova, fiz inúmeras redações para tirar uma boa nota. No fim, acabei indo mal no ENEM e não consegui entrar nas universidades que almejava. Estava decidido a tentar mais uma vez o vestibular, porém conversando com meus pais, comecei a pesquisar faculdades de biologia particulares aqui no estado do Rio de Janeiro, encontrei a FAMATH em Niterói, me identifiquei com a grade curricular e o orçamento cabia no nosso bolso. Assim decidi dar uma chance ao ensino particular, mesmo achando que estaria perdendo muita coisa não estudando em uma universidade federal, e ingressei no curso de biologia. Nessa história descobri que não importa a faculdade que cursamos, o nota no MEC que o curso têm, a infraestrutura precária ou desenvolvida dos campus, etc, porque o aluno que faz a faculdade, e não a faculdade que faz o aluno.

Como surgiu o interesse por ictiologia?

Desde os 5 anos de idade sou fissurado por peixe e pescaria. Sempre morei próximo a praia e a lagoa, muitas vezes, acordava cedo as 4:00 da manhã para ir pescar só para ver qual espécie de peixe ia aparecer na linha. Desde então, sempre quis fazer biologia, estudar os peixes e o ecossistema marinho. Durante o ensino médio eu já fazia cursos sobre zoologia de peixes, ecologia marinha etc. Quando entrei na faculdade, fui me aprofundando cada vez mais na área, e descobrindo linhas de pesquisa sobre esses temas, foi quando conheci o Laboratório de Ecologia de Peixes da UFRJ e Laboratório de Ecologia Pesqueira da UFF, laboratórios os quais realizei estágio, participei de grandes projetos, trabalhei na Floresta Amazônica, conheci grandes pesquisadores, fiz amigos, desenvolvi trabalhos de Iniciação científica e meu TCC, ganhei bolsas de IC e aprendi muito, mais muito mesmo!

No que você está trabalhando agora?

Atualmente, continuo auxiliando nos projetos do laboratório ECOPESCA-UFF como pesquisador colaborador e estou ingressando no mestrado do Programa de Pós-Graduação em Ecologia-UFRJ através do laboratório de Ecologia de peixes. Meu projeto de mestrado tem como objetivo fazer uma avaliação, ao longo de 14 anos, na diversidade taxonômica e funcional na comunidade de peixes de um reservatório amazônico que sofre com deposição de rejeito de minério de ferro. Além disso, participo constantemente dos campos do laboratório para coleta de peixes nos projetos de monitoramento de ictiofauna que o laboratório é responsável. Na UFF, no Ecopesca, atuo nas atividades de biometria, identificação e processamento biológico das espécies alvo do projeto Sistemas Lagunares do Leste Fluminense, além de ser responsável pelo monitoramento pesqueiro artesanal do Sistema lagunar de Maricá-Guarapina.

O que você gostaria que todos soubessem?

Eu gostaria que todos soubessem o verdadeiro papel do biólogo na sociedade e sua importância. Muitas vezes as pessoas acham que nossa profissão se resume a abraçar animais e proteger a natureza, porém é na verdade uma gama de estudos, uma infinidade de análises e teorias que buscam o melhor para própria sociedade e para vida nos ecossistemas da Terra. É preciso entender que proteger ou conservar determinado habitat ou espécie envolve estudos de diversas de áreas multidisciplinares dentro da biologia, que em certos casos, pode-se concluir que o melhor a se fazer é justamente não conservar tal espécie (por exemplo espécies invasoras). Então, nem sempre preservar ou conservar é a melhor opção, e quem faz essa distinção são justamente biólogos.

Como seria um dia perfeito para você?

Acordar muito cedo umas 4:30 da manhã para sair pra pescar de barco em algum lugar muito bonito e com varias praias, como em Angra dos Reis, Arraial do Cabo, Cabo Frio. Ver o Sol nascer dentro do barco e passar o dia todo passeando de barco, pescando e parando nas praias para mergulhar e almoçar. No fim do dia, dar uma boa descansada e ir dormir pensando em todos os excelentes momentos vividos durante o dia. Isso tudo acompanhado de familiares e grandes amigos, e claro, de muitas espécies de peixes!!!!!!